Petróleo: um setor estratégico na carteira de qualquer investidor
Nesta coluna, vamos falar sobre as oportunidades que o setor de petróleo reserva para o investidor.
Um investidor de sucesso adota uma mentalidade contrária ao mercado, mantendo uma perspectiva racional e de longo prazo. Ele se apoia em informações sólidas sobre os fundamentos das empresas, buscando adquirir ativos subvalorizados.
Durante sua trajetória de acumulação de riqueza, o investidor inevitavelmente encontrará períodos de pessimismo exagerado. Esse sentimento é ainda mais evidente em setores cíclicos, como o de commodities, onde as emoções do mercado predominam e movimentos especulativos muitas vezes ditam a direção.
No entanto, essas flutuações criam inúmeras oportunidades para adquirir ações de qualidade a preços atrativos.
Um setor que acredito ser indispensável na carteira de qualquer investidor é o petroquímico. Altamente cíclico, com preços determinados por cotações internacionais, e que produz matérias-primas essenciais para praticamente tudo ao nosso redor.
Essas características permitem ao investidor de valor fazer aquisições mais precisas em momentos de baixa do ciclo, pois ele compreende que é improvável que um setor tão crucial para a economia global perca valor substancial devido a projeções de curto prazo.
O próprio Buffet, que detém ações da Occidental Petroleum no portfólio da Berkshire Hathaway, defende uma exposição ao setor, reconhecendo que a humanidade vai levar bastante tempo para substituir os produtos derivados de petróleo.
No contexto de uma carteira de ações brasileiras, investir no setor de petróleo oferece uma proteção contra a depreciação do Real. Entretanto, é fundamental que o investidor veja a volatilidade dos preços como uma oportunidade, e não como um risco.
O mercado brasileiro apresenta boas opções para investir nesse setor. Um exemplo notável é a PetroReconcavo (RECV3).
Poucos sabem, mas a PetroReconcavo é uma empresa com mais de 20 anos de história e com uma gestão exemplar. Fundada em 1999, logo após o fim do monopólio da Petrobras sobre a exploração e produção de petróleo no Brasil, a PetroReconcavo se beneficiou da Lei do Petróleo de 1997.
Essa legislação permitiu que a União contratasse empresas privadas para operar no setor petrolífero por meio de concessões, abrindo caminho para a concorrência. Além disso, foi criada a Agência Nacional do Petróleo (ANP), responsável por regulamentar e fiscalizar o setor.
A fundação da PetroReconcavo envolveu a multinacional PetroSantander, a prestadora de serviços Perbras, atuante no mercado de óleo e gás há mais de 50 anos, e o braço de private equity da gestora Opportunity.
A empresa iniciou suas atividades com a exploração de 12 campos maduros da Petrobras, no Polo Remanso, localizado na Bacia do Recôncavo, que inspirou o nome da companhia. Durante seus 23 anos de operação, a PetroReconcavo superou todas as expectativas de produção no Polo Remanso, consolidando-se como uma das empresas mais eficientes do setor.
Ao longo de sua trajetória, a PetroReconcavo especializou-se na produção de gás natural e petróleo por meio da revitalização de campos terrestres (onshore) maduros, adquiridos da Petrobras. A empresa estatal foca em seus campos jovens que ainda são bastante produtivos e não prioriza a atividade de revitalização de poços maduros.
A revitalização ocorre em três fases distintas. Na primeira fase, são realizadas correções de processos ineficientes e a modernização das atividades de extração. Na segunda fase, inicia-se a injeção de água nos poços para aumentar a pressão de saída de óleo e gás, resultando em maior produtividade. Esta fase é a mais produtiva e duradoura do ciclo de vida do poço.
Contudo, nesta etapa, a energia necessária para o transporte da água torna-se o principal componente do custo de extração (lifting cost), uma métrica crucial para manter a eficiência operacional. À medida que as reservas de óleo do poço diminuem, o consumo de água aumenta, elevando também o lifting cost.
Na terceira fase, compostos mais caros que a água são injetados, o que aumenta significativamente os custos de extração. A boa notícia é que a PetroReconcavo possui muitas reservas ainda na fase primária, o que oferece boas perspectivas de crescimento na produção.
A empresa expandiu significativamente suas operações, adquirindo poços maduros como parte dos planos de desinvestimento da Petrobras. Entre 2016 e 2022, esses desinvestimentos somaram mais de R$ 33,1 bilhões em ativos.
Um exemplo notável de eficiência na revitalização de campos maduros onshore foi a aquisição do Polo Riacho da Forquilha em 2019, na Bacia Potiguar.
Desde então, a PetroReconcavo aumentou de forma impressionante a produção diária do polo, passando de cerca de 3.800 para aproximadamente 5.700 barris equivalentes de óleo por dia (boed) em pouco mais de um ano.
Atualmente, a PetroReconcavo opera em três bacias principais: Recôncavo (BA), Potiguar (RN) e Sergipe (SE). A produção diária média da empresa atingiu 26,9 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), um salto significativo em comparação com a média de 11,1 mil boed em 2020. Esse crescimento é resultado de ganhos de escala nas regiões onde a empresa atua.
Nos últimos 12 meses, a companhia distribuiu mais de 9% em proventos, mesmo mantendo um ritmo acelerado de crescimento na produção. Com a redução dos desinvestimentos da Petrobras, a PetroReconcavo tem enfrentado uma diminuição na disponibilidade de novos poços para aquisição a curto prazo.
No entanto, essa situação pode favorecer a distribuição de dividendos ainda mais robustos a médio prazo, à medida que a produção de petróleo e gás natural da empresa continue a aumentar.