B3 (B3SA3): sólida posição financeira, mas pressão nas receitas
A B3 (B3SA3) reportou um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão no quarto trimestre de 2024, uma queda de 2% em relação ao trimestre anterior, mas um crescimento de 28% na comparação anual. O resultado ficou 3% abaixo das estimativas do Goldman Sachs e em linha com o consenso de mercado da Bloomberg.
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Entretanto, em uma base pré-impostos, os resultados da B3 vieram 11% abaixo das projeções do Goldman Sachs e 8% abaixo do consenso.
Em relatório, os analistas destacam a sólida posição financeira da companhia, mas citam uma pressão nas receitas e nos custos.
A receita líquida da B3 caiu 2% no trimestre, embora tenha crescido 6% na base anual. O recuo trimestral foi impulsionado pela redução de 6% na receita do segmento listado, atribuída a cinco dias úteis a menos no período.
Apesar do aumento de 10% no volume médio diário negociado (ADTV), que atingiu R$ 25,6 bilhões, a receita com a negociação de ações caiu 8% no trimestre.
O volume de negócios em renda fixa e derivativos (FICC) caiu 4% no trimestre, embora tenha registrado um aumento de 16% na base anual. O desempenho mais fraco foi atribuído à queda no volume de negociações de juros, que superou o impacto positivo das maiores taxas cobradas.
Por outro lado, a receita do segmento de OTC subiu 1% no trimestre (+9% na base anual), enquanto a receita com serviços de dados cresceu 5% no trimestre (+10% na base anual), impulsionada pelo aumento no número de clientes do segmento.
As despesas operacionais (excluindo depreciação) cresceram 6% no trimestre, mas ficaram ligeiramente abaixo do nível registrado no mesmo período do ano anterior (-1% a/a).
O aumento foi puxado por maiores gastos com pessoal (+9% t/t), devido a reajustes salariais, e com tecnologia da informação (+8% t/t), impactados por custos mais altos com infraestrutura em nuvem.
Apesar da alta nas despesas, o total ajustado de R$ 2,19 bilhões em 2024 ficou dentro do intervalo inferior do guidance empresa (R$ 2,14-2,32 bilhões).
Como resultado, a margem EBITDA caiu de 70,0% no terceiro trimestre para 67,2% no quarto trimestre, mas ainda apresentou melhora em relação ao mesmo período do ano anterior (65,1%).
A B3SA3 encerrou o trimestre com um endividamento bruto equivalente a 2,0 vezes o EBITDA recorrente dos últimos 12 meses, abaixo do guidance de 2,3x. Além disso, a empresa se beneficiou de uma menor alíquota efetiva de imposto (20,8%, contra 28,3% no 3T24), o que ajudou a mitigar parte do impacto da pressão sobre as receitas e custos.
O Goldman Sachs manteve sua recomendação de compra para as ações da B3, com um preço-alvo de R$ 12 para os próximos 12 meses.
Por volta das 11h desta sexta-feira (21), a B3 operava em queda de 1,51% no Ibovespa, com as ações B3SA3 cotadas a R$ 11,12.