Fundos de ações surfam valorização do Ibovespa e correm atrás do prejuízo no ano
Depois de meses em terreno negativo, os fundos de ações estão em recuperação. Superando as diferentes classes de investimentos, os fundos que investem em papéis da bolsa voltaram ao positivo.
No mês de julho, os fundos de small caps e fundos long only – que apenas compram ações de empresas – estão respectivamente no “topo” dos melhores desempenhos, segundo levantamento da Quantum, a pedido da XP.
Neste caso, o desempenho dos fundos reflete a alta do Ibovespa no mês de julho, atribuída a uma combinação de fatores positivos, segundo os especialistas João Mamede, gestor de equity da AZ Quest, e Isabel Lemos, da Fator Asset.
Mamede destaca que a melhora do cenário internacional, impulsionada por dados de inflação mais favoráveis nos Estados Unidos, geraram expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve, o que aumentou a disposição dos investidores em assumir riscos.
Ele também menciona o compromisso do governo brasileiro em cumprir o arcabouço fiscal, sinalizando possíveis contingenciamentos de despesas, o que aliviou temores de descumprimento.
De igual modo, Isabel Lemos enfatiza que essa mudança de postura do governo federal em busca de soluções para o ajuste fiscal, ajudou a restaurar a confiança do mercado. Isso explica a valorização das ações na bolsa e, consequentemente, a melhora dos fundos de ações.
Adicionalmente, a manutenção da taxa Selic em 10,5% trouxe maior credibilidade à política monetária. Lemos observa que a recuperação das ações deve ser apoiada por ações concretas do governo no ajuste fiscal e que setores como infraestrutura e consumo estão bem posicionados para aproveitar esse cenário mais benigno.
O cenário internacional deu um “empurrãozinho” no Ibovespa; e os fundos agradecem
A taxa de juros e a curva de juros nos Estados Unidos fecharam um pouco ao longo desse mês por conta dessas leituras mais positivas de inflação no país, aponta João Mamede. Os especialistas apontam que, como os dados da atividade econômica vieram mais fracos, pelo menos até a primeira metade do mês, o mercado se animou com uma queda de juros nos EUA.
“O mercado começou a precificar uma probabilidade um pouco maior do Fed já começar a cortar juros entre setembro e outubro, num prazo um pouco mais curto do que a gente estava anteriormente”, afirma o gestor da AZ Quest.
No cenário interno, o que trouxe mais ímpeto aos investidores foi a sinalização que o governo cortará alguma redução de despesa: algum tipo de contingenciamento maior de despesas, o que pode favorecer o cumprimento do arcabouço em 2024 e 2025.
Além disso, o mercado de ações no Brasil está muito amassado e com empresas negociando com múltiplos muito descontados. Isabel Lemos comenta que a expectativa da redução dos juros nos EUA e a melhora no cenário fiscal no Brasil, “destravou uma rápida recuperação de preços”, destaca. Obviamente, os fundos de ações levaram a melhor nessa valorização recente.
No entanto, não há muito o que comemorar. A gestora diz que ainda permanecem as incertezas quanto aos ajustes necessários para o atingimento da meta fiscal.
No segundo semestre, será necessário muito mais que sinalizações, “mas ações concretas do governo em relação ao ajuste fiscal”. Se assim for, destaca a gestora, o mercado pode melhorar ainda mais, com o preço das ações reagindo positivamente e os fundos de ações se beneficiando.