Natura (NTCO3) tem ‘resultados mistos’ no 4T23, dizem analistas. Veja por que ações dispararam no Ibovespa
A Natura (NTCO3) encerrou o quarto trimestre de 2023 (4T23) com prejuízo líquido consolidado de R$ 2,662 bilhões. Segundo os analistas do BB Investimentos (BB-BI), a companhia reportou um trimestre de resultados mistos.
Para o BB-BI, a companhia reportou elevação de margens na comparação anual, refletindo a alta de preços e melhora do mix de produtos, além de evoluir na geração de caixa operacional.
No entanto, ainda é observada retração de vendas da Natura no 4T23. A marca Avon, mesmo passando por um projeto de reestruturação desde sua aquisição em 2020, ainda sofre para conquistar sua relevância nos diferentes mercados em que atua.
“Nesse contexto, o Grupo divulgou, em fevereiro, que está estudando uma possível separação da Natura&Co Latam e da Avon em duas companhias de beleza independentes de forma a gerar mais valor para os acionistas da Avon”, explica o BB-BI, que tem recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 17,33.
Nesta terça (12), as ações da Natura saltaram 6,64%, cotadas a R$ 18,48. Foi a segunda maior alta do Ibovespa, em em dia de ganhos para o varejo na Bolsa.
Os analistas enxergam que uma potencial separação pode proporcionar maior visibilidade sobre o desempenho financeiro, estrutura, perspectivas de crescimento e teses de investimento das respectivas companhias.
Natura: resultados ainda “obscurecidos”, diz o Citibank
Segundo o Citibank, os resultados da Natura ainda são “obscurecidos” por muitos acontecimentos pontuais e pela reestruturação das operações da Avon.
De acordo com os analistas do banco, a Natura & Co teve outro trimestre marcado por “eventos extraordinários consideráveis e custos de transformação substanciais”. No entanto, a expectativa é de que este seja um dos últimos trimestres com grandes ajustes, pois a empresa está próxima de concluir seu processo de reestruturação e simplificação.
Os custos de transformação, de R$ 227 milhões, ficaram 44% acima da estimativa do banco.
O Citi observou ainda que, devido ao pagamento de dividendos extraordinários, o fluxo de caixa livre (FCF) pode ser sazonalmente pior no primeiro trimestre de 2024. Além disso, um potencial pagamento de imposto sobre o ganho de capital da Aesop pode resultar em “mudanças consideráveis” na estrutura de capital ao longo do ano.
O banco recomenda a compra dos papéis da Natura &Co, com um preço-alvo de R$ 21, representando um potencial de valorização de 21,1% em relação ao fechamento anterior.
Companhia tem alta de 199% no prejuízo do 4T23
A Natura encerrou o quarto trimestre de 2023 com prejuízo líquido consolidado de R$ 2,662 bilhões, uma perda 199% maior que a registrada no mesmo intervalo de 2022.
O resultado, segundo a empresa, foi impactado pela perda de capital com a venda da The Body Shop, cuja transação foi concluída em dezembro do ano passado, e pelo impairment do ágio da Avon International.
Excluindo os custos de transformação, de reestruturação, operações descontinuadas e outros não recorrentes, o lucro líquido underlying da Natura foi de R$ 506 milhões, ante uma perda de R$ 49 milhões do mesmo intervalo do ano anterior.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da Natura ficou negativo em R$ 55,7 milhões entre outubro e dezembro, ante Ebitda positivo de R$ 65,3 milhões apurado um ano antes. Já o Ebitda ajustado da Natura foi de R$ 670,6 milhões, superior aos R$ 512 milhões do mesmo intervalo de 2022, com uma margem Ebitda ajustada de 10,1%, alta de 370 pontos-base em relação ao ano anterior.
A receita líquida consolidada da Natura caiu 17,4% no último trimestre de 2023 ante um ano, para R$ 6,613 bilhões.
As despesas financeiras líquidas totais da Natura foram de R$ 617 milhões no quarto trimestre de 2023, em comparação com despesas de R$ 502 milhões apuradas no mesmo período do ano anterior.
“2023 foi um ano marcante para a Natura &Co, com avanços importantes e significativos nas frentes estratégica, operacional e financeira, e de balanço”, destaca o CEO da Natura, Fábio Barbosa, no release de resultados.
Desempenho anual das ações da Natura
Cotação NTCO3