Taesa (TAEE11) pagará menos dividendos? Veja outras elétricas que podem ser boas opções, segundo analistas

A Taesa (TAEE11) é uma das companhias elétricas mais queridas dos investidores graças ao seu histórico sólido de bom pagamento de dividendos.

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Entretanto, recentes decisões da companhia indicaram que os dividendos da Taesa talvez não mantenham o mesmo pique ao longo deste ano.

No último leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 28 de março, a Taesa não estava entre as companhias elétricas participantes. Segundo o próprio presidente da companhia, Rinaldo Pecchio Jr., a ausência no certame ocorreu em razão do “patamar de endividamento da empresa”.

O leilão de concessões de Linhas de Transmissão da Aneel foi uma oportunidade para empresas que dedicaram parte da receita na expansão de sua produção.

O que pressiona os dividendos da Taesa?

No último balanço trimestral (do 4T23), o lucro contábil da Taesa apresentou uma queda notável. Apesar disso, a empresa manteve seu dividend yield elevado e ainda não “pisou no freio” em termos de dividendos.

“A visão crítica do mercado é justamente essa”, explica Bernardo Viero, analista CNPI da Suno Research, especialista no setor.

“A empresa até pode seguir com dividendos consideráveis nos próximos anos, mas o fato dela ter optado por pagar muitos dividendos sem conservar caixa para participar com competitividade nos últimos pleitos, que concentraram boa parte da nova Receita Anual Permitida (RAP) nova que entrará em operação na década, deve começar a ser sentido em um período um pouco mais longo”, explica o analista.

Segundo Viero, a manutenção do dividend yield da Taesa pode passar para o investidor a impressão de que está tudo bem, com taxas acima da média. Contudo, existe um risco considerável de a empresa se tornar cada vez menor a partir de 2030, quando começam a vencer concessões que correspondem a 50% da RAP atual até 2034.

“Se colocarmos um filtro um pouco mais longo, até 2036, o montante chega a quase 60%”, explica Viero.

Em entrevista ao Suno Notícias na semana passada, o chairman e fundador da Suno, Tiago Reis explicou que muitos investidores de ações da Taesa devem compreender de onde vêm os lucros da empresa.

“No caso da TAEE11, eles [os proventos] vêm das concessões, só que depois disso essa receita cai e boa parte dos investidores não tem conhecimento disso”, completa Reis.

Para Viero, a perspectiva de “muito menos receita entrando no futuro” pode indicar que o potencial de dividendos que a empresa quer entregar ainda no presente não pode ser considerado sustentável no longo prazo.

Entre as companhias do setor de energia, Arlindo Souza, analista da Levante Corp, assinala que a Taesa é a mais alavancada. Por isso, segundo ele, o investidor não deve esperar por uma distribuição de dividendos tão elevada.

Souza ressalta que o ciclo inflacionário muito alto impulsionou o lucro do IFRS [resultado contábil das empresas de energia, que impacta na distribuição dos lucros] da empresa, mas que o payout atual não é sustentável.

De uma perspectiva mais otimista, Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, aponta que apesar do alto nível de alavancagem em endividamento, a perspectiva é de que a companhia consiga gerenciar a situação.

Isso graças a um “grande e principal motivo: a estabilidade e a manutenção do fluxo de caixa da empresa, algo típico do setor de energia elétrica, que é a garantia dos clientes e do consumo,” reflete o economista.

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Elétricas e dividendos: Eletrobras (ELET3), Engie (EGIE3) e mais

Apesar das previsões de cortes de dividendos da Taesa, Viero ressalta que a empresa ainda não assumiu a redução.

Inserida em um setor tradicionalmente querido pelo pagamento de dividendos, Viero da Suno Research aponta que a maior parte das empresas de energia listadas na bolsa são maduras, geram resultados previsíveis e robustos, as levando ao caminho natural dos dividendos.

“Os modelos de negócios no setor elétrico têm demanda recorrente, são baseados em contratos de longo prazo, possuem facilidade no repasse da inflação e geram muito caixa por concentrarem a imensa maior parte dos investimentos apenas no período de construção dos projetos”, diz o analista.

Segundo Viero, outras empresas de energia que a casa aprecia são Engie (EGIE3) e Eletrobras (ELET3).

“Duas empresas com prazos médios ponderados de concessões muito longos, endividamento controlado e, além disso, crescimento contratado para o curto e médio prazo. Então, em adição ao fato de que as operações atuais já são capazes de gerar caixa suficiente para bons dividendos sustentáveis ao longo do tempo, ainda existe perspectiva desses proventos ficarem cada vez maiores”, argumenta o analista.

Souza, por sua vez, menciona vária outros tickers do setor que considera relevantes. Nas suas recomendações, estão Cemig (CMIG3), Alupar (ALUP11), Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET3), Energisa (ENGI11), Isa Cteep (TRPL4) “Todos esses agentes têm recomendação de compra e devem distribuir bons dividendos também”, defende o analista.

Além disso, ele cita que atualmente posiciona a Taesa em sua recomendação de venda, devido ao valuation muito caro – apesar de enxergar que é uma empresa forte e de boa administração.

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Camila Paim

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