Bolsas mundiais: Ásia fecha em baixa e Europa cai forte
Entre as bolsas mundiais hoje (20), as da Ásia fecharam majoritariamente em queda, em um ambiente global de cautela, diante dos sinais de que o Federal Reserve (Fed) deve adotar postura mais conservadora no ano que vem e do crescente risco de paralisação do governo americano.
Os negócios na região ecoaram a deterioração do clima em Wall Street na etapa final do pregão de ontem. Durante a madrugada, os futuros de Nova York pioraram depois que a Câmara dos Representantes dos EUA rejeitou um plano que evitaria a suspensão das atividades governamentais, horas antes do prazo final.
Neste cenário, o índice Nikkei encerrou a sessão em baixa de 0,29% em Tóquio, a 38.701,90 pontos, na mínima do dia. Os papéis de bancos foram penalizados pelo recuo dos rendimentos dos títulos públicos japoneses, com sinalização do Banco do Japão (BoJ) por um aperto monetário gradual. Sumitomo Mitsui Financial Group caiu 2,48% e Resona Holdings recuou 5,02%.
Em Taiwan, o índice Taiex registrou desvalorização de 1,84%, a 22.510,25 pontos. Já o sul-coreano Kospi perdeu 1,30%, a 2.404,15 pontos em Seul, prejudicado pelo contínuo tombo do won, que caiu ao menor nível desde 2009 ante o dólar nesta semana.
Na China, o Xangai Composto caiu 0,06%, a 3.368,07 pontos, mas o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,44%, a 2.041,89 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng declinou 0,16%, a 19.720,70 pontos.
Na Oceania, o índice S&P/ASX 200, de Sydney, caiu 1,24%, a 8.067,00 pontos.
Europa cai forte
As bolsas da Europa estendem as fortes perdas da véspera nesta manhã, após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar impor tarifas à União Europeia. O alerta amplificou os efeitos da deterioração do sentimento de risco global, depois que a Câmara dos EUA rejeitou plano que evitaria paralisação do governo americano.
Por volta das 06h30 (de Brasília), o índice Stoxx 600 caía 1,08%, a 501,20 pontos.
Durante a madrugada, Trump disse ter exortado a União Europeia (UE) a aumentar as compras de petróleo e gás americanos. “Caso contrário, são tarifas até o fim”, avisou em publicação na rede Truth Social.
Em uma postagem separada, o republicano reiterou as exigências para a proposta de financiamento dos EUA, horas após a Câmara derrubar um projeto apoiado pelo presidente eleito. O prazo final para a aprovação do plano termina hoje à noite, o que amplia o risco de uma paralisação do governo.
Na visão da High Frequency Economics (HFE), a combinação de riscos fiscais com guerra comercial abre perspectivas de um horizonte de dificuldades à frente. “Ano que vem será uma época de muitos desafios para a economia global”, resume a consultoria.
Para agravar o quadro, o Federal Reserve (Fed) sinalizou intenção de desacelerar o ritmo de cortes de juros em 2025, em meio a sinais de resiliência da inflação. Nas próximas horas, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA deve fornecer mais pistas nesse sentido.
Mais cedo, investidores absorveram dados europeus. As vendas no varejo do Reino Unido subiram menos que o esperado em novembro, enquanto a inflação ao produtor (PPI) anual da Alemanha retornou ao terreno positivo pela primeira vez desde junho de 2023.
No horário citado acima, a Bolsa de Frankfurt caía 1,17%, sob o peso de Deutsche Bank (-3,40%), que afirmou esperar impacto contábil de 310 milhões de euros de uma disputa legal na Polônia, segundo a Reuters. Entre outras praças, Londres perdia 0,64%, Paris cedia 1,18%, Lisboa recuava 1,07% e Milão baixava 1,32%.
Com Estadão Conteúdo