Campos Neto: se incerteza continuar alta, BC tem de trabalhar ritmo de cortes

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta segunda-feira (22) alguns cenários possíveis para os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom) em função do cenário de incerteza global.

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“Se a incerteza diminuir, voltamos para a forma de atuação que tínhamos começado. Outra forma é o aumento da incerteza ficar mais tempo e criar ruídos crescentes – então teremos que trabalhar como seria o ‘pace’ [ritmo], teríamos que diminuir o ‘pace'”, disse, em participação em evento da Legend Capital, em São Paulo.

Ele acrescentou: “Outro cenário seria o crescimento da volatilidade da incerteza subir mais ainda e começar a afetar o balanço de riscos. Em outro cenário, chega a um ponto em que mudam as variáveis de tal forma que faz com que a realidade que projetamos não seja mais verdadeira, muda o que chamamos de cenário base”.

Campos Neto defendeu que a visibilidade dos próximos passos da BC aumenta a eficiência do canal de transmissão da política monetária, mas que isso tem que ser feito quando de fato houver visibilidade. “Se quiser passar visibilidade quando não tiver, o que acontece é que virá um guidance e terá de se trocado.”

O presidente do BC repetiu que o guidance foi alterado de duas para uma reunião devido ao entendimento de que há mais incerteza na conjuntura atual. Ele acrescentou que, ao falar sobre os cenários possíveis agora, o objetivo é mostrar uma gradação do que pode ocorrer, a fim de dar mais transparência à política monetária. “Não temos como dar um guidance porque temos muita incerteza”, frisou.

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Câmbio

O presidente do BC repetiu que a autarquia só vai intervir no câmbio se houver problemas relacionados a uma distorção do mercado, mas não por uma mudança no valor do real decorrente de alteração nos fundamentos. “Se tiver uma percepção de que o risco piorou, o câmbio vai refletir”, disse.

Campos Neto repetiu que uma intervenção excessiva no câmbio pode levar a um aumento dos juros longos, já que investidores tendem a procurar outros instrumentos para fazer hedge. E acrescentou que o câmbio flutuante serve como amortecedor para o país, que tem grandes reservas em dólar, porque, quando a moeda americana se valoriza, a dívida líquida cai.

*Com informações de Estadão Conteúdo

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Giovanni Porfírio Jacomino

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