Deutsche Bank: política ambiental atrapalha investimentos no Brasil
Para a Deutsche Bank, maior banco alemão, a atual política ambiental brasileira atrapalharia os investimentos estrangeiros no País. A declaração foi realizada neste domingo (16) pelo diretor de investimentos do Deutsche Bank Wealth Management nas Américas, o indiano Deepak Puri.
Segundo o executivo da Deutsche Bank, a política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro “sim, tem atrapalhado” os investimentos estrangeiros diretos.
“O mercado questiona o quão sensível o Brasil é para a questão ambiental. Esse tema foi o principal das discussões em Davos neste ano, mas escuto de nossos clientes há alguns anos”, explicou Puri em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”.
Para o funcionário da Deutsche Bank, “a governança ambiental e social está na cabeça dos investidores. Quando ocorre algo como abrir a Amazônia para a exploração, dá a percepção fora do Brasil de que o governo não se importa com o meio ambiente”.
Saiba mais: Deutsche Bank vende parte do negócio de corretagem ao BNP Paribas
O banco alemão estaria se movendo para o que chama de “performance com objetivo”. “Queremos investir onde haja um impacto positivo para a sociedade. É o modo que as pessoas vão investir agora e no futuro”, disse Puri.
Deutsche Bank alerta sobre risco do coronavírus
Para o executivo, o Brasil poderia perder 0,1 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) esse ano por causa dos efeitos econômicos do coronavírus. Entretanto, o País deveria manter a recuperação econômica mais forte ao longo de 2020.
Saiba mais: Deutsche Bank vende US$ 50 bi em ativos ao Goldman Sachs, diz fonte
“Esperamos um crescimento de 2,3%, mas isso é pré-coronavírus. A epidemia pode tirar 0,1 ponto porcentual. Mas há razões estruturais para acreditar no crescimento. O fluxo de fundos, o dinheiro do exterior, começou a voltar. Também teve a reforma da Previdência. O que ainda desaponta são os dados da atividade. Mas o fato de o BC ter cortado os juros deu impulso aos negócios”, declarou Puri.
Segundo o executivo, a “grande onda” da recuperação ainda não começou. Entretanto, “há sinais de melhora”. O Brasil teria retornado no radar dos investidores globais, de onde tinha desaparecido entre 2015 e 2017.
Entretanto, tudo dependerá do impacto da epidemia de coronavírus sobre a economia da China, primeiro parceiro comercial do Brasil. “Achamos que pode tirar de 0,3 a 0,4 ponto porcentual do PIB chinês no ano. Mas o Banco Central (BC) chinês vai estimular a economia e o governo também. Por isso, é cedo para mensurar o impacto. Mas, globalmente, devemos ver uma perda de 0,2 ponto porcentual”, salientou o executivo do Deutsche Bank.