BC precisa mostrar coesão para atingir meta de inflação e cortar Selic, diz UBS Wealth Management

O Banco Central (BC) precisa mostrar um certo grau de coesão entre seus membros para não comprometer a meta de inflação e nem uma taxa Selic menor ao fim do período de afrouxamento, afirma relatório do UBS Wealth Management.

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O cenário fiscal brasileiro e a política monetária americana são fatores exógenos ao BC. Por isso, membros do órgão precisam estar mais alinhados para que a transição de presidência com a saída de Roberto Campos Neto prevista para o final deste ano “não gere ruídos sobre o comprometimento com a convergência da inflação para o centro da meta,” dizem os especialistas do banco.

Publicado nesta sexta-feira (10), assinado pelo times de economistas do UBS Brasil, liderados por Solange Srour, head de macroeconomia no Brasil, o documento aponta a importância de expectativas ancoradas para o trabalho do Banco Central ser menos custoso no combate às pressões inflacionárias.

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Inflação e Selic: Ciclo de easing está chegando ao fim?

No atual de ciclo de afrouxamento (easing) monetário estamos diante de expectativas desancoradas, segundo a equipe do UBS Wealth Management. O relatório remonta ao fim de 2022, quando o ciclo de aperto (tightening) ainda corria.

A ancoragem de expectativas é um dos principais objetivos de um regime de metas de inflação, com credibilidade da política monetária a fim de atingir uma inflação baixa e estável.

“No início de 2023, as expectativas de 2025, 2026 e 2027 chegaram a 4%, mas parte desta desancoragem foi reduzida com a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) em junho de 2023 que confirmou a meta de inflação para 2025 e 2026, além da aprovação da nova regra fiscal.”

Entretanto, recentemente a mediana da expectativa de inflação em 2025 voltou subir para 3,64% e a média das expectativas também sobe, atualmente em 3,71%.

Expectativas de inflação, segundo UBS – Fonte: UBS Wealth Management e informações Banco Central do Brasil (BCB)/ Reprodução: Relatório UBS WM

“Vale lembrar que após a reunião de maio, 2024 saiu do horizonte relevante da política monetária, que agora considera apenas 2025.”

Por trás desta desancoragem de expectativas, os economistas do UBS levantam três pontos:

  • Incerteza sobre a condução da política monetária, principalmente com a alteração da composição
    do Copom ao longo do tempo, em especial ao final de 2024, quando um novo Presidente do BC será escolhido;
  • Reprecificação dos mercados para o ciclo de afrouxamento monetário americano, visto que com juros maiores nos Estados Unidos, pode reduzir nosso diferencial de juros, impactando a taxa de câmbio e pressionando os preços;
  • Novo arcabouço fiscal e as metas primárias estabelecidas podem não ser suficientemente críveis para o alcance da estabilidade da dívida pública e podem ser ainda mais pressionadas por conta de um governo que busca a manutenção de popularidade.

“Depois da última reunião do Copom, a dissidência dos votos [para definição da taxa Selic] sem detalhes sobre as posições dos dois grupos podem adicionar mais pressão nas expectativas para 2025 em particular”, comenta o relatório.

Prevista para a terça-feira (14), a ata do Copom deve conter mais explicações sobre a divisão observada na semana passada, após a decisão pelo corte da Selic em 0,25 pontos, para 10,50% ao ano.

Com a “coesão” entre os membros do BC, aumentam-se as chances de reancoragem das expectativas e de uma condução da Selic menor ao fim do ciclo de easing.

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Camila Paim

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