Entenda a forte queda da Vale (VALE3) no Ibovespa nesta quarta-feira
As ações de Vale (VALE3) caíram nesta quarta-feira (03), em linha com o recuo do minério de ferro na China. Sob a empresa, ainda pairam incertezas sobre uma possível interferência governamental, segundo analista.
As ações da Vale (VALE3) fecharam a sessão desta quarta-feira em queda de 1,44%, a R$ 61,05.
Cotação VALE3
“O minério de ferro caiu 2,8%, e está refletindo no setor. Somado à isso, estão as incertezas que ainda pairam sobre a interferência do governo na companhia, e a recente notícia de acordo da Vale com revisão de pagamento pela renovação antecipada das concessões ferroviárias junto ao ministério dos transportes”, explica Fábio Lemos, analista da Fatorial Investimentos.
Sobre a revisão de pagamento acerca da renovação antecipada das concessões ferroviárias, o valor preocupa por não estar previsto pela empresa.
“O valor seria de aproximadamente R$ 25 bilhões e ainda precisaria de aprovação do governo e do Ministério da Fazenda. Esse número excederia o valor previsto pela companhia em seu último relatório bimestral (R$ 17,2 bilhões), portanto seriam necessário ajustes em relação ao prazo a fim de não comprometer as contas no curto prazo“, complementa Lemos.
Vale (VALE3): casas divergem sobre perspectivas; entenda
Em relatório divulgado no início da semana, a XP (XPBR31) informou que excluiu os papéis da Vale da carteira de abril, conta da queda nos preços do minério de ferro.
Em contrapartida, o Santander (SANB11) ressaltou que embora a tese de investimento da mineradora continue altamente dependente da China, acredita que a Vale deve ser beneficiada por uma melhora do cenário para o minério de ferro nos próximos meses. O banco ainda reforçou a empresa como ‘top pick’ do setor de siderurgia e mineração.
“Esperamos que a demanda por minério de ferro de alta qualidade continue decente no curto prazo, beneficiando a empresa devido ao incremento do projeto S11D (localizado no município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará), que aumentou a oferta da commodity de maior qualidade da companhia”, escreveram os analistas Ricardo Peretti e Alice Corrêa.
Com isso, o Santander manteve sua visão positiva sobre os preços do minério de ferro a médio prazo. “A nossa tese é orientada pela restrição de oferta, uma vez que os persistentes desafios de suprimento (por exemplo, ramp-up da Vale, ESG em destaque, falta de novos projetos, entre outros) devem sustentar os preços do minério de ferro acima de US$ 100/t por mais tempo”, pontuou o banco.
O Santander ressaltou ainda que a Vale é a ‘top pick’ do setor de siderurgia e mineração, diante da sua preferência por minério de ferro versus aço, já que agora espera preços médios de minério de ferro de US$ 105/tonelada em 2024 versus US$ 100/tonelada anteriormente. Além disso, o banco vê a Vale negociando a um valuation atraente (rendimento de FCL de 8% e 3,2x EV/Ebitda 2024E), um desconto de 28% em relação aos pares globais.
“Embora reconheçamos que a tese de investimento da Vale continua altamente dependente da China, vemos os fundamentos que apoiam os preços do minério de ferro no curto prazo ainda sólidos, especialmente no momento que passamos por uma sazonalidade de produção mais fraca no Brasil e na Austrália. Olhando para 2024, esperamos que o mercado de minério de ferro permaneça relativamente equilibrado”, acrescentaram os analistas.