Por que o dólar não para de subir? Decodificador de investimentos te explica
O dólar vem sendo um dos grandes assuntos da semana. Nesta terça-feira (02), a divisa norte-americana fechou em alta de 0,22% a R$ 5,66, após tocar máxima de R$ 5,70 durante a sessão. Mas por que o dólar não para de subir? Entenda a seguir, com o Decodificador de Investimentos da Status Invest Assessoria.
A escalada mais substancial do dólar vem se desenhando desde a semana passada, quando houve o fechamento da PTAX. Para além disso, as questões macroeconômicas, como os juros altos nos Estados Unidos, estão à mesa e já vêm fazendo preço no câmbio há algum tempo.
Agora, contudo, o que há de novo são fatores políticos e uma desconfiança em relação à condução da política monetária por parte do Banco Central
Decodificador de investimentos
Mateus Cabrera, assessor na Status Invest Assessoria de Investimentos, explica a seguir o porquê do dólar não parar de subir.
Primeiro de tudo, é necessário entender o contexto econômico que estamos vivendo. Os Estados Unidos ainda não iniciaram seu ciclo de corte nos juros, fato que traz impactos para todas as economias globais.
No caso do Brasil, que é um país emergente, o que acontece nesse cenário é uma fuga de capital estrangeiro rumo à renda fixa norte-americana, que com altas taxas de juros, entrega uma remuneração atrativa. Com isso, nós temos uma escassez de dólar no mercado brasileiro, e como consequência, a moeda norte-americana sobe frente ao real.
Na última reunião do Copom, os membros do comitê optaram por manter a taxa Selic inalterada em 10,50% ao ano. Ou seja: houve uma interrupção no ciclo de cortes dos juros brasileiros, e muitos especialistas entendem que o cenário vai se manter assim pelo menos até o fim de 2024.
Esse movimento fez com que os investidores ligassem o sinal de alerta, uma vez que o Copom sinalizou que o ambiente – tanto interno quanto externo – não está oferecendo condições favoráveis para a sequência dos cortes nos juros.
Com isso, mais uma vez, o dólar tende a se fortalecer. Isso porque a divisa norte-americana é considerada um porto seguro. Ou seja: investidores tendem a comprar dólar em momentos de turbulência no mercado, e assim, a moeda se fortalece frente ao real.
Tudo isso já estava “dado”, já era fato consumado. Agora, o que piorou a situação foram as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A começar pela sua indicação de que o equilíbrio das contas públicas pode ser alcançado por meio de impostos, e não pelo corte de gastos.
Esse tipo de declaração faz explodir o chamado risco fiscal ou “risco Brasil”, que diz respeito à preocupação do mercado diante dos gastos descontrolados por parte do governo. Isso coloca as metas fiscais em xeque e traz desconfiança: mais um motivo para o dólar subir.
Além disso, Lula vem dizendo que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, tem “viés político” na condução da política monetária. Esse é outro tipo de declaração que dá calafrios no mercado.
Isso porque, em tese, o governo e o Banco Central são independentes. No entanto, o mandato de Roberto Campos Neto chega ao fim em dezembro deste ano, e o temor é de que o novo presidente seja mais alinhado às pautas do governo e realmente traga esse viés político.
É importante ressaltar que Campos Neto já foi eleito o melhor presidente entre os bancos centrais de todo o mundo e inspira muita confiança no mercado. Já o seu sucessor é uma dúvida. Nesta semana, Lula disse, inclusive, que o próximo presidente da instituição olhará para o Brasil “do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”.
Ou seja: essa disparada do dólar é a precificação de alguns riscos que se mostram a cada dia mais concretos.
Entenda como investir nesse cenário
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