Após ‘tom duro’ da Ata do Copom, taxas de juros operam em alta
As taxas de juros negociadas no mercado futuro ganharam fôlego recentemente e registram alta em toda a extensão da curva, em uma recomposição de prêmios essencialmente relacionada ao tom mais “hawkish” (duro) da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Ata do Copom, divulgada mais cedo nesta terça (6).
A Ata do Copom confirmou que o Banco Central vê com cautela alguns fatores que podem levar à aceleração da inflação e que, unanimemente, não hesitará em elevar os juros, se for necessário.
Com isso, o mercado reforça apostas na elevação da taxa Selic, embora analistas acreditem que essa possibilidade seja improvável.
“O mais provável é que o BC mantenha a taxa Selic inalterada por mais tempo, o que elimina apostas na possibilidade de retomada dos cortes ainda este ano”, afirma Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Confiance Tec.
Às 11h40, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2025 tinha taxa de 10,660%, contra 10,587% do ajuste de ontem.
A taxa do vencimento de janeiro de 2026, mais negociado, estava em 11,445%, na máxima do dia, ante 11,229% do ajuste de ontem.
Copom não hesitará em elevar a taxa Selic caso seja necessário, diz ata
A ata do Copom afirma que o cenário atual é desafiador, marcado por projeções elevadas e com mais riscos para a alta da inflação. Com isso, o comitê avalia que o momento é de maior cautela e de acompanhamento dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras em relação à Selic.
Ainda assim o documento mostra que o colegiado, por unanimidade, “reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.
O comitê diz que há fatores que risco para a inflação nas duas direções, ainda que tenha enfatizado os pontos que pressionam para a alta.
De acordo com o documento, os riscos para o cenário inflacionário são:
- Desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
- Maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado;
- Conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, como uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada
Em relação aos riscos de baixa, o colegiado do Copom citou a desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e impactos mais fortes que os esperados do aperto monetário sobre a desinflação global.
Em relação ao cenário global, a ata destaca que o cenário se mantém adverso, diante das incertezas sobre os impactos da política monetária dos Estados Unidos para a condução da taxa Selic.
“O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional exigem ainda maior cautela na condução da política monetária. Em particular, os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância”, diz a ata.
Além disso, na Ata do Copom o colegiado novamente destacou que perseguir a reancoragem das expectativas de inflação é um elemento essencial para assegurar a convergência da inflação para a meta.
Com Estadão Conteúdo