Gol (GOLL4) derrete na Bolsa: BTG recomenda venda das ações após novo plano de recuperação
Na segunda-feira (27), a Gol (GOLL4) divulgou o seu Plano Financeiro de 5 Anos de base para o planejamento de reorganização da companhia no Chapter 11. Para o BTG Pactual, o plano aborda muitos dos desafios que dificultaram o retorno das operações da empresa aos níveis pré-pandêmicos. No entanto, o banco reitera recomendação de venda das ações. Hoje (28), as ações despencaram quase 6%, cotadas em R$ 1,28.
“Embora o plano de recuperação da Gol anunciado traga alguma clareza, consideramos que a diluição de capital relacionada ao surgimento do Chapter 11 deve ser significativa, levando-nos a manter nossa classificação de venda por enquanto. Esperamos que o mercado monitore os desenvolvimentos no processo do Chapter 11”, afirma o BTG.
Segundo o BTG, os principais destaques incluem: a capacidade (ASM) que deve cair 5% este ano, aumentando 19% em 2025; o Ebtida (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deve alcançar R$ 4,3 bilhões em 2024 (6% abaixo das estimativas do banco) e R$ 6 bilhões em 2025 (17% acima do BTG e 29% acima do consenso).
Além disso, o financiamento de Devedor em Posse (DIP) de US$ 1 bilhão foi totalmente utilizado, e o plano inclui um potencial aumento de capital de US$ 1,5 bilhão. A alavancagem deve cair para 3,6x em 2025 e 1,7x em 2029.
“Para garantir este financiamento de saída crítico, o Plano de Reorganização, se aprovado pela maioria requerida dos credores da Gol e pelo Tribunal de Falências dos EUA, precisará comprometer substancialmente a dívida não garantida da empresa e outras reivindicações não garantidas”, comenta o BTG.
Prévia do plano de recuperação judicial da Gol
O plano de cinco anos, que antecede o plano oficial de recuperação judicial da Gol visa um retorno, até 2026, aos níveis pré-Covid de capacidade doméstica, além de expandir a malha em território nacional e internacional.
“Para apoiar a expansão planejada, o Plano de 5 Anos da Gol projeta o crescimento da frota da Companhia para 169 aeronaves até 2029, enquanto investe em sua frota existente no curto prazo“, explica a Gol, em nota à imprensa.
Com isso, as expectativas são de:
- Uma margem Ebitda caindo para aproximadamente 23% (contra 27% em 2023), com recuperação de 29% em 2025, 30% em 2026 e 34% até 2029;
- Implementação de programa anual de melhoria com injeção de R$ 1,0 bilhão;
- Aumento de capital de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,78 bilhões na cotação atual), para pagamento do financiamento de Devedor em Posse (DIP) e mais liquidez.
A expectativa, segundo a Gol, é de que os financiamentos adicionais da dívida garantida sejam refinanciados na saída do Chapter 11, o que deverá conduzir a uma melhoria substancial da liquidez de caixa numa base sustentável.
Para que o financiamento e demais planos sejam bem sucedidos, o Plano de Recuperação ainda deverá ser aprovado pelas maioria necessária dos credores da Gol e pelo Tribunal de Falências dos EUA.
Além disso, a empresa alerta que “como as obrigações de dívida da companhia excedem significativamente o patrimônio líquido da Gol, é altamente provável que as ações ordinárias (GOLL3) e preferenciais (GOLL4) existentes tenham valor mínimo ao fim deste processo e, consequentemente, investir em nossas ações implica, portanto, risco significativo.”
Em conexão com seus esforços de reestruturação, a Gol está trabalhando com Milbank LLP como seu advogado de reestruturação nos EUA, Seabury Securities LLC como consultor financeiro e banqueiro de investimento, e AlixPartners, LLP como consultor financeiro. Além disso, Lefosse Advogados está atuando como advogado brasileiro da empresa.
Gol e Azul fecham parceria
As companhias aéreas Gol e Azul fecharam um acordo de cooperação comercial por meio de um codeshare. A negociação compartilha rotas domésticas exclusivas, segundo informado pela assessoria da Gol, assim como uma pontuação conjunta nos programas de fidelidade.
A parceria entre Gol e Azul está programada para começar a partir do final de junho, quando a oferta estará disponível nos canais de vendas de ambas as empresas. A ideia é que as companhias aéreas possam vender também passagens por uma das empresas em voos operadora pela outra.
Segundo a Gol, “a parceria inclui as rotas domésticas exclusivas, ou seja, operadas por uma das duas empresas e não a outra.”
“Com a malha altamente conectada da AZUL4 servindo a maioria das cidades no Brasil e a forte presença da Gol nos principais mercados brasileiros, nossas ofertas complementares vão oferecer aos clientes ampla gama de opções de viagem”, disse Abhi Shah, Presidente da Azul.