Ibovespa vai continuar subindo em 2025? Entenda quais são os riscos e onde investir
O Ibovespa começou 2025 dando sinais de recuperação, após um ano bastante conturbado em 2024. O principal índice acionário da bolsa brasileira encerrou o último ano com queda de 10,36%, registrando o pior desempenho desde 2021, quando caiu 11,93%.
No entanto, o cenário parece diferente neste início de ano. Mesmo após registrar o pior pregão de 2025 na última quarta-feira (12), com queda de 1,69%, o Ibovespa acumula uma variação positiva superior a 3,5%.
Como já mostramos aqui no Suno Notícias, o otimismo em relação à bolsa brasileira também foi captado em uma pesquisa recente realizada pela XP com assessores e escritórios autônomos. O levantamento, que contou com 161 respostas, apontou para uma redução do pessimismo em relação às ações, indicando que os investidores estão mais dispostos a assumir riscos.
Por que o Ibovespa está subindo?
A recuperação do índice pode ser explicada por uma combinação de fatores, tanto no cenário doméstico quanto no internacional. Um dos principais motivos foi a forte desvalorização observada em dezembro de 2024, quando grandes resgates de fundos pressionaram para baixo as ações de diversas empresas.
De acordo com Rodrigo Rocha, economista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), o movimento de recuperação está relacionado principalmente à correção dos exageros vistos no final do ano passado. Além disso, a ausência de notícias muito negativas sobre o cenário fiscal brasileiro também contribuiu para a melhora do humor dos investidores.
“Essa recuperação pode ser atribuída a vários fatores, merecendo destaque questões relacionadas à forte desvalorização vista em dezembro de 2024, decorrente de grandes resgates de fundos, que pressionaram para baixo ações de empresas de alta qualidade, provocando uma reação exagerada, que foi corrigida no início de 2025”, destaca Rocha.
Já no cenário internacional, apesar das incertezas iniciais provocadas pela troca de governo nos Estados Unidos, o mercado tem demonstrado mais confiança. “Apesar do início relativamente conturbado do governo de Donald Trump, o mercado está acreditando que será possível negociar e flexibilizar muitas medidas econômicas dos EUA”, explica.
O Ibovespa vai continuar subindo?
O cenário para o mercado acionário em 2025 ainda é bastante desafiador. A inflação segue pressionada, levando o Banco Central a manter o ciclo de alta da taxa básica de juros. A última edição do Boletim Focus, divulgada nesta segunda-feira (10), mostra que a projeção para o IPCA deste ano está em 5,58%, enquanto a Selic deve atingir 15% até dezembro.
“Em 2025, o mercado financeiro brasileiro está enfrentando um cenário complexo, com inflação crescente, tendo como resposta do Banco Central aumentar a taxa Selic“, analisa Rocha.
Historicamente, um ambiente de juros elevados costuma pressionar o mercado de ações. Isso acontece porque as empresas enfrentam custos mais altos para se financiar, o que pode impactar negativamente seus resultados.
No entanto, existem fatores que podem sustentar a recuperação da bolsa. “Apesar desse momento desafiador, dois pontos merecem destaque como possíveis fatores que explicariam visões apontando a sustentabilidade da retomada do crescimento da bolsa. O primeiro fator seria que a inflação já estaria se aproximando do seu pico, possibilitando que ao longo do ano a taxa Selic estabilize e, até mesmo caia”, ressalta o economista.
Além disso, segundo o economista, outro fator de atenção é a análise de que diversos ativos brasileiros estão subvalorizados em relação a outros papéis semelhantes listados em outros países.
Onde investir neste momento?
Em meio a um cenário ainda incerto, com juros elevados e inflação pressionada, alguns setores da economia tendem a se beneficiar mais do que outros. De acordo com Rocha, é importante entender que sempre existem segmentos apresentando bons resultados, mesmo em momentos adversos.
“Os segmentos que conseguem ter resultado positivos, mesmo com cenários atribulados, são considerados resilientes. Os exemplos mais comuns são: elétrico; saneamento; e, bancos, pois tendem a performar bem devido à sua capacidade de gerar fluxo de caixa e proteção contra a inflação”, explica o economista.
Outros setores, como óleo e gás, papel e celulose e siderurgia e mineração também apresentam oportunidades interessantes. Por serem menos dependentes da economia doméstica, essas empresas podem se beneficiar de um cenário internacional favorável.
“Por outro lado, setores como varejo, construção civil e tecnologia podem enfrentar mais dificuldades, pois dependem de crédito mais barato e são mais sensíveis ao aumento dos custos de capital”, alerta o professor da Unit.
É importante ressaltar que, independentemente do setor, o desempenho de cada empresa listada no Ibovespa depende de fatores específicos. Por isso, uma análise mais profunda é fundamental antes de investir.
