O impacto econômico do coronavírus na economia da Páscoa

Quando o novo coronavírus (Covid-19) chegou ao Brasil, se questionou a sua força de disseminação em um país tropical. Isso pois o vírus, segundo alguns médicos, não conseguiria se espalhar tão rapidamente por causa do clima quente e úmido de muitas regiões brasileiras.

No entanto, poucos dias depois, muitos governos estaduais decretaram a quarentena por causa do coronavírus. Foi permitido o funcionamento apenas de serviços essenciais, como os serviços médicos, assistência social à população vulnerável, serviço de segurança pública e comercialização de alimentos, seja em supermercados ou por meio de restaurantes via delivery.

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Esse isolamento social imposto pelas autoridades públicas gerou uma forte contração dos consumos. E isso terá um impacto negativo na economia. Muito brasileiros perderão seus empregos. Segundo uma estimativa do banco Santander (SANB3; SANB4) divulgada na última semana, no pico da crise causada pela doença o número de desempregados poderá aumentar em 2,5 milhões.

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Muitas demissões já inciaram a ocorrer, especialmente no setor do varejo e dos transportes, entre os mais afetados pela crise. E quem ainda não perdeu o emprego, mas considera essa hipótese provável, está reduzindo os gastos e poupando tudo que puder, em perspectiva de tempos difíceis pela frente.

Dessa forma, com o possível menor poder de compra da população, o que será do comércio, especialmente do setor alimentício? A Páscoa, importante marco anual de muitos varejistas, será impactada?

Supermercados em meio ao coronavírus

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), foi observado um intenso movimento nos supermercados de todo o Brasil, sobretudo no início da crise do coronavírus, entre os dias 14 a 21 de março. Alguns pontos específicos, não citados pela associação, receberam até 90% a mais de clientes durante esses primeiros dias de quarentena.

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De acordo com um relatório realizado pelo Guiabolso, aplicativo especializado em controle de finanças pessoais, o gasto médio em supermercados subiu 37,7% entre a semana iniciada em 09 de março (quando a pandemia estava começando a se espalhar) e 16 de março (primeira semana de quarentena), um recorte temporal distinto do utilizado pela ABRAS.

Na semana seguinte, do dia 16 de março a 22 de março, o gasto médio por pessoa foi de R$ 330 para 60,34% dos entrevistados. Um considerável movimento em comparação com as semanas anteriores. O relatório do Guiabolso utilizou como critério as respostas de 254.652 pessoas espalhadas por todo o Brasil, analisando o gasto médio por pessoa e o percentual de pessoal com aquele tipo de gasto.

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Entretanto, segundo a ABRAS, em resposta à solicitação do SUNO Notícias, desde as primeiras semanas da circulação do vírus no País o movimento no setor supermercadista tem se normalizado. A associação afirma que espera o crescimento no número de clientes nos próximos dias.

Isso aconteceria em razão do pagamento de salários que, geralmente, acontece até o dia 10 de cada mês, e também pela liberação do crédito do governo federal, que ficou conhecido como “coronavoucher, ou seja, abrangeria o período de Páscoa.

A ABRAS salienta que os supermercados representam o principal canal de abastecimento da população, principalmente nesse momento em que as pessoas estão priorizando a alimentação dentro de suas casas. No entanto, ainda não possuem dados sobre um possível impacto nas vendas. O Índice Nacional de Vendas referente a março será divulgado no final deste mês.

Chocolates

Diante da incerteza do impacto do coronavírus na Páscoa, companhias têm tomado medidas para não paralisarem totalmente suas operações e, consequentemente, suas receitas na época mais importante do ano.

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As empresas e confeitarias apostam na entrega dos chocolates e ovos de Páscoa diretamente na casa dos clientes, sendo que a operação se estenderá até o próximo domingo (12). Os pedidos podem ser feitos pelo telefone ou pela internet.

Em resposta ao SUNO Notícias, a Cacau Show, uma das maiores empresas do setor de chocolates do Brasil, informou “está tomando todas as providências em relação ao Covid-19 para não comprometer a saúde de nossos colaboradores em todos os níveis de escala: produtiva, logística, administrativa e lojas”.

Já que o produto comercializado é perecível, devido ao estabelecimento de quarentena em diversas cidades do Brasil a empresa determinou o fechamento de todas as suas unidades e a paralisação da indústria no dia 23 de março. Apenas recentemente que as atenções foram voltadas à Páscoa.

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Entretanto, segundo o jornal “Estado de Minas”, a demanda pro chocolates neste final de semana deverá ser de 20% a 30% menor. Isso é consequência de uma alta de 2% nos preços do chocolate em comparação com o mesmo período do ano passado, elevando o custo final, uma vez que os ovos de Páscoa, por exemplo, não tiveram seus preços tabelados.

Dessa forma, com a possibilidade da perda do poder de compra de parte da população, centros comerciais – como os shopping centers – permanecendo fechados, e uma desaceleração geral na economia causada pelo coronavírus, o que representa uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) do País, toda a indústria de serviços e comércio será impactada. Todavia, a contaminação dos resultados das empresas que dependem da Páscoa ainda é incerta.

Jader Lazarini

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