Americanas (AMER3) quer ir além dos tradicionais ovos de chocolate nesta Páscoa; entenda

A Americanas (AMER3) reforçou o estoque de Páscoa para 2024. Além dos 11 milhões de ovos, a varejista acaba de comprar meio milhão de coelhos de pelúcia da China.

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O montante é 30% maior em comparação com o mesmo período de 2023, em função da performance positiva do produto, além do avanço nas negociações internacionais.

Para este ano, as principais datadas do calendário de importações estão fechadas e, em breve, a companhia começará a receber produtos referentes ao Dia das Mães e Dia dos Namorados, já embarcados e a caminho do Brasil.

Uma publicação do Estadão/Broadcast no início do mês revelou que a Americanas espera faturar cerca de 20% a mais na Páscoa neste ano em comparação com as vendas do ano passado. O sucesso da data representaria um ponto de inflexão nas operações da companhia um ano após a entrada em recuperação judicial.

O processo transformou uma das principais datas para a empresa em uma operação complexa tanto do ponto de vista operacional quanto financeiro.

A campanha deste ano inclui um retorno das ações de marketing, ainda em escala menor que a de dois anos atrás, e um novo mascote – um coelho gerado por inteligência artificial, a partir de recomendações dos clientes.

A autoproclamada “maior Páscoa do Brasil” é uma das principais datas comerciais para a Americanas durante o ano. Em 2023, porém, aconteceu logo após a revelação da fraude contábil e da recuperação judicial da companhia, fatores que abalaram a credibilidade com os clientes e secaram o crédito dado pelos fornecedores.

Para manter o evento de pé, a Americanas teve de pagar produtos à vista, o que foi possível graças ao empréstimo DIP (sigla em inglês para debtor in possession, ou concessão de crédito a empresas em dificuldades) de R$ 2 bilhões feito pelo trio de acionistas de referência da Americanas, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Com isso, a despeito dos problemas, o volume de vendas da Americanas ficou estável na comparação com a Páscoa de 2022. O caixa foi pressionado, mas a venda no período trouxe recursos que ajudaram a recompor o estoque das lojas para os meses seguintes.

As relações com os fornecedores e o fôlego que a operação física mostrou desde então levaram a varejista a fazer a projeção de que voltará a crescer. Nos nove primeiros meses do ano passado, a venda física da Americanas caiu 4,4%, para R$ 9,275 bilhões, bem menos que os 77% de queda no digital, para R$ 4,801 bilhões.

“O caixa mais robusto nos permitiu voltar para uma estratégia de variedade, e voltar a fazer as compras como a Americanas fazia tradicionalmente”, afirmou ao Estadão/Broadcast o CEO da Americanas, Leonardo Coelho.

Ao longo do ano passado a empresa trabalhou ajustando o mix de produtos ofertados nas lojas. Hoje, são 53 diferentes pacotes de produtos (clusters) para as diversas operações. Na fase mais aguda da crise do ano passado, o número foi reduzido a cinco para facilitar os desafios logísticos.

“Agora, aumentamos a complexidade, mas, ao mesmo tempo, conseguimos gerar um perfil mais adequado de produtos em cada uma das lojas”, afirma Coelho. Na campanha da Páscoa da Americanas, a estratégia foi importante para desenhar a demanda com a indústria.

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Americanas: Páscoa deve testar novo modelo no digital

Os pagamentos aos fornecedores da Páscoa foram à vista quase na sua totalidade. As negociações para a data iniciaram em abril do ano passado, ainda sob o impacto da recuperação judicial da Americanas. Com acesso a um novo aporte de R$ 3,5 bilhões, dos R$ 24 bilhões que a companhia receberá a partir da homologação da recuperação judicial, é esperado que as negociações de prazo sejam restabelecidas.

Nas próximas campanhas de datas comerciais, Coelho aponta que a empresa “volta a ser uma varejista normal”, administrando o capital de giro com o prazo dado por fornecedores. Segundo ele, no Dia das Mães a expectativa é de que este efeito já seja percebido, sobretudo nos acordos com a indústria nacional, em ordem próxima a 50% do volume. “Para o segundo semestre, que inclui Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday e Natal, tudo já vem com prazo”, diz.

A Páscoa de 2024 também servirá para colocar à prova o novo modelo de atuação da empresa no digital. A partir da recuperação judicial e dos padrões de compra dos clientes, a Americanas mudou de estratégia e passou a manter em estoque próprio para o site apenas os produtos que também vende nas lojas, como os próprios chocolates. Categorias como as de eletrodomésticos de linha branca ficaram exclusivamente nos estoques de outras empresas que vendem por meio do marketplace da empresa.

Essa mudança veio acompanhada de um investimento da Americanas na chamada retail media, termo que designa ações de publicidade feitas pelas marcas no ambiente da varejista. O cliente que entra no aplicativo da companhia é “recebido” por banners com os ovos de Páscoa de fornecedores variados, o que gera outra fonte de receita.

“Em uma busca na internet por ovos de Páscoa, caixas de bombons e barras de chocolate, o primeiro vendedor que aparece é a Americanas. Temos de estar preparados no nosso digital para atender a esse público”, afirma Coelho. “Temos ações com vários fabricantes para destravar o desejo do nosso consumidor de buscar esses produtos tanto na loja física quanto no digital.”

Na loja física, a estratégia considera o calendário. Neste ano, a Páscoa cai no final de março, e fim de mês significa pouco dinheiro para a maioria dos clientes. Diante disso, a Americanas abasteceu as lojas antes, para as vendas acontecerem já no começo do mês. Além disso, a empresa planeja utilizar a fintech Ame para permitir compras com o chamado Pix parcelado.

*Com informações de Estadão Conteúdo

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Giovanni Porfírio Jacomino

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