Gerdau (GGBR4) entrará com medidas de defesa contra asiáticas em meio à “guerra do aço”
A Gerdau (GGBR4) vai entrar com pedidos de defesa antidumping contra empresas chinesas e de outros países asiáticos nos próximos meses tanto para aços longos quanto planos, informou o diretor-presidente da siderúrgica, Gustavo Werneck, nesta quarta-feira (21) durante divulgação dos resultados do quarto trimestre da companhia. O pedido será feito ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (MDIC).
De acordo com Werneck, a empresa esperava uma decisão do governo sobre aumento da alíquota de importação para produtos siderúrgicos até fevereiro. No entanto, a expectativa foi frustrada em meio, aos esforços intensos do Instituto Aço Brasil – entidade que representa as siderúrgicas – para sensibilizar o governo em relação ao pleito das empresas.
Werneck comentou que a decisão da Gerdau “já está tomada” em relação ao próximo movimento da companhia para a adoção de pedidos de defesa antidumping, mas, por uma razão estratégica, não detalhou quais produtos seriam alvos dos pedidos.
O executivo relembrou ainda que em 2022 a siderúrgica já havia feito um pedido semelhante para o aço laminado a quente, mas não foi atendido pelo governo.
Sobre o pleito feito em 2022, Werneck disse ter recebido uma resposta do Getip (Grupo Técnico de Interesse Público), órgão do MDIC, que reconheceu que a Gerdau sofreu danos em seus resultados por conta de uma concorrência desleal, mas que não poderia atender ao pleito da empresa por conta de um “risco inflacionário” e prejuízos em outros setores da economia. “É um negócio que só vemos no Brasil”, acrescentou.
“Estamos fazendo essas formalidades, mas estamos descrentes de que isso (uma aprovação) pode acontecer”, afirmou Werneck, acrescentando que uma tomada de decisão específica sobre o pleito demora em média 18 meses, o que seria um tempo muito longo para a urgência exigida atualmente pelo cenário enfrentado pela siderúrgica no Brasil.
“Pedimos que o governo coloque medidas de curtíssimo prazo como a elevação das tarifas para 25%. Quem sabe até a implementação de cotas, como aconteceu na Seção 232 nos Estados Unidos”, afirmou Werneck.
O vice-presidente executivo de Finanças e diretor de Relações com Investidores da Gerdau, Rafael Japur, afirmou que a empresa também avalia entrar com outras ações em conjunto com outras companhias do setor. “Estamos avaliando entrar com outras empresas com medidas de defesa contra a concorrência, mas não podemos detalhar quais são as linhas ou produtos. Estamos verificando taticamente a melhor decisão, tomando todas as precauções jurídicas e de governança”, afirmou.
Werneck acrescentou que, do ponto de vista técnico, a Gerdau está munida de informações e preparo para entrar com um pedido consistente junto ao MDIC.
Com Estadão Conteúdo