Ibovespa cai após IPCA e inflação dos EUA acima do esperado; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) sobem e moderam queda do índice

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (11) em queda de 0,15%, aos 130.648,75 pontos. A máxima do dia foi de 131.307,69 pontos, enquanto a mínima chegou a 129.897,76 pontos. O volume financeiro totalizou R$ 20,4 bilhões.

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Divulgados pela manhã, os dados mais aguardados da semana – referentes às taxas de inflação nos EUA e no Brasil em dezembro, CPI e IPCA – vieram acima do esperado, resultando em enfraquecimento adicional do apetite por risco nesta penúltima sessão da semana, em início de ano no qual o Ibovespa tem acumulado perdas.

Foi a terceira perda consecutiva para o índice Bovespa, que mais cedo chegou a operar abaixo dos 130 mil pela primeira vez desde 15 de dezembro, no intradia. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 1,04%, após ter cedido 1,61% na primeira do ano, o que coloca a retração a 2,64% em 2024, até esta quinta-feira.

A agenda do dia trouxe leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos que contribuiu para manter viva a noção de que os juros do Federal Reserve podem não cair tanto quanto tem sido estimado para 2024, e que os cortes podem demorar um pouco mais para começar no ano: uma indefinição que resultou em leves ajustes para os índices de Nova York na sessão.

As Bolsas de Nova York fecharam o dia sem direção definida:

  • Dow Jones: +0,04%, aos 37.711,15 pontos;
  • S&P500: -0,07%, aos 4.780,27 pontos;
  • Nasdaq: estável, aos 14.970,19 pontos.

Após variar entre R$ 4,8593 e R$ 4,8948, o dólar à vista encerrou o dia em queda de 0,34%.

Entre as ações de maior liquidez, Petrobras – ainda que a princípio discretamente, como Banco do Brasil (BBAS3, +0,68%) e Itaú (ITUB4, +0,18%) – figurou entre os poucos nomes a mostrar ganhos, com PETR3 em alta de 1,02% e PETR4, de 0,85%, no fechamento. Ao fim, o ajuste nas ações da petrolífera foi compatível à moderação da retomada nos preços da commodity na sessão, com Brent e WTI em alta inferior a 1% no encerramento em Londres e Nova York, respectivamente – mais cedo, subiam cerca de 3%.

A melhora observada no desempenho das ações de Petrobras do meio para o fim da tarde, concomitante à virada de Vale ao positivo (VALE3), +0,53% no fechamento, foi decisiva para moderar as perdas do Ibovespa na sessão, em que nomes do setor de utilities, especialmente Eletrobras (ELET4 +1,05%, ELET6, +1,37%), também foram bem.

A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Eletrobras para incorporar Furnas, que havia sido suspensa em 29 de dezembro, foi retomada às 15h desta quinta-feira, 11, informaram fontes à jornalista Denise Luna, do Broadcast, no Rio. Os acionistas foram avisados 15 minutos antes da abertura da AGE. De acordo com as fontes, já havia votos suficientes para aprovar a incorporação da subsidiária Furnas ao capital da Eletrobras – aprovação que, ao fim, foi confirmada.

A principal baixa do Ibovespa hoje foi da MRV (MRVE3), em meio a especulação do mercado de que a companhia deve revisar para baixo a projeção de 2024.

A empresa anuncia sua prévia operacional hoje (11), depois do fechamento do mercado. Segundo o Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o desempenho negativo da companhia na Bolsa vem justamente com a especulação de que a prévia possa vir bem abaixo das expectativas do mercado.

Entre as baixas do Ibovespa também estão os papéis de Casas Bahia (BHIA3) e do Grupo Soma (SOMA3), diante dos dados de inflação abaixo do esperado, o que fez com que ações do setor de consumo apresentassem uma forte correção.

Já entre as altas do Ibovespa estão as ações da Prio (PRIO3). O BTG reiterou sua recomendação de compra para a ação, destacando um potencial de alta de 80%. A valorização da ação também acontece em meio ao avanço na cotação do petróleo hoje.

