Petróleo chega a cotação negativa pela primeira vez na história

O preço do petróleo nos Estados Unidos chegou ao nível negativo nesta segunda-feira (20). A cotação do West Texas Intermediate (WTI),o petróleo bruto de referência para o mercado norte-americano, caiu para o menor nível da história

A cotação do petróleo nos contratos futuros com vencimento em maio chegou a despencar mais de 30% na noite deste domingo, continuou perdendo mais de 90% ao longo do dia, chegando abaixo de US$ 2 por barril, e as 15h30 horário de Brasília alcançou um preço negativo de -US$ 1,59 a unidade com uma queda de 108,70%.

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A recessão global causada pela pandemia de coronavírus (covid-19) e o consequente colapso da demanda de energia, junto com a “guerra petrolífera” entre os países produtores e a saturação de reservas estratégicas, agora próximas aos seus limites fisiológicos, provocaram uma tempestade perfeita na curva dos preços.

O preço negativo do barril de petróleo significa que os produtores estão pagando para que a commodity permaneça estocada, considerando a falta de espaço nos depósitos.

As perdas para os contratos futuros para junho foram mais contidas do que para maio. Os contratos do WTI para junho caíram 10,95%, cotados a US$ 22,29 por barril. A diferença está no fato de que o contato futuro para maio vence amanhã, e por isso não reflete mais o valor esperado do petróleo bruto mas representa mais a cotação atual, fortemente influenciada pelo coronavírus.

Quem assinou o contrato futuro de petróleo têm de encontrar compradores físicos até amanhã, e por isso está jogando o preço para baixo.

Por outro lado, o petróleo de referência na Europa, o Brent, limitou a queda para 7,19%, a US$ 26,06 o barril.

Queda na demanda de petróleo abala preços

A cotação negativa do petróleo foi provocada pela queda de 30% da demanda por causa da pandemia de coronavírus. O excesso de petróleo no mercado norte-americano lotou as reservas do governo. Na semana passada a Administração de Informações sobre Energia dos EUA informou que os estoques de petróleo mantidos pelo Executivo subiram 19,25 milhões de barris.

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A tentativa da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de reduzir a oferta do produto a nível mundial não foi suficiente, pois a demanda caiu ainda mais rapidamente.

A própria Petrobras (PETR3; PETR4) tinha anunciado na última semana um corte de 200 mil barris de petróleo por dia.

Mas segundo a Agencia Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a demanda de petróleo em abril deveria recuar 29 milhões de barris, e no ano cair de -9-10%.

Saiba mais: Demanda mundial de petróleo vai cair 30% em abril, diz AIE

Mas a “guerra petrolífera” entre a Arábia Saudita, que lidera o grupo dos países da Opep, e a Rússia, outro grande produtor que não faz parte do cartel, acabou piorando a situação.

Os dois países chegaram em um acordo para cortar a produção mundial de cerca de 10 milhões de barris por dia. Entretanto, esse corte deverá ser dividido ao longo do ano, e muitos analistas estão duvidosos sobre sua efetiva realização.

Saiba mais: Petróleo: corte deverá ser de 15 a 20 milhões de barris em maio e junho

O mercado petrolífero está em uma situação muito ampla de contango (aquela em que o preço à vista é menor que os preços futuros). Ou seja, os traders devem comprar petróleo à vista e armazená-lo e depois revendê-lo no vencimento, aproveitando a tendência particularmente acentuada da curva.

Carlo Cauti

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