Coronavírus: FMI prevê ‘década perdida’ para América Latina
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a América Latina e Caribe poderão não registrar “nenhum crescimento” na década de 2015 a 2025. A declaração foi dada por Alejandro Werner, chefe do departamento do Hemisfério Ocidental da entidade, na última quinta-feira (16).
Segundo ele, junto ao coronavírus, outros problemas farão com que a região tenha uma década perdida. Werner afirmou que o FMI está se apressando para analisar 16 pedidos de auxílio emergencial, sobretudo países que foram impactados pela paralisação do turismo.
O diretor, no entanto, salientou que outros países da região também entraram em contato buscando acordos de financiamento e ajuda. No World Economic Outlook de 2020, ocorrido nesta semana, o FMI previu que a atividade econômica da América Latina poderá ser contraída em 5,2% neste ano, caso o surto do coronavírus continue avançando.
Para o Brasil, uma das maiores economias da região, o fundo estima que o Produto Interno Bruto (PIB) poderá cair 5,3% em 2020, e crescer 2,9% em 2021. Quanto ao México, outro país de destaque da América Latina, a economia deverá cair 6,6% neste ano, e apresentar um avanço de 3% no ano que vem.
Em uma videoconferência realizada junto à imprensa, Werner afirmou que os países da região latina estão enfrentando a pior recessão econômica desde que as estatísticas de contas nacionais passaram a ser realizadas, na década de 1950.
Segundo ele, dada a drástica queda neste ano e um forte impacto das políticas voltadas à contenção do Covid-19, uma recuperação é esperada em 2021, desde que a pandemia esteja sob controle.
Entretanto, isso não será suficiente para compensar a retração que está por vir, agravada por complicações dos últimos anos. “Não é apenas esse choque, é o choque negativo cumulativo que a região terá passado na década que vai de 2015 a 2025”, afirmou o diretor. “Em média, nossa expectativa é que seja altamente provável que, na década de 2015 a 2025, não haja crescimento”.
Werner afirmou que a entidade está atenta à possibilidade de que o coronavírus provoque uma agitação popular na região, como no último ano foi visto no Chile, por exemplo. Segundo ele, os países latino-americanos devem estar atentos às falhas sociais na estruturação de suas respostas à pandemia.