Já Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, destacou que as ações da Petrobras (PETR4) tiveram performance positiva, impulsionadas pela valorização do petróleo. As ações preferenciais subiram 0,85% hoje (11), enquanto as ações ordinárias (PETR3) tiveram valorização de 1,02%.

Diante de uma alta de cerca de 1% dos futuros do minério de ferro para fevereiro na Bolsa de Cingapura, as ações da Vale (VALE3) encerraram o dia em alta de 0,53%.

Maiores altas do Ibovespa

  • Prio (PRIO3): +2,59%
  • Sabesp (SBSP3): +2,45%
  • Assaí (ASAI3): +2,14%
  • Carrefour (CRFB3): +1,74%
  • Multiplan (MULT3): +1,44%

Maiores quedas do Ibovespa

  • MRV (MRVE3): -11,78%
  • Casas Bahia (BHIA3): -6,34%
  • Petz (PETZ3): -3,21%
  • Raízen (RAIZ4): -3,20%
  • Azul (AZUL4): -3,20%

O que movimentou o mercado hoje?

Segundo Andre Fernandes, parte dessa movimentação do mercado hoje é atribuída aos dados de inflação no Brasil, com o anúncio do IPCA, e também com os dados de inflação dos EUA, por meio do CPI.

“No cenário local, o IPCA veio acima do esperado, pressionado, principalmente, pela alta do preço dos alimentos, que tiveram o maior impacto no índice, fazendo com que o índice viesse acima do consenso do mercado. Com isso, as apostas de cortes mais agressivos pelo Copom foram reduzidas. Havia projeções indicando corte de 0,75% da Selic. Mas o Banco Central deve mesmo manter o ritmo de 0,50%”, destacou Fernandes.

Já nos Estados Unidos a inflação oficial também superou as expectativas, trazendo um ajuste nas apostas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) para março. As treasuries de 10 anos alcançaram uma taxa de 4,07% no momento da divulgação dos dados.

“Isso também provocou a queda na bolsa americana hoje. Os dois eventos vieram pior que o esperado, causando esse sentimento de aversão ao risco nas bolsas pelo mundo”, afirma o especialista.

“O IPCA de dezembro veio acima do esperado, e fechou o ano um pouco acima do que se vinha projetando nos últimos meses. Mas se compararmos ao que era esperado lá no início de 2023, com a cabeça que se tinha um ano atrás, o índice fechou dentro da meta, e bem”, diz Bernard Faust, operador de renda variável da One Investimentos. Ele ressalva que a aceleração do IPCA pode resultar em alguma preocupação, e volatilidade para a curva de juros doméstica, no momento em que o CPI nos EUA ainda mostra força, também acima do esperado na leitura de dezembro.

No Brasil, “a divulgação do índice de dezembro traz informações qualitativa e quantitativamente piores do que o precificado pelo mercado para o IPCA. Ainda se trata de algo preliminar para cravar que o processo desinflacionário começa a apontar mudança de ritmo, mas é inegável que hoje tivemos um primeiro ponto nesse sentido”, observa Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

“O IPCA-15 prévia da inflação oficial do mês também trouxe informações altistas em itens cuja variação se repete na divulgação do IPCA – ou seja, parte relevante da piora na perspectiva inflacionária já estava incorporada na divulgação de hoje, e o índice se mostrou ainda pior que o esperado”, acrescenta o economista.

Para Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, “apesar de o IPCA de dezembro ser resultado de choques pontuais, serve de advertência de como é desafiadora a tarefa de convergir a inflação para o patamar em torno de 4,0% que projetamos para 2024”. “A reversão do choque favorável de alimentos, a diminuição do efeito da deflação dos bens industriais e a manutenção do mercado de trabalho aquecido são fatores que demandam cautela na condução da política monetária, em especial num ambiente de continuidade de crescimento real de gastos”, acrescenta Costa.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão desta quarta-feira (10) em queda de 0,46%, aos 130.841,09 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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