Ibovespa segue exterior e cai 0,60%, aos 128 mil pontos; Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) recuam e SLC Agrícola (SLCE3) sobe 3,8%

O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa de Valores, apresentou baixa de 0,60% na sessão de hoje (17), aos 128.523,83 pontos. O índice variou entre a mínima de 128.311,94 pontos e a máxima de 129.296,43 pontos. O volume financeiro atingiu R$ 43,9 bilhões.

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A reprecificação da chance de corte de juros nos Estados Unidos ainda no primeiro trimestre, que tem afetado o apetite por risco em todo o mundo neste começo de ano, continuou a cobrar tributo da B3 nesta quarta-feira. Assim, neste meio de semana, o Ibovespa desce mais um degrau, aos 128.523,83 pontos, distanciando-se aos poucos da máxima histórica de 134,1 mil pontos, do fim do ano passado.

Na semana, o Ibovespa recua 1,88% e, no mês, cede 4,22%.

O Ibovespa terminou o dia em linha com as Bolsas de Nova York, que também encerraram a sessão em queda.

  • Dow Jones: -0,25%, aos 37.266,80 pontos;
  • S&P500: -0,56%, aos 4.739,24 pontos;
  • Nasdaq: -0,59%, aos 14.855,62 pontos.

Apostas sobre juros nos EUA

Agora, o mercado se divide em relação às apostas quanto ao momento em que começará o ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos: a chance de o Federal Reserve (o BC dos EUA) iniciar o corte na taxa de juros de referência já em março – alternativa que havia se fortalecido em dezembro passado, energizando então os mercados globais – recuou ainda mais, conforme a CME, que monitora a curva futura.

No meio da tarde, a plataforma indicava 53,2% de probabilidade de o Fed cortar a taxa básica em março, comparada a 66,9%, ontem. A possibilidade de ocorrer manutenção passou para 46,8%, hoje. Antes da divulgação, em 3 de janeiro, da ata da mais recente reunião de política monetária do BC americano, realizada em dezembro, a curva futura chegou a embutir cerca de 80% de chance de que um corte de juros viria em março.

Desde então, a ata, bem como uma nova fornada de dados dos EUA – incluindo a inflação de dezembro (acima do esperado) – e novas declarações de autoridades do Fed, fizeram o otimismo refluir, com realinhamento de rendimentos dos Treasuries – que voltam a se firmar acima do limiar de 4% nos vencimentos de 2 anos (hoje, a 4,37% na máxima do dia), de 10 anos (4,13%) e de 30 anos (4,34%).

Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, destaca nesta quarta-feira a leitura acima do esperado para as vendas do varejo nos Estados Unidos, em alta de 0,6% em dezembro, na margem, frente expectativa de consenso a 0,4% para o mês. Além de dados econômicos resilientes nos Estados Unidos, que afetam diretamente a perspectiva para os juros americanos, a insegurança que tem afetado o tráfego de embarcações de carga pelo Mar Vermelho – muito importante para o comércio global por proporcionar o encurtamento de rotas, especialmente entre Europa e Ásia, pelo canal de Suez – é outro fator de incerteza com implicações diretas para a economia.

“A tensão quanto a conflitos no Mar Vermelho pode impactar a inflação e os juros globais, o que já tem feito preço nos últimos dias, contribuindo para as quedas nas bolsas”, acrescenta Cardozo.

Além dos desdobramentos em torno dos Estados Unidos e do Oriente Médio, os investidores na B3, pela forte exposição da Bolsa a commodities, seguem tomando o pulso da economia chinesa. Embora tenha crescido 5,2% em 2023 – acima da meta oficial, de 5% -, a China mostrou enfraquecimento na ponta, no quarto trimestre. Em dezembro, conforme dados divulgados no fim da noite de ontem, chamaram atenção os dados de varejo, com vendas abaixo do previsto, na base ano a ano.

“Parte dos dados da China decepcionou de certa forma os analistas, principalmente quando se olha para o mercado imobiliário do país, em sua maior retração em nove anos”, diz Erik Sala, analista da DVInvest/Blue3 Investimentos. Ele acrescenta que a falta de estímulos significativos, que induzam retomada de ritmo na economia chinesa, tem trazido inquietação, com efeito direto na precificação de ativos correlacionados à demanda do país asiático, como os do setor metálico.

