Magazine Luiza (MGLU3), Casas Bahia (BHIA3) e mais: taxação das compras internacionais é positiva, mas não suficiente para o varejo, diz XP

Ontem (28), a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que estabelece uma alíquota de 20% para o imposto de importação em compras internacionais abaixo de US$ 50, enquanto aquelas acima desse valor continuarão sujeitas à alíquota de 60%. Segundo a XP, o anúncio é positivo, especialmente para varejistas de vestuário de média renda, como C&A (CEAB3), Guararapes (GUAR3) e Lojas Renner (LRNE3), além de players do comércio eletrônico, como Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3).

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No entanto, diz a XP, o novo imposto de 20% sobre compras internacionais ainda não é suficiente para fechar a lacuna em relação aos players locais, já que o IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo) defendeu um imposto de importação de 60%, observando que os players locais estão sujeitos a uma carga tributária entre 70 a 110%.

Além disso, a Temu deve ser lançada no Brasil em breve, com seu poder de investimento como um fator competitivo adicional.

“A proposta seguirá para o Senado. Depois disso, o projeto deve ser aprovado pelo presidente, com notícias locais apontando que o governo se comprometeu a sancionar o novo imposto de importação. Se não houver vetos, a proposta tem efeito imediato”, explica a XP. 

De acordo com o IDV, para os comerciantes e industriais nacionais o percentual justo seria de 60%.

“A alíquota de 60% atenderia ao conceito de isonomia. Qualquer número diferente de 60% sempre vai gerar falta de isonomia”, defende o dirigente do IDV e  e CEO da Petz (PETZ3), Sérgio Zimerman. “Só existem duas alíquotas possíveis: a alíquota justa, de 60%, ou qualquer outra alíquota injusta, que vai ser menos que 60% e, quanto mais longe de 60% for, mais injusta será”, acrescenta. 

Shein vê retrocesso em taxação de compras internacionais

Shein afirmou que vê como retrocesso a decisão tomada pela Câmara dos Deputados para a tributação em 20% das compras internacionais de até US$ 50. Segundo a empresa, a decisão de taxar remessas internacionais não é a resposta adequada por impactar diretamente a população brasileira.

Com o fim da isenção, diz a Shein, a carga tributária que recairá com a taxação de compras internacionais para o consumidor final passará a ser de 44,5% – com a isenção essa cobrança se mantinha em torno de 20,82% devido à cobrança do ICMS, lembra a varejista chinesa. 

“Ou seja, um vestido que o consumidor da Shein comprava no site por R$ 81,99 (com ICMS de 17% incluso), agora custará mais de R$ 98 com a nova carga tributária, formada pelo imposto de importação de 20% mais o ICMS de 17%”, diz a empresa em nota. 

A Shein também destaca que o e-commerce, no geral, representa entre 10% e 15% do varejo nacional. Enquanto isso, a parcela do e-commerce de plataformas internacionais como a Shein não alcançaria mais do que 0,5% do varejo nacional, de acordo com estudo de 2024 da Tendências Consultoria.

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“Mesmo diante da decisão sobre a taxação de compras internacionais, a Shein reafirma o seu compromisso com o consumidor e reforça que seguirá dialogando e trabalhando junto ao governo e demais stakeholders para encontrar caminhos que possam viabilizar o acesso da população, principalmente das classes C, D e E – cerca de 88% de nossos consumidores, segundo pesquisa do Ipsos – para que continuem tendo acesso ao mercado global”, afirma a varejista. 

Magazine Luiza e outras varejistas enfrentam crise de crédito

As varejistas Magazine Luiza, Casas Bahia, Lojas Renner e mais companhias sob análise no BTG Pactual enfrentam uma crise de crédito que vem se estendendo desde 2020.

Os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli, Pedro Lima e Luis Mollo, que assinam relatório do BTG, chamam atenção para a forte exposição do varejo ao cenário macroeconômico, que em tempos de pressão inflacionária ou desaceleração dos cortes de juros, pode alterar os objetivos dos consumidores.

“A correlação entre as vendas no varejo e o ambiente macroeconômico sempre foi alta. Após um grande crescimento na originação de crédito, vimos uma inflexão nos últimos trimestres, com a maioria das empresas tentando limpar suas carteiras de crédito”, comentam em relatório.

Em relação à MGLU3, por exemplo, os resultados da Luizacred – rede de empréstimos da Magalu com o Unibanco – tiveram uma queda de 3% na carteira de crédito em comparação ao ano anterior.

Os níveis de inadimplência superiores a 90 dias de clientes da unidade de crédito da Magazine Luiza corresponderam a 9,2% da carteira, uma redução de 120 pontos base em comparação ao ano anterior.

Lojas Renner, na visão do BTG, apresentou resultados operacionais fracos no 1T24, com lucro operacional de R$ 13,4 milhões, abaixo da estimativa de R$ 10 milhões.

“Para 2024, taxas de juros mais baixas e endividamento das famílias, juntamente com consumidores menos sobrecarregados com o pagamento de dívidas, devem contribuir para uma recuperação mais rápida do consumo”, conclui o relatório que analisou a situação de endividamento da Magazine Luiza, Casas Bahia, Carrefour, Lojas Renner, Mercado Livre e mais.

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Vinícius Alves

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