Campos Neto: se as pessoas perderem confiança na âncora fiscal, a âncora monetária será afetada

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (15) que se as pessoas perderem a confiança na âncora fiscal, a âncora monetária será afetada.

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Ele, que participou nesta segunda de evento promovido pelo Council on Foreign Relations, ponderou que a autarquia tenta não comentar sobre a política fiscal tanto quanto possível, mas frisou que, se há perda de credibilidade ou transparência no fiscal, aumentam os custos da política monetária.

“Dito isso, o mercado tinha um número muito pior para o fiscal do que a nova meta realmente adotada”, salientou Campos Neto, em referência à alteração promovida pelo governo na meta fiscal de 2025.

O presidente do BC ressaltou a importância de tentar não alterar as metas e fazer o máximo de esforço para garantir que elas sejam cumpridas.

Ele afirmou, no entanto, que se por alguma razão for necessário fazer uma mudança, é importante que ela seja bem comunicada, a fim de que a confiança na âncora fiscal não seja perdida.

Real

O presidente do Banco Central ponderou que o real está relativamente fraco no curto prazo, mas que no médio prazo está com um desempenho igual e até melhor do que os pares.

Para Roberto Campos Neto, a fraqueza no curto prazo está relacionada a uma nova avaliação do equilíbrio de preços.

O banqueiro central avaliou que a questão fiscal, que estava em segundo plano, agora é o foco do debate, e disse que o assunto voltou à cena na Europa, nos Estados Unidos, no Japão e na maioria dos mercados emergentes.

Ainda sobre a conjuntura brasileira, salientou que o País tem uma dívida alta, mas que está lidando com um plano que tenta transmitir compromisso com a questão fiscal.

Ainda sobre os movimentos do câmbio, Campos Neto ressaltou que o País tem hoje uma balança comercial definitivamente mais forte do que tinha no passado, com aumento da produtividade do setor agropecuário e também no setor petrolífero. “Isso, no geral, torna a moeda mais estável”.

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Taxonomia

O presidente do Banco Central afirmou que está trabalhando com o banco central italiano para criar uma taxonomia geral para transações internacionais. “A ideia é conversar com países diferentes e ver se conseguimos 15 ou 20 países com essa taxonomia em comum”, disse, no evento promovido pelo Council on Foreign Relations.

Campos Neto afirmou que alguns países precisam enfrentar mudanças no sistema tributário para aderir a uma taxonomia global, mas que acredita que esse pode vir a se tornar um sistema global. “A eficiência que se obtém com isso é enorme”, disse. “Mas isso não vai acontecer amanhã”, ponderou.

Economia tokenizada

O presidente do Banco Central afirmou que a discussão atual não é se as criptomoedas são boas ou ruins, ou mesmo se acreditamos nas criptomoedas, e sim sobre estarmos avançando para uma economia tokenizada.

“E a resposta é sim, está acontecendo”, disse Campos Neto. “Na verdade, está acontecendo em algumas partes mais rápido do que esperávamos e em outras partes está acontecendo mais lentamente”, ponderou.

Campos Neto: melhor coisa que pode fazer é tentar não interferir na sucessão do BC

Tentar não interferir na escolha do próximo presidente do Banco Central é o melhor a se fazer, disse Roberto Campos Neto nesta segunda-feira (15). O mandato dele termina em dezembro, e até lá o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deve indicar outro nome para a função.

“Não faz sentido para mim tentar interferir no processo, ou tentar dizer se o candidato A, B ou C é melhor”, afirmou Campos Neto, em um evento organizado pelo Council on Foreign Relations. “O que a lei diz é que é prerrogativa do presidente, e ele terá a liberdade para fazer isso e também vai pagar o preço se a escolha não for boa.”

Campos Neto disse que, independentemente de quem for escolhido para substituí-lo, tentará garantir uma transição tranquila no comando da autarquia.

“Eu não vejo muitas mudanças, porque o Banco Central é muito técnico, o Banco Central tem um mandato claro e a autonomia do Banco Central dá poder a quem sentar na cadeira para ser independente do governo, e espero que isso continue”, disse Campos Neto.

*Com informações de Estadão Conteúdo

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Giovanni Porfírio Jacomino

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