Fed mantém taxa básica de juros entre 5,25% a 5,50% e reitera chance de três cortes em 2024

O Federal Reserve, ou Fed, manteve a taxa de juros dos Estados Unidos entre 5,25% e 5,50%. A reunião do comitê FOMC chegou à decisão nesta quarta-feira (20).

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Segundo comunicado do banco central norte-americano, os indicadores sugerem que a atividade econômica nos EUA está expandindo a um ritmo sólido. “Os ganhos de emprego permaneceram fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação diminuiu ao longo do último ano, mas permanece elevada”, ressaltou a organização.

O comitê de política monetária dos Estados Unidos (FOMC, similar ao Copom no Brasil) reforçou que seu objetivo é alcançar o pleno emprego e uma inflação na taxa de 2% no longo prazo.

No cenário atual, os membros, liderados pelo presidente do Fed, Jerome Powell, acreditam que os riscos para atingir a meta estão se “movendo para um melhor equilíbrio”.

“O Comitê está fortemente comprometido em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%”, reforçou o comunicado oficial do Federal Reserve.

Em discurso após divulgação dos números, Jerome Powell afirmou que o mercado de trabalho “está em boa forma”.

Apesar disso, eles afirmam que a perspectiva econômica norte-americana permanece incerta e que o FOMC está atento aos riscos inflacionários.

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Fed persiste em manter juros em patamar acima de 5%

Na reunião do FOMC, dos 19 membros do Fed, nove esperam que a taxa básica de juros dos Estados Unidos termine 2024 na faixa entre 4,50% e 4,75%, conforme aponta o gráfico de pontos.

Segundo o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, a postura de cautela adotada pelo FOMC também era esperada no discurso de Jerome Powell, que acontece hoje (20).

“Estamos na segunda fase do processo desinflacionário, onde a queda dos preços é mais lenta e mais dependente do ciclo econômico. Logo, os próximos dados serão importantes – principalmente, inflação de serviços”, analisa Sung.

Na interpretação de André Fernandes, head de renda variável da A7 Capital, o discurso do Fed hoje foi mais “dovish, apesar de não indicar quando devem cortar os juros.”

Além disso, o especialista ressalta a visão do presidente de que a política monetária já teria chegado ao seu pico. “Com isso, acredito que as apostas seguem firmes para junho em relação ao primeiro corte do juros americano”, disse Fernandes.

Federal Reserve vai resistir às pressões para corte mais seguro

Apesar da pressão para a redução da inflação, os membros do Federal Reserve reiteraram que os cortes apenas virão quando houver “adquirido maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%.”

Para Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, a decisão do FOMC, assim como as novas projeções, “vieram melhores do que o temido, mas mostram menor convicção com o ciclo de afrouxamento à frente.”

Sung explica que o FOMC atualmente está diante de um dilema: se o Fed afrouxar a política monetária prematuramente, pode gerar um descontrole de preços. Porém, se aguardar muito para cortar os juros, poderá comprometer a atividade econômica.

“Dado que a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam sustentando a economia, o Fed não terá pressa em tomar decisões”, avalia o economista.

Gráfico de pontos aponta que 9 dirigentes do Fed veem juros entre 4,50% e 4,75% no fim de 2024

Entre os 19 dirigentes que submeteram projeções na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) nesta quarta-feira, nove esperam que a taxa básica de juros dos Estados Unidos termine 2024 na faixa entre 4,50% e 4,75%, conforme aponta o gráfico de pontos. Atualmente, a taxa dos Fed Funds está entre 5,25% e 5,50% e foi mantida nesta quarta-feira, conforme decisão do comitê.

Apenas um dirigente vê um relaxamento monetário mais profundo no período, com expectativa de juros a 4,25% e 4,50% até dezembro próximo.

Mais conservadores, dois membros do FOMC projetam manutenção no nível atual este ano e outros dois espera, apenas um corte de 25 pontos-base nesse horizonte.

Em relação a 2025, seis dirigentes esperam juros no intervalo entre 3,75% e 4,00% e outros cinco na faixa entre 3,50% e 3,75%. Uma autoridade enxerga a taxa inalterada também no fim do ano que vem, enquanto outras duas considera o patamar entre 4,25% e 4,50% mais provável naquela altura.

Para o fim de 2026, seis dirigentes preveem juros básicos entre 3,00% e 3,25% e outros cinco entre 2,75% e 3,00%. No longo prazo, oito integrantes veem a taxa no ponto médio de 2,5%.

Chance de Fed cortar juros em junho avança de 64,7% a 73,6%, após decisão de hoje, mostra CME

A chance de os juros dos EUA começarem a cair em junho nos Estados Unidos aumentou, depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) divulgou decisão de manter as taxas inalteradas no período da tarde desta quarta-feira, 20. A probabilidade de o corte vir ao final do semestre subiu a 73,6%, de 64,7% antes do anúncio, segundo monitoramento do CME Group.

