Banco do Brasil (BBAS3) cai após balanço; veja motivos
Após divulgar o seu balanço do quarto trimestre de 2024, consolidando um lucro recorde no ano passado, o Banco do Brasil (BBAS3) opera em forte queda no Ibovespa. A seguir, confira análises sobre os números e entenda os motivos para a queda.
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Por volta das 11h45 desta quinta-feira (20), as ações do Banco do Brasil operavam em queda de 2,84%, cotadas a R$ 28,04.
O balanço do Banco do Brasil surpreendeu positivamente o mercado, com as expectativas de lucro líquido e expansão da margem financeira sendo superadas. Contudo, o o guidance para 2025 gerou opiniões divergentes entre as principais casas de análise.
Enquanto o Goldman Sachs manteve uma postura mais neutra sobre o papel, por exemplo, o BTG Pactual reiterou sua recomendação de compra, destacando o momento positivo do banco.
Detalhes do balanço
No último trimestre de 2024, o BBAS3 reportou um lucro líquido ajustado de R$ 9,6 bilhões, representando um crescimento de 0,7% em relação ao trimestre anterior e 1,5% na base anual. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) atingiu 19,1%, consolidando a instituição como um dos bancos incumbentes mais rentáveis do Brasil.
O lucro antes dos impostos cresceu 16% no trimestre, impulsionado por menores provisões para perdas com crédito e um bom desempenho na tesouraria. A carteira de crédito também se expandiu, com destaque para os segmentos corporativo (+8,5% trimestre contra trimestre) e agronegócio (+3% t/t).
Guidance gera leituras distintas
Para 2025, o BB projeta um lucro líquido entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões, o que representa um crescimento moderado de 3% em relação a 2024. O guidance foi considerado alinhado ao consenso de mercado, mas ficou 3% abaixo das projeções do BTG Pactual.
A instituição também anunciou uma política de dividendos flexível, com um payout entre 40% e 45% do lucro, abaixo do patamar de 45% registrado em 2024. Esse ponto gerou preocupação entre alguns investidores, dado que o BB vinha sendo uma opção atrativa para quem busca dividendos elevados.
Goldman Sachs: postura neutra, com atenção às provisões
O Goldman Sachs manteve sua recomendação neutra para as ações BBAS3, com um preço-alvo de R$ 25 para os próximos 12 meses. A casa destacou que, apesar dos bons números do trimestre, a qualidade do resultado foi impactada por provisões abaixo da formação de inadimplência pelo segundo trimestre consecutivo. O NPL (créditos vencidos acima de 90 dias) permaneceu estável em 3,3%, mas com piora no agronegócio.
Outro ponto de atenção foi a queda do índice de cobertura (provisão sobre inadimplência), que passou de 197% no quarto trimestre de 2023 para 171% em 2024. O Goldman acredita que a necessidade de maiores provisões pode limitar o crescimento dos lucros no próximo ano.
BTG Pactual: recomendação de compra e expectativa de recuperação
O BTG Pactual, por outro lado, reiterou sua recomendação de compra para a ação BBAS3, mesmo reconhecendo que o guidance para 2025 veio um pouco abaixo de suas estimativas. A casa destacou que o BB teve um quarto trimestre melhor do que o esperado, especialmente considerando os temores sobre a inadimplência do agronegócio.
A instituição acredita que, apesar da pressão de curto prazo, a ação segue atrativa, principalmente pelo alto dividend yield de 9,5%, mesmo com um payout reduzido.
O BTG também pondera que a implantação da Resolução 4.966 impactou o patrimônio do Banco do Brasil em 5% devido ao aumento das provisões, mas que esse efeito será diluído ao longo dos próximos quatro anos.