Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3): empresas perdem R$ 2,5 bi em valor de mercado após fusão, diz coluna
Dois meses após o anúncio da fusão entre Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3), anunciada em 31 de janeiro, as empresas vêm enfrentando dificuldades em convencer investidores dos ganhos do negócio do que em cravar a tendência da próxima estação, segundo a coluna do Broadcast/Estadão.
À época do anúncio, lembra a publicação, a Arezzo (ARZZ3) valia R$ 6,97 bilhões, enquanto o valor de mercado do Grupo Soma era de R$ 6,05 bilhões. Atualmente, a Arezzo vale R$ 5,7 bilhões – mesmo tendo se tornado uma empresa bem maior – enquanto o Grupo Soma (SOMA3), incorporado, perdeu quase 20% de seu valor de mercado e vale R$ 4,85 bilhões.
Entre os motivos, diz o Broadcast, estão dúvidas quanto à capacidade de integração das companhias, questionamentos sobre a saúde da operação da Hering (comprada pelo Soma em 2021) e o endividamento da empresa.
Vale lembrar que o Grupo Soma adquiriu a Hering há quase três anos. Em abril de 2021, a companhia pagou R$ 5,1 bilhões pela concorrente, com o objetivo de formar o que é chamado de “house of brands” e se tornar uma grande gestora de marcas desejadas pelos consumidores – desde então, o valor de mercado do Soma caiu quase 60%, ressalta a coluna.
A Arezzo também tentou adquirir a Hering 11 dias antes do Grupo Soma, por R$ 3,2 bilhões.
Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3): fusão vai desbloquear valor e impulsionar ações em 40%
Em relatório divulgado na semana passada, o Itaú BBA atualizou as suas estimativas para Arezzo e Grupo Soma, avaliando que a fusão entre as duas empresas tende a desbloquear valor em termos de sinergias.
“Vemos um potencial significativo para desbloquear valor com o acordo em termos de sinergias, mas o potencial de valorização é tão alto nos preços atuais que nem precisamos considerar as sinergias para ver um P/E de 11,3x para 2025”, diz o BBA.
Com base nessa análise, os especialistas estabeleceram um preço-alvo ambicioso para o final de 2024 de R$ 74 por ação para a Arezzo e R$ 9 por ação para o Grupo Soma, representando um potencial de valorização de 37% e 40%, respectivamente.
No relatório, o BBA destacou as preocupações dos investidores após o anúncio da fusão, impulsionadas por três fatores principais. Em primeiro lugar, há a preocupação sobre a complexidade da integração M&A, fundamentada em experiências passadas no setor de varejo. Além disso, existe um ceticismo dos investidores em relação ao potencial de venda cruzada entre as marcas envolvidas na fusão. Por fim, o recente momento de lucro negativo no 1T24 também gera incerteza.
Contudo, o BBA tem classificação de outperform, equivalente à compra, para as duas empresas do varejo.
Arezzo e Soma: como o BBA enxerga a nova empresa?
Segundo o BBA, a incorporação do Grupo Soma pela Arezzo posicionará a ‘Nova Empresa’ como um dos nomes mais líquidos e de alta qualidade na cobertura de varejo da casa, o que provavelmente atrairá novos compradores marginais para a história e pode acelerar a reavaliação da ação.
O banco, por fim, expressa uma visão otimista em relação à fusão, acreditando que o cenário mais positivo poderia resultar na adição de R$ 81 milhões à estimativa ajustada de resultado líquido, que atualmente é de R$ 892 milhões para 2025.
Além disso, entre os gatilhos positivos para os papéis, estão as possíveis sinergias fiscais e a expectativa de melhoria na dinâmica de vendas das franquias. O banco também espera uma melhoria na lucratividade e uma aceleração do desempenho de outras marcas de vestuário masculino, como é o caso da Foxton.
Desempenho das ações de Arezzo e Grupo Soma
Na tarde desta quarta-feira (17), as ações da Arezzo caem cerca de 0,16%, cotadas em R$ 51,32, enquanto o Grupo Soma tem queda de 0,49%, com os papéis cotados em R$ 6,08.
Cotação ARZZ3