Ibovespa: JP Morgan rebaixa Brasil e dá preferência ao México

Em novo relatório sobre a América Latina, o JP Morgan demonstrou pessimismo com o Ibovespa, rebaixando o Brasil de overweight (compra) para neutro. Por outro lado, a casa elevou o México de neutro para overweight.

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Os analistas citam a piora nos mercados latino-americanos em 2024, com Brasil e México registrando quedas de 22% e 28%, respectivamente. Diante desse cenário, apesar de avaliações positivas, a casa opta por priorizar o mercado mexicano, tendo como base três pontos principais:

1. Cenário global favorece o México

De acordo com o JP Morgan, o México se beneficia de um cenário externo mais robusto, com crescimento projetado nos EUA (2,8% em 2024 e 2,2% em 2025) sustentando as remessas de divisas e uma correlação elevada entre as produções industriais mexicana e americana.

Em contrapartida, o Ibov é prejudicado pela desaceleração econômica da China, que impacta negativamente os preços das commodities. Ainda assim, o impacto para o Brasil pode ser amortecido, já que o país vem aumentando sua participação como fornecedor de commodities para a China.

2. Políticas monetárias opostas

O México está flexibilizando sua política monetária, com cortes previstos de 125 pontos-base, reduzindo a taxa básica para 9% até maio de 2025. Já o Brasil segue em ciclo de alta de juros, com expectativa de aumento da taxa Selic para 13% até o mesmo período. Historicamente, as ações brasileiras apresentam desempenho negativo durante ciclos de aperto monetário, agravados por uma elevada rigidez fiscal no país.

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3. Confiança no México e estagnação no Brasil

A política econômica mexicana tem se mostrado consistente desde o início dos anos 2000, com destaque para o novo governo, que propõe reduzir o déficit fiscal de 6% para 3,9% do PIB em 2025. Apesar de algumas projeções otimistas, o JPMorgan considera que o governo mexicano pode alcançar suas metas se comprometido. No Brasil, o cenário é menos promissor, com dificuldades para estabilizar a dívida pública e falta de suporte político para ajustes fiscais significativos.

4. Avaliação de mercado

O México apresenta múltiplos mais atrativos, negociando a dois desvios-padrão abaixo da média, enquanto os lucros são considerados mais estáveis. O mercado brasileiro e o Ibovespa, embora atrativos, enfrenta baixa alocação de ativos locais em ações (8,5% do total), resgates de fundos de hedge e saída de investidores estrangeiros, que somaram mais de R$ 30 bilhões em 2024.

5. Posicionamento defensivo

No México, o JPMorgan mantém maior exposição ao setor de consumo básico e menor a serviços de comunicação. No Brasil, prefere utilities, como Eletrobras (ELET3) e Sabesp (SBSP3), e empresas financeiras, como Itaú (ITUB4), Porto (PSSA3), Stone (STOC31) e Nubank (ROXO34), além de companhias como RD (RADL3) e JBS (JBSS3). Apesar de uma exposição reduzida a commodities, mantém preferência pela Suzano (SUZB3).

Vale destacar que, recentemente, o Morgan Stanley já havia rebaixado Brasil, neste caso para underweight (venda). A casa vê o índice Bovespa em 146 mil pontos ao final do ano que vem.

O Morgan Stanley avalia que questões políticas têm prejudicado o potencial da América Latina, indicando que é necessário superar diversos obstáculos para que a região recupere uma narrativa de investimento convincente, apesar dos valuations atrativos do Ibovespa.

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Guilherme Serrano

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