Eletrobras (ELET3): ação volta a cair após notícia sobre aumento de cadeiras no conselho com interferência política. O que dizem os analistas?
A Eletrobras (ELET3) encerrou o quarto trimestre de 2023 (4T23) com lucro líquido de R$ 893 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 479 milhões apurado no mesmo intervalo de 2022. Para a XP Investimentos, os resultados foram positivos, o que fez os analistas manterem recomendação de compra para a companhia. A visão, contudo, não é unânime. E as ações engataram perdas consecutivas no Ibovespa – agravada hoje com uma notícia que pegou os investidores de surpresa.
Nesta segunda-feira (18), as ações da Eletrobras caíram 3,6%, cotadas a R$ 41,45. Na última quinta-feira (14), quando a empresa reportou seu balanço, as ações subiram 1,41%. Hoje, o mercado está reagindo à uma possível decisão da companhia em ampliar o número de cadeiras no Conselho da Eletrobras, passando de nove para onze conselheiros, com dois indicados pelo governo Lula, segundo informações do colunista Lauro Jardim, do Globo.
Contudo, qualquer alteração terá que ser aprovada em uma Assembleia Geral Extraordinária. Dez meses atrás, a AGU entrou com uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) reivindicando quatro assentos, mas até o momento não houve resolução.
Sobre o relatório, segundo a XP, o Ebitda ajustado (exclui lucros e despesas não recorrentes de uma empresa) de R$ 5,392 milhões superou ligeiramente as expectativas no 4T23, representando um aumento de 4,6% em relação à projeção inicial. Em relação ao balanço energético, houve pouco progresso na redução da posição não contratada.
“Na frente de empréstimos compulsórios, o passivo diminuiu R$ 1,9 bilhão no trimestre, embora os ganhos com contratos tenham sido compensados por novas provisões. Esses resultados ainda não estão no nível de eficiência esperado pós-privatização, mas acreditamos que após as mudanças de gestão feitas no 2S23, poderão ser alcançados em 2024”, comenta a Research.
A dívida bruta atingiu R$ 60,7 bilhões, enquanto a posição de caixa foi de R$ 18,9 bilhões. Os analistas afirmam que a dívida bruta da Eletrobras diminuiu R$ 9,7 bilhões em relação ao 3T23, impactada principalmente pelas operações de captação de recursos e pela consolidação da Teles Pires.
A relação dívida líquida/EBITDA ficou em 2,2x, bem abaixo dos seus atuais covenants. A Eletrobras reportou Capex de R$ 4,6 bilhões no trimestre.
Eletrobras reverte prejuízo e registra lucro líquido
A Eletrobras encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 893 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 479 milhões apurado no mesmo intervalo de 2022. No acumulado de 2023, o lucro foi de R$ 4,395 bilhões, resultado 21% maior que o registrado no ano anterior.
De acordo com o balanço da Eletrobras, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) somou R$ 1,055 bilhão no quarto trimestre, uma queda de 26% ante o apurado um ano antes. No ano, o Ebitda da Eletrobras somou R$ 17,020 bilhões, o que representa uma alta de 49% ante o ano anterior.
Já o Ebitda regulatório recorrente somou R$ 5,642 bilhões entre outubro e dezembro, uma alta de 5% ante um ano. Em 2023, o Ebitda somou R$ 21,522 bilhões, um avanço de 19% ante 2022.
A Eletrobras no 4T23 apresentou alta de 10% na receita operacional líquida ante igual período do ano anterior, para R$ 9,922 bilhões, refletindo principalmente o aumento das receitas de transmissão. No acumulado do ano, a receita totalizou R$ 37,159 bilhões, um crescimento de 9% ante o ano de 2022.
No 4T23 da Eletrobras, o resultado financeiro ajustado ficou negativo em R$ 2,269 bilhões, principalmente pelos maiores encargos de dívidas, pela atualização monetária das obrigações com a CDE e a revitalização de bacias hidrográficas.
Nos últimos três meses de 2023, os investimentos da Eletrobras totalizaram R$ 4,632 bilhões, montante 148% superior ao investido no trimestre anterior. No ano, os investimentos totalizaram R$ 9,018 bilhões, um crescimento de 60% em relação a 2022.
Eletrobras está na direção correta, mas impactada por itens não recorrentes, diz Safra
O resultado operacional da Eletrobras no quarto trimestre de 2024 foi considerado “fraco” pela equipe de análise do Safra, que citou que itens não recorrentes, como provisões e “impairment” (deterioração de ativos), “obscureceram” o desempenho. No entanto, os analistas Daniel Carabolante Travitzky, Carolina Carneiro e Mario Wobeto afirmaram em relatório a clientes que a companhia “segue na direção correta, embora ainda sofra com problemas do passado”.
Na visão dos profissionais, os números ajustados foram bons, beneficiados por iniciativas de controle de custos, programas de demissão voluntária e novas negociações para redução de passivos, com destaque para a diminuição do estoque relacionado a empréstimos compulsórios.
Já o Itaú BBA avaliou que as provisões da Eletrobras, apesar de não serem recorrentes, tiveram impacto negativo nos resultados do quarto trimestre de 2023. Apesar disso, o banco também destacou que a empresa conseguiu reduzir seus empréstimos compulsórios e ter um “sólido” controle de custos.
Analistas do Citi, Antonio Junqueira e Guilherme Bosso afirmaram em relatório que há questões positivas na Eletrobras que podem agregar valor à empresa em áreas como gestão de ativos e passivos, recuperação de custos e processo de simplificação fiscal e organizacional.
Desempenho anual da Eletrobras
Cotação ELET3