O cenário de cortes acumulados de 75 pontos-base ao longo do ano se manteve como o mais provável. Sua probabilidade passou de 34,5% para 34,3%. Em segundo lugar, a chance de cortes de 100 pontos-base até o fim do ano avançou de 24,1% a 28%.

O gráfico de pontos do Fed mostra que a maioria dos dirigentes do Fed vê o juro entre 4,50% e 4,75% no fim de 2024.

Dificilmente o Fed não entregará o corte de juros em junho – afinal, houve aumento de PIB e inflação, e mesmo assim o orçamento de cortes seguiu o mesmo.

Na entrevista, quando questionado sobre como subir o PIB nos três anos de projeção sem mexer com a inflação para 25 e 26, Powell disse que são coisas em separado. Em várias situações, ele destacou o movimento do lado da oferta da economia para explicar essa pujança da atividade, o que não seria inflacionário.

Sobre o mercado de trabalho, quando questionado diretamente se números fortes de contratação o levariam a rever o orçamento dos juros ele disse que ‘Not in itself, no. You saw last year, strong hiring and inflation coming down quickly. We now have a better sense that a bigger part of that was supply-side healing particularly with growth in the labor force’. Essa mensagem combina com um comitê que dá uma importância menor ao timo de vagas criadas, contanto que sigamos vendo moderação dos reajustes dos salários para um patamar mais ‘sustentável’.

Quando questionado sobre o que o tornará mais confiante para cortar, ele respondeu que será a inflação dar sinais de que está caminhando para o objetivo de 2%. De maneira geral, o discurso dele coloca toda a atenção nos próximos números de inflação e diminui a relevância dos dados de atividade para a definição do início do ciclo de cortes.

Sobre o programa de redução do balanço, ele disse que houve a discussão para em breve reduzir o ritmo de redução passiva do balanço. Isso combina com uma decisão já em maio, o que também é uma inovação para o lado mais dovish.

Seguimos esperando início do ciclo de cortes em junho e antecipamos, assim como o FED, cortes de 75 bps em 2024.

Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, comenta: “Dificilmente o Fed não entregará o corte de juros em junho – afinal, houve aumento de PIB e inflação, e mesmo assim o orçamento de cortes seguiu o mesmo.”

Ela acrescenta: “Na entrevista [do presidente do Fed, Jerome Powell], quando questionado sobre como subir o PIB nos três anos de projeção sem mexer com a inflação para 25 e 26, Powell disse que são coisas em separado. Em várias situações, ele destacou o movimento do lado da oferta da economia para explicar essa pujança da atividade, o que não seria inflacionário.”

Débora completa: “Quando questionado sobre o que o tornará mais confiante para cortar, ele respondeu que será a inflação dar sinais de que está caminhando para o objetivo de 2%. De maneira geral, o discurso dele coloca toda a atenção nos próximos números de inflação e diminui a relevância dos dados de atividade para a definição do início do ciclo de cortes.”

A economista espera início do ciclo de cortes em junho: “Antecipamos, assim como o Fed, cortes de 75 bps em 2024.”

Inflação desacelera nos EUA, mas segue muito alta, com rumo adiante ainda incerto, diz Powell

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que a inflação nos Estados Unidos desacelerou, mas segue muito elevada e, portanto, o caminho da política monetária no país ainda é “incerto”.

“A inflação ainda é muito elevada e estamos vendo progressos em seu processo de desaceleração. Não está garantido progresso em andamento e o caminho a seguir é incerto”, disse Powell, em coletiva de imprensa, no período da tarde desta quarta-feira, 20, na sequência da decisão do Fed que manteve os juros dos EUA estáveis entre 5,25% e 5,50% ao ano, como amplamente esperado no mercado.

Segundo ele, o Fed segue focado em seu duplo mandato para emprego e inflação, focado em retornar o índice de preços à meta de 2% ao ano. “Nossa postura tem colocado pressão de baixa na atividade e na inflação”, acrescentou.

Também em linha com as expectativas de Wall Street, o BC dos EUA manteve a projeção de três cortes de juros para este ano, a despeito de uma inflação resistente e o forte crescimento da economia americana.

“Dirigentes em geral revisaram para cima projeções de crescimento”, destacou Powell, a jornalistas.

A projeção do Fed para o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) foi elevada para 2,6%, de 2,4% em dezembro. O indicador exclui itens voláteis como os preços de alimentos e energia. Por sua vez, a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA subiu para 2,1% contra 1,4%, nesta ordem.

Com Estadão Conteúdo

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Camila Paim

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