Ibovespa chega perto do fim do semestre em tom negativo: otimismo com a Bolsa acabou de vez?

Após ter se aproximado dos 130 mil pontos no início de maio, o Ibovespa vem perdendo força semana a semana, e hoje negocia no patamar dos 124 mil pontos. Com o mês de junho batendo à porta, o índice se aproxima do final do semestre em tom pessimista. Mas o que gerou essa aversão ao risco no Ibov? A Bolsa brasileira ainda pode virar o jogo ao longo de 2024?

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Entre o fim do ano passado e o início deste ano, houve um clima de euforia que levou o Ibov às máximas históricas, na casa dos 134 mil pontos. Esse cenário foi motivado, sobretudo, por uma expectativa de redução nos juros dos Estados Unidos, que acabou por não se concretizar.

“Começamos o ano muito otimistas, dada uma trajetória de queda de juros muito acentuada. Nos Estados Unidos, havia uma expectativa de sete cortes ao longo do ano. Mas essa expectativa mudou por completo”, diz Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos.

“O mercado como um todo criou uma expectativa muito boa nos últimos dois meses do ano passado. E este primeiro semestre de 2024 colocou todo mundo na realidade de novo. Serviu para acalmar um pouco as expectativas”, completa Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Portanto, os dados de inflação e atividade nos Estados Unidos que impediram o corte de juros por lá são a primeira razão para uma deterioração das expectativas em relação à Bolsa brasileira. Depois disso, o próprio cenário doméstico passou a suscitar dúvidas.

“A mudança da meta fiscal fez com que o cenário se deteriorasse. É isso que vem impactando o índice negativamente. Teve a questão da Petrobras, que também é uma pauta fiscal, a partir do momento que a gente espera menos dividendos. Teve uma deterioração da relação do Planalto com o Congresso, pautas bombas”, afirma Saadia.

“Hoje, há um fluxo estrangeiro de saída muito forte. Então precisaríamos ter um fluxo interno muito grande para ver a Bolsa pelo menos andando de lado. Mas isso não tem ocorrido exatamente pelos riscos fiscais”, completa Faust.

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Otimismo acabou de vez ou ainda há esperança para o Ibovespa?

Apesar do índice Bovespa se aproximar do fim do primeiro semestre em tom negativo, analistas ainda mantêm uma visão construtiva para o índice ao longo de 2024. Assim como no final do ano passado, a grande expectativa do mercado hoje é a possível redução dos juros nos Estados Unidos.

“O desempenho do Ibovespa neste mês assustou um pouco mais. Mas esse estágio já vem se arrastando desde o início do ano, com a saída do capital estrangeiro rumo ao mercado norte-americano, que está barato. É um compasso de espera, até o Federal Reserve de fato cortar os juros. Então não vejo fim do otimismo com a Bolsa brasileira, mas sim um cenário externo que está puxando capital estrangeiro e, consequentemente, pesando aqui”, opina Faust.

“O cenário ainda é positivo. A trajetória de queda nos juros continua. A gente só precisa de mais tempo para retomar o ciclo de queda aqui no Brasil e iniciar o ciclo de queda lá nos Estados Unidos”, complementa Saadia.

O tão esperado ciclo de cortes nos juros norte-americanos pode acontecer em julho. Caso esse cenário se concretize, portanto, a Bolsa no Brasil pode ter dias melhores no segundo semestre.

“Acreditamos que o cenário segue apontando para o lado certo, que é a queda em julho. Então é natural que a gente não veja o Ibovespa caindo para baixo do patamar dos 125 mil pontos. Mas, certamente, o mercado segue com a questão fiscal no radar”, completa Faust.

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Guilherme Serrano

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