Assim, com o prosseguimento na correção dos preços do minério de ferro na China, Vale (VALE3), a ação de maior peso individual no Ibovespa, caiu hoje 1,66%, em piora ao longo da tarde que contribuiu para que o índice da B3 seguisse colado às mínimas na etapa vespertina – no pior momento, Vale cedia mais de 2% na sessão. Entre as siderúrgicas, destaque nesta quarta-feira para a queda de 2,91% em CSN (CSNA3).

Petrobras e Vale sofrem

O destaque de alta do Ibovespa hoje foi a SLC Agrícola (SLCE3), que inclusive foi a única ação que subiu na sessão de ontem (17).

Petrobras ON e PN também pesaram hoje, embora tenham suavizado perdas em direção ao fechamento. As ações da Petrobras (PETR4) tiveram perdas de 0,58% nas ações preferenciais e de 0,83% nas ações ordinárias, enquanto os papéis da Vale (VALE3) recuaram 1,80%.. Os grandes bancos, por sua vez, chegaram a perder força à tarde, mas se recuperaram no encerramento, com Santander (SANB11, 1,04%) à frente na sessão.

“Entendo que este movimento altista é reflexo de um intenso fluxo comprador no papel. Hoje, a companhia divulgou que um grupo de acionistas passou a deter 5,36% das ações da companhia”, explica Segundo Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.

Outra alta relevante foi da Natura (NTCO3). O especialista diz que apesar de não haver nenhuma relevante notícia sobre a companhia, o ativo vem em tendência de alta desde outubro e, após um período de lateralização nos preços, pode retomar a trajetória de valorização.

A Locaweb (LWSA3) foi outro destaque, após ter recomendação de compra pelo Santander depois do fechamento do pregão de ontem (16), aumentando o preço-alvo de R$ 6,00 para R$ 8,00.

Dentre as maiores quedas do dia, destacam-se PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3), em consonância com a queda da cotação do petróleo no mercado internacional.

Além das petroleiras, outro destaque de baixa é Assaí (ASAI3), que não possui nenhuma notícia específica que provoque sua queda, mas um mero movimento de correção após as recentes altas no ativo.

Maiores altas do Ibovespa

  • SLC Agrícola (SLCE3): +3,87%
  • Natura (NTCO3): +2,63%
  • MRV (MRVE3): +1,80%
  • Locaweb (LWSA3): 1,66%
  • Ultrapar (UGPA3): +1,65%

Maiores quedas do Ibovespa

  • 3R Petroleum (RRRP3): -3,98%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): -3,78%
  • Vamos (VAMO3): -3,55%
  • BRF (BRFS3): -3,53%
  • Hapvida (HAPV3): -3,37%

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Elcio Cardozo, o Ibovespa hoje continuou em sua trajetória de correção que está acontecendo em janeiro, depois de fortes altas registradas em novembro e dezembro.

O especialista destaca que essa correção é motivada pelos mercados externos, depois da divulgação de dados mais fracos da economia chinesa e de indicadores nos Estados Unidos.

“Tendo em vista que as empresas com maior peso no índice são atreladas às commodities, as recentes quedas nas cotações do minério de ferro e do petróleo no mercado internacional pesam bem hoje na performance do Ibovespa”, afirma Cardozo.

Além disso, tivemos mais cedo o anúncio dos dados de vendas de varejo nos Estados Unidos, que superaram as expectativas e acenderam o alerta sobre uma possível resistência do movimento baixista inflacionário.

Esse fator pode adiar o começo do ciclo de queda de juros nos EUA, que alguns especialistas mais otimistas estão prevendo que inicie em março, gerando mais incertezas aos mercados hoje.

“Por fim, acredito que a tensão de possíveis conflitos no Mar Vermelho pode impactar na inflação e nos juros globais e isso tem feito bastante preço nos últimos dias, contribuindo para as quedas nas bolsas”, conclui Cardozo.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou o pregão de ontem (16) em queda de 1,69%, aos 129.294,04 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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