Por que os FI-Infra são boas opções de investimento? Veja as vantagens
O Brasil é um país de dimensões continentais e que demanda grandes projetos de infraestrutura de forma constante. Neste contexto, lançado em 2020, os FI-Infra são uma opção de renda variável que visa incentivar o investimento privado no desenvolvimento da infraestrutura.
Os FI-Infra investem em debêntures incentivadas, que são títulos de dívida emitidos por empresas para financiar projetos de infraestrutura. Ao adquirir essas debêntures, os fundos emprestam dinheiro às empresas e recebem pagamentos mensais de juros pelos empréstimos. Parte dessa receita é distribuída aos cotistas sob o formato de dividendos.
Segundo Vitor Duarte, CIO da Suno Asset, o mercado de infraestrutura é muito regulado e ativo, com uma receita muito previsível. “As rodovias, com seus pedágios, dependem do fluxo de veículos para gerar receita, que estão com o fluxo de veículos sempre intenso. Então, precisa de eventos muito extremos para que seja afetado o fluxo de caixa dessas empresas e a capacidade de pagamento delas. De maneira geral, é um mercado com riscos baixos”, explica Duarte.
Além disso, os FI-Infra são uma boa opção como parte de uma estratégia de diversificação visando o longo prazo. “É uma forma de minimizar o risco de se investir em dívidas de empresas, pois ao se investir em um FI Infra o investidor está alocando seu dinheiro em títulos de dívida de diversas empresas. Vale ressaltar também o papel do gestor do fundo, que trabalhará para obter a melhor relação de ativos na carteira”, explica Marcos Milan, professor da FIA Business School.
Uma das principais vantagens dos FI-Infra é a isenção de imposto de renda, não só nos rendimentos distribuídos, como acontece com os Fundos Imobiliários e Fiagros, mas também no ganho de capital.
Portanto, se a cota do Fundo sair de R$ 100 para R$ 110 e o investidor vender, esses R$ 10 de ganho também são isentos, além dos rendimentos adquiridos durante todo o período que ele foi cotista.
“Esse é o único modelo de fundo com isenção dupla. Os Fundos Imobiliários e os Fiagros têm isenção apenas no rendimento, o ganho de capital é tributado em 20%. São uma boa opção, por isso uma das vantagens é a tributária”, afirma Duarte.
FI-Infra: como investir e suas oportunidades
Para investir em fundos de infraestrutura (FI-Infra), que podem envolver investimentos em renda fixa e variável, há duas opções principais: condomínio aberto e condomínio fechado.
No caso do condomínio aberto, é possível investir adquirindo e resgatando cotas dos fundos, geralmente com um prazo de liquidação de D+30. Essas cotas estão disponíveis em plataformas de investimento e em bancos.
Por outro lado, no condomínio fechado, você investe em fundos de infraestrutura listados na B3, comprando e vendendo cotas de forma semelhante aos fundos imobiliários ou às ações de empresas. Para isso, basta buscar pelo ticker do fundo desejado e efetuar a compra por meio de uma corretora ou banco.
Segundo Duarte, é preciso que o investidor tome alguns cuidados ao investir nos fundos. Uma das cautelas é avaliar se a carteira do FI-Infra é muito concentrada, investe só em projetos de maior risco, ou uma carteira que investe em projetos mais maduros.
É interessante para diminuir o risco verificar a nota de risco de crédito da empresa. “Como oportunidades, o investidor pode achar no mercado fundos que remuneram em juro real e CDI que devem se manter altos ainda em dois dígitos”, explica Duarte.
Como está o mercado de infraestrutura no Brasil?
No Brasil, os fundos de infraestrutura estão se destacando, mesmo em um período em que o crescimento econômico não é tão forte.
Muitos apontam a infraestrutura como um problema no país, mas, na realidade, para quem está investindo, isso pode ser visto como uma oportunidade.
“Quando a infraestrutura é um gargalo, significa que há uma demanda garantida. Por exemplo, imagine construir uma estrada que ninguém utiliza. No entanto, se a estrada já existe e está sendo ampliada, e será cobrada uma tarifa de pedágio, isso significa que há um fluxo de pessoas e veículos, ou seja, há demanda”, comenta Duarte.
