Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): quais benefícios a fusão trará?
A Azul (AZUL4) e o Abra Group, controlador da Gol (GOLL4), anunciaram a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) não vinculativo, marcando o início formal das discussões para uma possível fusão entre as duas companhias aéreas. O movimento ocorre após meses de declarações públicas destacando o interesse mútuo em explorar oportunidades de consolidação no setor de aviação no Brasil.
Segundo o MoU, as empresas se comprometem a avançar na estruturação do acordo, abordando questões como governança e condições operacionais. No modelo proposto, Azul e Gol manteriam operações separadas, mas sob uma única entidade listada.
A conclusão do acordo depende de fatores críticos, incluindo o sucesso do processo de reestruturação da Gol, esperado para abril, além de aprovações regulatórias e corporativas, com destaque para questões antitruste.
O BTG Pactual avalia que os desafios recentes do setor, como o aumento do endividamento e pressões cambiais, foram determinantes para acelerar o interesse na fusão. O mercado, segundo a casa, deve reagir positivamente ao anúncio, embora ainda haja questões a serem esclarecidas.
Criação de uma nova líder no mercado aéreo brasileiro
A fusão Azul e Gol busca consolidar as operações das duas empresas, criando uma plataforma robusta com forte presença doméstica e internacional.
A combinação das redes de Gol e Azul permitirá a otimização de rotas e frotas, além de abrir espaço para expansão internacional, diz o BTG. A AZUL4, com sua flexível frota regional, e Gol, com sua forte presença no mercado doméstico, pretendem alavancar sinergias operacionais e oferecer mais opções aos consumidores, segundo o relatório.
Entre os principais benefícios esperados, o BTG Pactual cita:
- Otimização de frota e expansão de rede: A nova empresa, apelidada de “NewCo”, teria cerca de 200 destinos e poderia otimizar rotas estratégicas, como Rio-São Paulo, relocando aeronaves para voos de maior demanda.
- Benefício fiscal de ICMS: A ampla rede de destinos, que soma 160 cidades da Azul e 55 da GOLL4, ampliará a captura de créditos fiscais sobre combustíveis, gerando economia tributária.
- Novas rotas internacionais: O plano inclui a abertura de rotas para os EUA e Europa, especialmente a partir do Centro-Oeste e Nordeste.
A casa estima que a receita combinada das duas empresas alcance US$ 8 bilhões. Com base em benchmarks de outras fusões do setor, as sinergias podem variar entre 3% e 7% da receita conjunta, com uma média de 6,3%, equivalente a aproximadamente US$ 500 milhões, diz o relatório.
A expectativa é que 65% dessas sinergias sejam capturadas no primeiro ano após a fusão, alcançando 75% dois anos depois.
Quanto às questões antitruste, a gestão de ambas as empresas demonstrou otimismo. A decisão de manter marcas independentes é vista como um ponto positivo para evitar reações negativas de consumidores e reguladores. O BTG destaca que, em mercados da América do Sul, há precedentes de maior concentração no setor, o que pode facilitar a aprovação do negócio no Brasil.
Se concluída, diz o relatório, a fusão entre Azul e Gol poderá redefinir o panorama do mercado aéreo brasileiro, criando uma nova gigante no setor, capaz de competir com maior eficiência em nível nacional e internacional.