Fundos de ações são beneficiados pela alta do Ibovespa; conheça esses ativos
As últimas semanas de agosto e o início do mês de setembro foram bastante favoráveis para o Ibovespa. O indicador atingiu o patamar de fechamento de 137 mil pontos pela primeira vez na história, após romper recordes por vários dias consecutivos. O cenário positivo para a bolsa refletiu também em algumas classes de ativos, como é o caso dos fundos de ações (FIAs).
Mais uma opção dentro da renda variável, os fundos de ações acompanharam o bom momento do Ibovespa no mês passado e apresentaram retornos positivos. De acordo com uma pesquisa da Quantum, divulgada pelo portal O Acionista, todas as categorias de FIAs analisadas encerraram o mês de agosto com altas acumuladas, impulsionados pelo avanço de 6,5% do principal índice acionário da bolsa brasileira no período.
O estudo considera os fundos em cinco diferentes categorias, sendo elas: Ações e dividendos; Ações Livres; Ações Small Caps; Ações Sustentabilidade/Governança e Ações Valor/Crescimento.
Por que os fundos de ações estão em alta?
Geridos por gestores profissionais, os fundos de ações são formados, em geral, por ativos de diferentes companhias e setores.
“Em vez de comprar uma ação específica que está sujeita aos riscos daquela devida empresa, a ideia do fundo de ações é fazer um combinado das melhores empresas para poder compor um portfólio e diversificar o risco específico de cada companhia em um fundo que pode ser de diferentes naturezas”, explica João Mamede, gestor de renda variável da AZ Quest.
Esses ativos podem ainda replicar a composição de indicadores acionários, incluindo o Bovespa e o índice Small Cap (SMLL), como é o caso do Small Mid Caps, fundo de ações da AZ Quest que acumula uma variação positiva de mais de 584% desde o surgimento, em 2009. Consequentemente, o bom momento da bolsa brasileira tende a ser positivo para essa classe de papéis.
Segundo Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator, é importante ressaltar, no entanto, que nem todos os FIAs se beneficiam igualmente da alta do Ibovespa. “Isso não se aplicou igualmente a todos os fundos. Alguns ficaram abaixo e outros acima do índice, devido à exposição a diferentes ações e setores escolhidos por cada gestor. Às vezes, as melhores performances exigem mais tempo para se concretizar”, destaca ela.
Os FIAs vão continuar performando bem?
Como qualquer ativo de renda variável, não é possível prever o desempenho dos fundos de ações nos próximos meses. Contudo, as perspectivas para o Ibovespa são positivas para os gestores, o que pode seguir refletindo nesses fundos.
De acordo com o gestor da AZ Quest, o mercado brasileiro ainda deve enfrentar um cenário de bastante volatilidade, especialmente por conta do cenário macroeconômico no Brasil e nos Estados Unidos. Contudo, Mamede destaca que uma posição mais rigorosa do Banco Central em relação à política monetária pode refletir positivamente na bolsa brasileira e nos fundos de ações.
“Estamos cautelosamente positivos e isso deve obviamente ter um reflexo para os fundos de ações […] Obviamente, uma melhora do cenário, com a bolsa subindo, é positivo para o mercado como um todo, mas nem todo mundo vai performa nesse cenário porque eventualmente estará menos otimista e não vai estar posicionado para capturar essa alta. Quem estiver posicionado, vai sim capturar”, explica ele.
Uma visão semelhante é compartilhada pela gestora de renda variável da Fator, que também possui uma perspectiva otimista em relação à bolsa brasileira e que reforça a importância de buscar ativos com resultados sólidos.
“Continuamos otimistas com o mercado de renda variável, identificando ativos com grande potencial de valorização e buscando empresas que demonstram resultados sólidos e crescimento sustentável. Estamos adaptando nossa estratégia ao novo cenário, que inclui avanços tecnológicos e fontes de energia inovadoras”, diz Lemos.
Como investir em fundos de ações?
Antes de investir em fundos de ações para aproveitar o bom momento, é importante entender as particularidades de cada FIA e avaliar se esses ativos estão alinhados com o perfil de cada investidor. De acordo com o gestor da AZ Quest, essa classe de ativos pode não ser a mais recomendada para os investidores que estão começando a se expor à renda variável.
“As pessoas que investem em fundos de ações tem um perfil de risco um pouco mais arrojado. Quem não quer ver a cota variar negativamente, não deveria investir em fundos de ações. Quem está começando a investir em renda fixa nesse momento, geralmente não são pessoas que têm o perfil para investir em fundos de ações”, explica ele.
Além disso, é importante que os investidores pesquisem sobre as gestoras responsáveis por cada FIA, avaliando o histórico dos gestores e dos profissionais envolvidos. Analisar as particularidades dos fundos também é fundamental, visto que cada papel possui uma composição e um nível de diversificação distinto.
Uma mesma gestora pode, por exemplo, contar com FIAs com características diferentes, como é o caso da Fator. A gestora é responsável pelo Fator Ações, que normalmente aloca cerca de 90% em ações com boas perspectivas de longo prazo, e também pelo Fator Momento, um fundo long biased que, apesar de ser um fundo de ações, pode utilizar estratégias de proteção, como a venda de ativos, para reduzir a exposição à renda variável em momentos específicos.
“Lembrando sempre da máxima: não há retorno acima da taxa livre de risco sem risco associado. Quando o mercado está em alta, muitos investidores podem não perceber que estão investindo em um fundo que não corresponde ao seu perfil. No entanto, quando o mercado piora, é comum perceber que a alocação está inadequada”, ressalta a gestora da Fator sobre os cuidados ao investir em fundos de ações.