Portanto, diz o analista, para quem investe nesse setor, a situação no Brasil é favorável. Nos últimos meses, houve um significativo aumento na captação dos fundos de debêntures incentivadas. De julho a dezembro do ano passado, a captação mensal estava em torno de R$ 730 milhões. No entanto, em janeiro desse ano, esse valor subiu para R$ 1,2 bilhão e, em fevereiro, chegou a R$ 2,9 bilhões.
Queda na Selic e mudanças na regulação beneficiam FI-Infra
Segundo Amanda Coura, com a redução da taxa Selic, os investidores estão buscando alternativas mais atrativas de investimento, e os FI-Infra têm se destacado nesse cenário devido à sua combinação de retorno e isenção de imposto de renda.
“Além disso, a crescente necessidade de investimento no setor de infraestrutura tem levado várias empresas a buscar opções de dívida no mercado, impulsionando o crescimento desses fundos, que contam com portfólios robustos para alocar esses recursos”, afirma ela.
Outro ponto são as últimas mudanças regulatórias. Para Marcelo Michaluá, sócio da RB Asset, a mudança micro-regulatória fiscal e a inclusão de novos setores são fundamentais para aumentar a atratividade dos investimentos. “O cenário macroeconômico contribui para potencializar essa demanda, já que estamos observando uma inflação controlada e uma queda estrutural da taxa de juros. Isso leva os investidores a buscar alternativas de alocação de seus portfólios de renda fixa, migrando de instrumentos bancários, títulos do governo e CDI de curto prazo para alocações de longo prazo“, afirma o especialista.
Essa mudança se beneficia da isenção fiscal e do fato de muitos desses papéis serem ajustados pela inflação, além de oferecerem uma taxa de juros atraente. Portanto, isso proporciona uma proteção natural contra a deterioração do poder de compra devido à inflação, já que as receitas dos projetos de infraestrutura são ajustadas por inflação.
SNID11: criação das debêntures de infraestrutura devem beneficiar o fundo, diz analista da Suno Asset
Em 10 de janeiro de 2024, entrou em vigor a Lei nº 14.801, que criou as debêntures de infraestrutura, com o objetivo de viabilizar uma oferta de juros mais atrativa ao mercado, a fim de atrair investidores locais e estrangeiros para projetos de infraestrutura de longo prazo no país. Segundo João Comine, analista da Suno Asset, o SNID11 deve se beneficiar dessas mudanças.
Conforme explica Comine, as novas debêntures de infraestrutura, recém-criadas pela lei 14.801, vêm para dividir espaço de mercado com as debêntures incentivadas (lei 12.431).
Diferente das debêntures incentivadas, que oferecem isenção de imposto de renda para pessoa-física, tanto no rendimento quanto no ganho de capital, as debêntures de infraestrutura são tributadas.
Dessa forma, as debêntures 12.431 têm como público-alvo o investidor pessoa física, enquanto as debêntures 14.801 têm como público-alvo o investidor institucional e fundos de pensão. “A diferença entre estes dois tipos de títulos é que as debêntures de infraestrutura oferecem benefício tributário somente para o emissor, ao contrário das debêntures incentivadas, que também beneficia o investidor”, explica Comine.
Neste contexto, entre os meses de janeiro e fevereiro, o SNID11 pela primeira vez teve as linhas de DAP, instrumento utilizado como hedge para troca do componente IPCA das debêntures incentivadas por CDI, com a marcação a mercado contribuindo positivamente.
O SNID11 é um FI-Infra fechado e de gestão ativa, com prazo indeterminado e destinado aos investidores em geral. O fundo é gerido pela Suno Gestora de Recursos e seu administrador é o BTG Pactual Serviços Financeiros. Os investimentos do FI-Infra acontecem por meio de debêntures incentivadas, que são títulos de renda fixa emitidos por empresas que precisam financiar projetos de infraestrutura.