Ibovespa cai com tensão no Oriente Médio; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) sobem e BRF (BRFS3) lidera altas. Dólar avança

O Ibovespa terminou a sessão de hoje (15) em baixa de 0,49%, aos 125.333,89 pontos, no menor nível de encerramento desde 17 de novembro, então aos 124,7 mil. Na sessão o índice da B3 registrou a pontuação mínima de 125.033,98 pontos e a máxima de 126.250,41 pontos. O volume financeiro somou R$ 27,2 bilhões nesta segunda-feira.

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Em linha com a deterioração do humor em Nova York, o Ibov hoje acentuou perdas ao longo da tarde, após ter operado na parte inicial da sessão um pouco acima da estabilidade com a relativa descompressão geopolítica no Oriente Médio.

Além da virada em NY, em baixa que chegou a 1,79% no fechamento (Nasdaq), o índice da B3 sentiu efeito também da piora na percepção sobre a política fiscal doméstica, após a confirmação, pelo Ministério da Fazenda, de que a meta de superávit primário de 0,5% do PIB, para 2025, foi revisada pelo governo para zero, com efeito para a trajetória da dívida pública na visão de mercado.

No mês, o Ibovespa cai 2,16% e, no ano, cede 6,60%.

O Ibovespa hoje fechou em linha com as principais bolsas de Nova York, que também terminaram o dia em queda.

  • Dow Jones: -0,65%, aos 37.735,24 pontos;
  • S&P500: -1,20%, aos 5.061,82 pontos;
  • Nasdaq: -1,79%, aos 15.885,02 pontos.

Já o preço do dólar à vista encerrou o dia com uma valorização de 1,25%, cotado a R$ 5,1852, depois de variar entre a mínima de R$ 5,1052 e a máxima de R$ 5,2150.

“De manhã, a Bolsa subia mesmo com o avanço do dólar e dos juros futuros. Mas com a pressão mais forte nos DIs à tarde, em todos os vencimentos, e também no câmbio, o Ibovespa não conseguiu sustentar essa recuperação. O momento ainda é de aversão a risco para Bolsa, com poucos setores, como o de frigoríficos, conseguindo se descolar na sessão”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos

O peso da cenário tenso no Oriente Médio no Ibovespa

A queda da bolsa de valores hoje, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, refletiu o peso do cenário geopolítico mundial, com o aumento de tensões após o Irã atacar Israel, embora as forças israelenses tenham conseguido se defender de grande parte dos mísseis e dos drones.

Assim, a aversão ao risco passou a se mostrar de maneira mais expressiva entre os investidores, enquanto se aguarda os desdobramentos em relação ao ataque do irã a Israel. Com os EUA negando auxiliar em um ataque conjunto com Israel ao Irã, o pregão começou o dia de hoje (15) com um maior otimismo no Ibov.

Mota observa que a pressão observada no câmbio e nos juros futuros têm relação, ainda, com a possibilidade de efeitos inflacionários, especialmente sobre os custos de fontes de energia, como o petróleo, caso as tensões entre Israel e Irã persistam – e com potencial de envolvimento de terceiras partes, como EUA. Uma escalada militar teria implicações também para os juros americanos, no momento em que o mercado já tinha repassado de junho para setembro o momento do início de cortes na taxa do Federal Reserve.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou hoje que o país coordena um esforço diplomático para evitar que as tensões entre Irã e Israel se transformem em um conflito maior no Oriente Médio. “Não buscamos escalada, mas continuaremos apoiando a defesa de Israel e protegendo o nosso pessoal na região”, disse Blinken, no âmbito de reunião com o vice-primeiro-ministro do Iraque, Muhammad Ali Tamim, em Washington D.C.

Não obstante a extensão da ofensiva iraniana a Israel na virada do sábado para o domingo, a falta de efetividade dos mais de 300 drones e mísseis – contidos pela defesa israelense e por aliados como Estados Unidos e Reino Unido – e a declaração do regime persa de que a resposta ao ataque do início de abril ao consulado iraniano na Síria está dada, aliviaram os receios de uma escalada militar na região, por ora.

Ainda no fim de semana, o sinal do presidente dos EUA, Joe Biden, ao governo de Israel, de que uma reação como a do fim de semana precisa ser tratada como vitória, reforçou a percepção de que Israel tende a esperar para eventual revide, sem causar acirramento da hostilidade no momento – o que teria efeito para os custos de energia globais quando se desenha uma eleição americana acirrada.

“A baixíssima eficiência do ataque do Irã, com mais de 99% dos projéteis lançados tendo sido interceptados por Israel e aliados, foi o ponto positivo do fim de semana”, em relação à expectativa que se tinha na sexta-feira, quando predominava a aversão global a risco, diz Victor Miranda, sócio da One Investimentos, referindo-se à retirada, nesta segunda-feira, de parte dos prêmios que haviam sido colocados em ativos mais sensíveis à região, como o petróleo.

Em dia de apreensão, Petrobras e Vale sobem na Bolsa

Apesar da queda na cotação do Ibovespa, as empresas de maior peso no índice fecharam o dia em alta. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) subiram 0,95%, enquanto as ações ordinárias (PETR3) tiveram ganho de 1,46%. Já a Vale (VALE3) registrou avanço de 0,58%.

A retração da commodity, foi moderada em direção ao fechamento da sessão de hoje em Londres e Nova York. As perdas arrefeceram à tarde depois de Israel sinalizar que pretende, de fato, dar resposta ao ataque do fim de semana. Por ora, a relativa descompressão do petróleo se refletiu positivamente nas ações da Petrobras, com a percepção de que menos é mais no momento em que a gestão da estatal vinha sob críticas de alas do governo – uma escalada da commodity poderia acentuar a defasagem entre o preço doméstico e o externo..

A recuperação do minério de ferro na China pela sexta sessão consecutiva, acumulando avanço de 9,5% em relação à segunda-feira passada, deu suporte às ações do setor metálico, com Vale (VALE3) em alta de 0,58% e os ganhos no segmento chegando a 3,62%, para Metalúrgica Gerdau (GOAU4), no fechamento da sessão. Entre os setores de maior peso no Ibovespa, os bancos operaram na direção oposta a das commodities nesta segunda-feira, com perdas que atingiram 1,69% (Itaú, ITUB4) no encerramento do dia.

O JPMorgan elevou as recomendações de Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau, de neutra para overweight (equivalente a compra), e para o preço-alvo das companhias – de R$ 25,50 para R$ 30,50 e de R$ 11 para R$ 13, respectivamente

A ação da BRF (BRFS3) liderou os ganhos do dia, com uma forte alta de 10,15%. Enquanto isso, Marfrig (MRFG3) subiu 4,82%, e JBS (JBSS3), 4,21%.

Na ponta negativa, a CVC (CVCB3) teve uma queda de 9,38%, sendo o principal destaque negativo. Já o Magazine Luiza (MGLU3) recuou 7,83%. Em seguida está a Vamos (VAMO3), que obteve baixa de 6,42%.

Maiores altas do Ibovespa

  • BRF (BRFS3): +10,15%
  • Marfrig (MRFG3): +4,82%
  • JBS (JBSS3): +4,21%
  • Gerdau Metalúrgica (GOAU4): +3,62%
  • Gerdau (GGBR4): +3,50%

Maiores quedas do Ibovespa

  • CVC (CVCB3): -9,38%
  • Magazine Luiza (MGLU3): -7,83%
  • Vamos (VAMO3): -6,42%
  • Cyrela (CYRE3): -6,03%
  • Minerva (BEEF3): -5,77%

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão de sexta-feira (12) em queda de 1,14%, aos 125.946 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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