Ibovespa: O que explica o novo recorde da bolsa de valores?

Recentemente o Ibovespa vem renovando a sua máxima histórica, chegando a quebrar o recorde de cotação do fechamento nesta segunda (19), aos 135.777 pontos.

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No caso do pregão de segunda (19), a cotação do Ibovespa teve influência de uma alta de cerca de 2% dos papéis da Vale (VALE3), que acompanharam a cotação do minério, além de uma alta expressiva de 5% do Bradesco (BBDC4), que respondeu positivamente a um relatório de sell side do Goldman Sachs elevando a recomendação para as ações da companhia.

O rali recente – que contemplou oito altas consecutivas – teve uma influência relevante do setor de bancos e instituições financeiras, dado que a temporada de balanços mostrou resultados robustos.

Bancos que estavam bem posicionados e tinham expectativas altas se saíram bem, como o Itaú (ITUB4), que teve um lucro recorde de mais de R$ 10 bilhões, e bancos que tinham perspectivas piores, como o Bradesco, surpreenderam positivamente ao mostrar números melhores em termos de provisionamento e rentabilidade.

Nesse cenário, praticamente todos os papéis do setor tiveram altas expressivas, sendo que os bancos incumbentes tem um peso relevante na carteira do índice – então colaborando para o novo recorde do Ibovespa.

Ventos favoráveis para o Ibovespa incluem BC, Fed e menos preocupações sobre recessão nos EUA

Outro fator que explica a máxima do Ibovespa é o fluxo de capital estrangeiro.

Conforme dados recentes da B3 (B3SA3), a bolsa de valores brasileira, o investidor estrangeiro deixou de representar saídas líquidas em janelas mensais e agora o saldo passou a ser positivo.

Em julho houve uma entrada líquida de R$ 7,35 bilhões na bolsa de valores brasileira por parte do investidor estrangeiro. Em agosto, até o dia 15, o saldo fica positivo em R$ 4,06 bilhões.

“O fluxo de capital estrangeiro tem sido um impulsionador crucial, à medida que os investidores buscam retornos atrativos em um ambiente global de juros baixos. A resiliência das empresas listadas na B3, que têm mostrado resultados financeiros sólidos, também desempenhou um papel vital”, explica Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações.

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“Olhando para o futuro, é razoável esperar que o Ibovespa continue a mostrar força, especialmente se o Banco Central mantiver uma postura conservadora em relação à política monetária, como indicado pelo Boletim Focus. No entanto, os investidores devem se preparar para possíveis períodos de volatilidade, particularmente em resposta a eventos globais, como os discursos dos banqueiros centrais no simpósio de Jackson Hole”, completa.

Nesse contexto, vale lembrar que o arrefecimento dos temores de uma recessão econômica nos Estados Unidos também contribuiu positivamente – tanto para o recorde da bolsa de valores brasileira quanto para as altas registradas em Nova York nos últimos dias.

“A máxima do mercado é que ele tende a precificar o que ainda deve acontecer e as novas expectativas. Um dos grandes temores que presenciamos recentemente é o risco de recessão nos EUA; contudo, a nova dinâmica tem mostrado que não é algo tão preocupante, ou melhor, algo tão grave”, observa Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos

“No contexto local, a trégua do presidente em relação aos ataques diretos ao Banco Central torna o ambiente mais amistoso e mais suscetível a investimentos, mesmo que o Banco Central venha sinalizando que seguirá mantendo um posicionamento técnico e que fará o que for necessário para conduzir a dinâmica inflacionária de forma responsável”, conclui.

No mesmo sentido, Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, comenta que os dados do Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos Estados Unidos foram um sinal positivo, indicando uma desaceleração na inflação ao produtor.

“Esse cenário aumenta a pressão sobre o FED para um possível corte de juros em setembro. Para o Brasil, isso é positivo para a Bolsa de Valores pois com a sinalização de Galípolo de que o Banco Central pode aumentar os juros, e com a expectativa de corte de juros nos EUA, o Carry Trade se torna mais atrativo para os investidores, o que beneficia o mercado brasileiro; por isso que a gente vê um dólar desacelerando, vê uma Bolsa ganhando força”.

O especialista ainda aponta que o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, com o aumento esperado aqui e o corte esperado lá fora, está aumentando significativamente.

“Além disso, a redução na posição de Carry Trade em relação ao iene japonês também contribui para essa dinâmica. Em resumo, esse cenário sugere um dólar mais fraco e perspectivas mais positivas para o Ibovespa“.

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Eduardo Vargas

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