Ibovespa em 2024: estrangeiros retiram R$ 5,3 bi do Brasil, em fuga de mercados emergentes
Após terminar 2023 com máximas históricas e registrando alta de 22%, o Ibovespa perdeu força no começo de 2024, acumulando queda de quase 5% em janeiro. Para a XP Investimentos, grande parte dessa queda é explicada pela saída do investidor estrangeiro.
No ano passado, a Bolsa brasileira registrou uma forte entrada de capital estrangeiro, cerca de R$ 56 bilhões, o segundo maior fluxo dos últimos 15 anos. Em 2024, o cenário, por enquanto, é o inverso, com a saída de R$ 5,3 bilhões.
Segundo analistas, a saída de capital estrangeiro está relacionada ao cenário macroeconômico global. Em dezembro, o rali de ativos globais foi catalisado pela expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) em 2024. No entanto, uma série de dados econômicos dos Estados Unidos, indicam uma economia ainda resiliente, com inflação vindo acima do esperado.
Dessa forma, o mercado atribuía, antes dos dados, uma probabilidade de 88% para um corte na reunião de março do Federal Reserve (Fed), mas agora a probabilidade diminuiu para 45%.
“As taxas de juros dos títulos públicos norte-americanos (Treasuries) também subiram, e o apetite por risco do investidor global diminuiu, levando-o a tirar dinheiro de ativos mais arriscados, como mercados emergentes”, afirma a XP.
Ibovespa: XP continua vendo um cenário positivo para as ações
De acordo com a XP, sua visão em relação à Bolsa não mudou, continuando construtivos com ações brasileiras.
“Vemos essa saída de capital estrangeiro muito mais relacionada ao global do que com a tese de Brasil.”
A XP ainda acredita que a Bolsa brasileira pode se beneficiar de:
- Fluxos de investidores, principalmente domésticos
- Valuation atrativo: os indicadores de múltiplos continuam negociando abaixo das médias históricas
- Ciclo de corte de juros
Estrangeiros realizam maior saque em único dia em quase três anos
Os investidores estrangeiros sacaram R$ 3,45 bilhões em recursos no segmento secundário da B3 (B3SA3) na última sexta-feira (19), dia em que o Ibovespa subiu 0,25%. Foi o maior saque líquido em um dia desde 22 de fevereiro de 2021, segundo levantamento do Valor Data.
Ibovespa: Guide prevê 155 mil pontos para o índice em 2024
Em relatório, analistas da Guide Investimentos estimam que o Ibovespa alcance 155 mil pontos em 2024. A corretora projeta maior crescimento do lucro das empresas em cenário de juros baixo.
“Em nossa visão, o ano de 2024 será marcado por duas discussões principais: queda de juros e desaceleração econômica”, afirma a Guide.
Os analistas citam que historicamente os períodos de quedas de juros são positivos para investimentos, incluindo ações, fundos imobiliários e renda fixa pré-fixada. “Até agora a queda dos juros teve pouco impacto no mercado financeiro. Não vimos crescimento tão expressivo de de recursos nos fundos de ações e fundos multimercados. Acreditamos que esta situação deve mudar em 2024″, cita a Guide, que projeta Selic abaixo de 10%.
Outro ponto relevante para o Ibovespa em 2024, segundo a casa, será a redução de volume de ofertas, em contraste com 2019/20, quando bateram recordes. De acordo com analistas, a quantidade de ofertas pode ter influenciado negativamente o desempenho do mercado nos anos seguintes.
“O que estamos vendo nos últimos anos (2022/23) é exatamente o inverso: as ofertas de ações no Ibovespa “secaram”. As poucas que vieram ao mercado foram de empresas com endividamento elevado ou algum outro problema que forçou uma capitalização”, diz a equipe da Guide.