Americanas (AMER3) adia novamente divulgação de balanços de 2023 e do 1T24

A Americanas (AMER3) anunciou o adiamento da divulgação de suas demonstrações financeiras referentes ao ano de 2023 e ao primeiro trimestre deste ano para até 31 de julho. A informação foi divulgada pela empresa em comunicado ao mercado nesta quinta-feira (23).

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O motivo do adiamento na divulgação de resultados da Americanas, diz a varejista, é que, apesar dos trabalhos de fechamento, análise e auditoria independente das informações estarem finalizados, a investigação do Comitê Independente ainda não foi concluída.

Inicialmente, a Americanas, que está em recuperação judicial desde dezembro do ano passado após revelar um déficit contábil de cerca de R$ 25 bilhões, tinha previsto divulgar seu balanço financeiro em 28 de maio.

Agora, a companhia diz que planeja divulgar ainda neste mês um novo comunicado com indicadores financeiros gerenciais, não auditados, que refletem seu desempenho operacional em 2023 e nos primeiros três meses de 2024 (1T24).

No documento aguardado há meses por investidores, a Americanas também deve fornecer atualizações sobre a execução de seu plano de recuperação judicial.

Varejista volta a fechar lojas

A Americanas fechou, na semana de 13 a 19 de maio, três lojas, reduzindo seu quadro de estabelecimento para 1.707 unidades.

A companhia terminou o período com 32.302 funcionários sob regime CLT e realizou 433 contratações nesse intervalo.

Além das contratações, a Americanas afirma que registrou 168 pedidos de saída, 369 desligamentos involuntários e 50 términos de contratos de experiência e temporários. A empresa destacou que o número absoluto de desligamentos está alinhado com os períodos anteriores ao processo de recuperação judicial.

Durante a mesma semana, a Americanas disse que reportou R$ 352 milhões em recebimentos e efetuou pagamentos totalizando R$ 244 milhões.

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Americanas aprova aumento de capital de até R$ 40,7 bilhões para financiar recuperação judicial

Os acionistas da Americanas aprovaram um aumento de capital de até R$ 40,7 bilhões em assembleia geral extraordinária realizada na terça-feira (21). A empresa afirmou que emitirá novas ações no mercado para captar recursos e financiar sua recuperação judicial.

De acordo com a ata da reunião, o aumento de capital social da Americanas terá um valor mínimo de R$ 12,3 bilhões, com a emissão de pelo menos 9,4 bilhões de novas ações, e um valor máximo de R$ 40,7 bilhões, com a emissão de até 31,3 bilhões de ações. O preço de emissão foi fixado em R$ 1,30 por ação.

Os acionistas também aprovaram o grupamento das ações ordinárias na proporção de 100 para 1. Esse grupamento, que consiste em unir várias ações em uma só, visa aumentar o valor das papéis da companhia.

O objetivo principal do grupamento da Americanas é ajustar a cotação das ações para um patamar de preço mais alinhado com seus pares e outras empresas do mesmo porte. Os efeitos do grupamento serão aplicados a partir de 17 de julho.

O documento oficial foi enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a empresa comunicou aos acionistas que o grupamento é uma medida estratégica para melhor posicionamento no mercado.

Entenda a crise financeira da Americanas

A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial há quase um ano, após revelar ao mercado uma fraude contábil bilionária. Os números reais só foram divulgados no início de novembro, quando a companhia finalmente apresentou o balanço de 2022, após múltiplos adiamentos. O então CEO, Sérgio Rial, renunciou ao cargo em janeiro, após poucos dias à frente da empresa.

A fraude da Americanas, que totalizou R$ 25,2 bilhões, incluiu R$ 20,4 bilhões de verbas de propaganda cooperada (VPC). Essas receitas fictícias foram lançadas para reduzir artificialmente o custo de mercadorias vendidas e melhorar o resultado operacional.

A empresa também utilizava operações financeiras chamadas de “risco sacado” para melhorar seu caixa. Tanto as receitas fictícias de VPC quanto as dívidas de risco sacado eram contabilizadas nas contas de fornecedores, resultando em uma aparente neutralização.

Os números de 2021 da Americanas foram revisados, transformando um lucro inicialmente divulgado de cerca de R$ 500 milhões em um prejuízo de R$ 6,3 bilhões. Em 2022, a dívida bruta da Americanas era de R$ 37,3 bilhões, enquanto a dívida líquida atingia R$ 26,29 bilhões, um aumento de mais de R$ 12 bilhões em comparação ao ano anterior.

Registrando uma queda significativa de 77,1% nas vendas pelos canais digitais nos primeiros nove meses de 2023, a Americanas divulgou um prejuízo de R$ 4,61 bilhões nesse período, de acordo com o balanço corporativo revelado em 27 de fevereiro.

O prejuízo da Americanas foi impulsionado por uma redução de 45,1% na receita líquida entre janeiro e setembro de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022.

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Murilo Melo

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