Selic deve chegar a 9% no final do ano, mas XP faz um alerta

A taxa básica de juros, a Selic, deve chegar a 9% até o fim deste ano, com cortes de 0,25 pontos percentuais no segundo semestre, após atingir 9,75%, estima a XP Investimentos em relatório publicado nesta segunda-feira (8). A expectativa do banco vai ao encontro do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que definiu uma trajetória de redução gradual ao longo de 2024.

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Entretanto, mesmo com essa projeção de queda da Selic, os analistas dizem que a incerteza paira sobre o cenário econômico, reforçando o risco de alta nos juros. O BC ressaltou a necessidade de “maior flexibilidade” devido à “elevação da incerteza”, especialmente relacionada à política monetária em economias desenvolvidas e à pressão inflacionária de serviços.

Se as expectativas de inflação para 2025 começarem a subir, o Copom deve optar por pausar o ciclo de flexibilização mais cedo, mantendo a Selic dentro do intervalo de 9,25% a 9,75%. Essa postura conservadora do Banco Central reflete a preocupação em controlar a inflação e garantir a estabilidade econômica, conforme os estrategistas.

Redução da Selic deve impulsionar mercado de ações

No mercado de ações, a perspectiva é positiva diante da redução dos juros. A equipe de estratégia da XP diz que os juros mais baixos tendem a ser favoráveis para as empresas e ativos de risco, uma vez que o custo de capital diminui, tornando o financiamento das atividades empresariais mais acessível. Além disso, a queda na taxa de desconto utilizada pelos analistas aumenta o valor justo das empresas, impulsionando o mercado de ações.

A Bolsa de Valores, segundo o banco, mantém uma visão otimista, com investidores estrangeiros demonstrando confiança no Brasil e investidores domésticos gradualmente voltando a comprar ações. O valuation do Ibovespa ainda está abaixo da média histórica e dos seus pares globais, indicando espaço para valorização.

Já na renda fixa, a XP continua com uma visão positiva, especialmente para ativos atrelados à inflação do Índice de Preços no Consumidor e de uma taxa prefixada (IPCA+). Apesar dos cortes recentes e esperados na Selic, as taxas de juros nominais permanecem elevadas, enquanto as taxas reais continuam em patamares interessantes.

Para quem investe em Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), o cenário de queda na taxa Selic é favorável, afirma o banco. O Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix) apresenta uma correlação negativa com os movimentos da taxa e com as expectativas de mercado, tendendo a ter desempenho positivo em períodos de cortes na Selic. O ciclo atual de cortes da Selic já demonstra impacto positivo nos FIIs, com o índice apresentando movimento de alta desde abril do ano passado.

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PIB deve crescer 2% até 2025, projeta banco

As projeções da XP continuam indicando um crescimento de 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 e 2025, segundo relatório Brasil Macro Mensal do banco, divulgado na quinta-feira (4). Para os analistas, o mercado de trabalho brasileiro está sob os holofotes, com ênfase na contínua elevação dos salários, ao que chamam de aspecto fundamental para a dinâmica econômica do país.

A XP diz que apesar de o governo ter evitado um contingenciamento de despesas em março, as incertezas persistem em relação às medidas de arrecadação. Os estrategistas projetam um déficit do governo central em 0,7% do PIB neste ano e 1,0% do PIB em 2025, destacando a necessidade de medidas fiscalmente responsáveis para garantir a estabilidade das contas públicas.

O relatório ainda aponta que a taxa de câmbio brasileira está sob pressão, influenciada pelo cenário externo desafiador e por ruídos domésticos. Embora ainda haja espaço para apreciação no segundo semestre, a XP atribui um viés de alta à projeção de R$/US$ 4,70 para o final deste ano.

Para os especialistas financeiros, as recentes leituras de inflação reforçaram que os preços de bens estão sob controle, enquanto os preços de serviços continuam preocupantes. O relatório mantém as projeções de IPCA em 3,5% para este ano e 4,0% para 2025, ressaltando a importância de monitorar de perto os desdobramentos no mercado de serviços.

Selic: UBS BB projeta taxa de juros a 8,5%, abaixo da expectativa do mercado

O UBS BB revisou sua projeção para a taxa terminal da Selic para 8,5% em dezembro, percentual abaixo do consenso de mercado, que precifica a taxa básica de juros em 9,5%. A mudança na projeção da UBS ocorre após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em março e do Relatório de Inflação do primeiro trimestre pelo Banco Central do Brasil (BC).

Os documentos indicaram a decisão do Copom de não fornecer orientação para duas reuniões futuras, uma mudança que até então não fazia parte da estratégia de comunicação do órgão, segundo o banco de investimentos. Além disso, o relatório de inflação estabeleceu uma nova meta de 3% para a inflação em 2025, diferente da previsão anterior de 3,2%.

A UBS BB diz ainda que após a reunião a revisão da taxa Selic foi calculada com base na perspectiva econômica, a partir de um contexto de um mercado de trabalho “mais apertado” e uma desaceleração da inflação de alimentos e bens. O banco acredita que o comitê reconheceu a necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, o que influenciou a mudança na orientação futura, optando por não sinalizar nenhuma informação sobre a reunião de junho.

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Murilo Melo

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