Dólar atinge maior patamar desde janeiro de 2023; veja as razões para a disparada da moeda

O dólar encerrou a sessão de sexta-feira (07) com alta de 1,41%, cotado a R$ 5,3247, atingindo os maiores níveis de fechamento desde 5 de janeiro de 2023. A desvalorização do real ocorreu em meio a um fortalecimento global da moeda americana, após dados de criação de empregos nos EUA em maio superarem as expectativas, sugerindo que o Federal Reserve terá pouco espaço para reduzir os juros este ano.

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A economia dos EUA adicionou 272 mil empregos em maio de 2024, o maior número em cinco meses, em comparação com a revisão para baixo de 165 mil em abril e muito acima das previsões de 185 mil. 

Fora isso, os ganhos médios por hora para todos os empregados no setor privado não agrícola dos EUA aumentaram 0,4%, um aumento mais rápido do que os 0,2% de abril e acima das previsões de mercado de um ganho de 0,3%. Foi o maior aumento nos salários em quatro meses. 

Segundo Gustavo Sung, economista da Suno Asset, a leitura do payroll “frustra expectativa de cortes de juros no terceiro trimestre” nos Estados Unidos, o que deve resultar em revisão de cenário para a política monetária americana.

Para Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o desempenho do real frente ao dólar não foi positivo, com o mercado testando o patamar de R$ 5,30 devido a incertezas fiscais no Brasil e dados econômicos mais fortes que o esperado nos Estados Unidos. 

“Os dados de emprego muito mais fortes que o esperado pelo mercado fortaleceu ainda mais o dólar, não somente contra o real, mas frente todas as moedas, tanto emergentes quanto de países desenvolvidos como o euro, libra e iene japonês”, avalia o sócio da A7 Capital.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi,  também cita um certo desconforto do mercado com declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que ajudou a pressionar os ativos domésticos e impulsionar a desvalorização do real.

Na sexta, Haddad reforçou que o governo vai insistir na medida provisória do PIS/Cofins para compensação de perdas de receita com desoneração, apesar de resistências no Congresso e de setores econômicos, e minimizou os efeitos sobre a economia. Houve também ruídos em torno da fala do ministro sobre eventual contingenciamento neste ano.

Cotação do dólar na semana

O dólar comercial fechou a sessão em alta de 1,41%, a R$ 5,3247, após oscilar entre R$ 5,2439 e R$ 5,3275. Durante a semana, a moeda norte-americana acumulou uma valorização de 1,41%. 

“O principal fator que explica a depreciação do real ao longo do ano foi um ambiente externo mais adverso. As mudanças nas expectativas em relação aos Estados Unidos levaram a um movimento global de valorização do dólar, resultando na depreciação das moedas emergentes”, explica Sérgio Goldstein, estrategista-chefe da Warren.

Moeda brasileira registra uma desvalorização de 0,86% na semana

O real registrou uma desvalorização de 0,86% em relação ao dólar nesta semana. Comparativamente, a moeda brasileira apresentou um desempenho total (considerando a diferença de preços mais juros) bem abaixo da média global, tanto em relação a moedas de países desenvolvidos quanto emergentes, aponta a Genial Investimentos. 

O desempenho do real só não foi pior do que o do peso colombiano e do peso mexicano. Como tem sido comum neste início de junho, a moeda mais depreciada foi o peso mexicano, com perdas de mais de 2,5% em relação ao dólar. Esse movimento ainda reflete os receios de mudanças constitucionais no México após o resultado das eleições presidenciais.

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Ganha força a possibilidade do juros americano permanecer no atual patamar em 2024

O monitoramento do CME Group mostra que as chances de um corte inicial de juros em setembro continuam majoritárias, mas apenas pouco acima de 50%. Houve um aumento tanto nas apostas de uma redução de 25 pontos-base quanto nas de manutenção, que saltaram de cerca de 5% para perto de 15%.

O economista André Galhardo, consultor da Remessa Online, observa que os dados de emprego ao longo da semana (relatórios Jolts e ADP) alimentaram expectativas de moderação no mercado de trabalho americano, o que não se confirmou no payroll, o relatório de emprego mais relevante.

Para Galhardo, a “elevação marginal” da taxa de desemprego não tem impacto no chamado “cenário prospectivo do Fed”, que vê sua margem de manobra para redução dos juros diminuída pela robustez da geração de vagas. 

“Ganha força a possibilidade de a taxa de juros permanecer no atual patamar pelo restante de 2024, o que fortalece o dólar“, afirma o consultor. 

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Vinícius Alves

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