Susto com Petrobras (PETR4) impacta cotação do dólar; moeda americana acumula alta na semana

Na sexta-feira (08), o dólar subiu 0,97% e fechou o dia vendido a R$ 4,982, após duas quedas seguidas. Com o desempenho, a moeda americana terminou a semana com ganhos de 0,54% frente ao real. Para analistas, novamente, o desempenho da moeda foi influenciado por dados econômicos dos Estados Unidos que saíram ao longo da semana.

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As atenções dos investidores ficaram voltadas para a divulgação do dado econômico mais aguardado pelo mercado, especialmente pelo mercado cambial: os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, o Payroll

Os dados de emprego dos EUA superaram as expectativas em fevereiro, com a criação de 275 mil empregos fora do setor agrícola, acima das previsões dos analistas que variavam de 125 mil a 260 mil novos postos de trabalho. Este cenário pode complicar as decisões de início de corte de juros nos Estados Unidos.

“Os dados do Payroll acima do esperado indicam sinais de um mercado de trabalho desacelerado, mas ainda relativamente forte. Isso pode diminuir as expectativas de um primeiro corte de juros em junho”, explica Bruno Nascimento, analista de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T. 

Segundo Nascimento, o resultado impulsionou o dólar, que voltou a se aproximar dos R$ 5,00. Além dos dados da economia norte-americana, o analista também cita a saída de fluxo estrangeiro devido às decisões da Petrobras (PETR4) de não distribuir proventos extraordinários, o que fortaleceu ainda mais a moeda americana. 

“Na sexta-feira observamos uma apreciação forte da moeda americana, chegando a quase 1% de alta no dia, impulsionada pelo fluxo de estrangeiros vendendo suas participações na Petrobras. Os papéis da empresa acumularam mais de 10% de queda desde a abertura do mercado no dia 8, após anúncio de corte no pagamento de dividendos extraordinários e resultados mais fracos no último trimestre”, comenta Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital. 

Dólar: discurso de Powell mexeu com desempenho da moeda

Ao contrário da paridade com o Real, o Dólar DXY manteve tendência da trajetória negativa dos últimos meses e encerrou a semana acumulando mais de 1% de queda, sua pior performance desde dezembro de 2023.

Para Kist, o movimento contínuo de contração do dólar no exterior é influenciado principalmente pelas expectativas em relação ao início do corte de juros por parte do Federal Reserve (FED). “Uma vez que o banco central americano deve iniciar o corte das Fed Fund Rates, a renda fixa americana, que atraiu um grande fluxo de capital por conta das máximas das taxas. Antevendo esse movimento de corte de juros, o fluxo de capital já tem impactado negativamente o dólar há algumas semanas.”

A analista explica que o maior agravante dessa tendência na semana foram os discursos de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, na Câmara e no Senado, reforçando a intenção do BC americano em cortar os juros gradualmente nesse ano, para evitar o risco de apertar demais a atividade econômica e o mercado de trabalho dos EUA. 

“Apesar de dados de criação de empregos acima do esperado pelo consenso de mercado também terem sido divulgados na semana, o nível de desemprego subiu e a média salarial teve queda, compondo dados mistos, que não foram o suficiente para alarmar o mercado que espera início dos cortes em junho, encorajado pelas falas de Powell”, diz Kist. 

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Cortes de juros dependerão da evolução da economia dos EUA

Em audiência na Câmara dos Representantes do país, Jerome Powell reconheceu os progressos recentes no combate à inflação, mas disse que o Fed espera mais indicadores para ficar confiante de que o país caminha em direção à estabilidade de preços de forma sustentável.

Powell acrescentou que a autoridade monetária pode agir de maneira mais cautelosa nos próximos passos por conta da força da atividade e do mercado de trabalho.

O presidente do Federal Reserve ainda afirmou que o BC dos EUA está analisando os comentários feitos na consulta pública sobre a proposta de reforma da regulação bancária, conhecida como Basileia III.

Na audiência na Câmara dos Representantes dos EUA, Powell não descartou a possibilidade de o Fed divulgar uma proposta nova como resultado do processo. “Haverá mudanças amplas e materiais na proposta”, disse.

O banqueiro central acrescentou que a inflação de serviços residenciais nos EUA está arrefecendo e deve seguir em baixa à frente, enquanto os preços de bens já apresentam deflação nos EUA.

De acordo com Powell, o Fed provavelmente começará sua revisão periódica da estratégia de política monetária no fim deste ano e deve concluí-la em 2025.

O que esperar do dólar na próxima semana?

Para a próxima semana, Nascimento afirma que os investidores precisam ficar atentos aos dados inflacionários, IPCA  no Brasil e o IPC nos Estados Unidos, que serão divulgados na terça-feira. 

Além disso, o mercado deve voltar sua atenção para a “super quarta-feira”, que será no dia 20 de março, quando teremos decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

“Em termos de mercado, de números, a semana que vem vai estar mais estável, com os investidores olhando para a Super Quarta, que tanto sai a taxa americana como aqui os juros brasileiros. Então acredito que o dólar e os juros continuarão nessa lateralidade, a menos que aconteça alguma coisa que hoje a gente não esteja prevendo”, projeta Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.

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Vinícius Alves

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