Carlos Ghosn não foi o primeiro executivo famoso a fugir; veja outros

No dia 29 de dezembro, o ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn, realizou sua fuga cinematográfica do Japão em direção à Turquia, e depois ao Líbano. O caso tomou os holofotes de toda a mídia global porque o executivo, que cumpria prisão domiciliar, estava com seus passaportes apreendidos e sua casa era vigiada constantemente.

A fuga de Carlos Ghosn, que teria exigido meses de planejamento, uso de aviões particulares e que ainda não foi totalmente revelada, surpreendeu autoridades japoneses e até mesmo seu advogado . O caso gerou tanta atenção que virou, inclusive, um jogo de videogame no Japão.

A fuga de Ghosn, contudo, não foi a primeira de um grande executivo ameaçado de prisão. Veja outros casos famosos:

Henrique Pizzolato

Henrique Pizzolato é o ex-diretor do Banco do Brasil e ex-sindicalista com base eleitoral no Paraná. O ítalo-brasileiro foi filiado ao PT e ganhou fama internacional após ter sido denunciado e condenado, no dia 13 de novembro de 2013, por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro no Mensalão.

No dia 15 de novembro, Pizzolato teve sua prisão imediata determinada após seu julgamento no último recurso. De acordo com a Polícia Federal, o ex-diretor do Banco do Brasil fugiu do País em setembro de 2013, dois meses antes de sua prisão ser decretada.

De acordo com o delegado que cuidou do caso, Rogério Donati, em entrevista para o portal “G1”, Pizzolato teria iniciado falsificações de documentos em 2008 após a morte de seu irmão em um acidente de carro. Naquele ano, o executivo falsificou o RG de seu irmão e, em 2010, teria obtido seu segundo passaporte, usando documentos falsos.

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Segundo as autoridades, em setembro, Pizzolato saiu do Brasil de carro pela cidade de Dionísio Cerqueira (SC). E ingressou em território argentino no dia 12 de setembro, percorrendo ao todo 1,3 mil quilômetros até Buenos Aires, capital argentina.

O ex-diretor do BB então embarcou para Barcelona no dia 13 de setembro em um voo da Aerolíneas Argentinas. Da cidade espanhola, seguiu para a Itália. A Polícia Federal não soube de que forma ele chegou ao território italiano.

Em 2014, Pizzolato foi detido em Maranello, Itália, na casa de seu sobrinho, local que já vinha sendo monitorado pela polícia. No ano seguinte, no dia 23 de outubro, Pizzolato foi extraditado para Brasília, onde ficou preso no presídio da Papuda. Em 2017, obteve liberdade condicional.

Boris Berezovsky

O magnata russo Boris Berezovsky foi um empresário e político que se beneficiou amplamente da liberalização econômica pós-soviética, o que o transformou em um dos homens mais ricos e influentes, integrando, inclusive, o círculo de poder em torno do ex-presidente da Rússia, Boris Yeltsin.

Era dono da petrolífera Sibneft, de grande parte da indústria de alumínio e de jornais, tendo seu apoio como fundamental à reeleição de Yeltsin, em 1996.

Em 2000, Berezovsky participou ativamente na candidatura de Vladimir Putin, contudo, pouco depois tornaram-se inimigos políticos após uma crítica pública do magnata à demora na resposta de Putin sobre o fatal naufrágio do submarino nuclear Kursk.

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No mesmo ano, foi processado por apropriação de dinheiro público, por cumplicidade em fraude fiscal e por lavagem de dinheiro. Em novembro de 2000, Berezovsky foge para a França por conta de suas acusações.

Além das investigações de que era alvo, influenciou na sua decisão a forte ligação com a fuga de Alexander Litvinenko – um ex-oficial russo do Serviço Federal de Segurança (SFS). Ele era considerado um traidor do governo russo após vir à público acusar a SFS de ter ordenado o assassinato de Berezovsky. O executivo financiou e facilitou a fuga de Litvinenko, via Geórgia e Turquia, colocando seu avião particular à disposição.

Em 2003, Berezovsky recebeu asilo político na Inglaterra.

Em março de 2013, Berezovsky foi encontrado morto em seu apartamento em Londres e as causas da morte não foram esclarecidas.

Nikolai Glushkov

Nikolai Glushkov era um empresário russo que atuava como diretor adjunto da Aeroflot e gerente financeiro da AvtoVAZ. O executivo foi preso e julgado na Rússia em 2000 sob a alegação de canalizar dinheiro da Aeroflot através de outra companhia no ano anterior (lavagem de dinheiro).

Em abril de 2001, Andrey Lugovoy (político e ex-agente da KGB) organizou uma fuga para Glushkov em um hospital no qual era mantido. No entanto, esta fuga não deu certo. Segundo o próprio Glushkov,  ele não tinha intenção de escapar e “estava andando de chinelos até o portão do hospital para ir para casa a noite toda, com o conhecimento de seus guardas, como havia feito alguns dias antes”.

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Em março de 2004, foi absolvido das acusações de fraude e lavagem de dinheiro, mas considerado culpado na tentativa de fuga e  de abuso de autoridade. Foi condenado a 3 anos e 3 meses de prisão, mas permaneceu solto, já que havia cumprido sua sentença antes do julgamento.

Em 2010, Glushkov, sabendo que seu processo criminal iria ser retomado, fugiu para o Reino Unido e recebeu asilo político. Em 2017, foi feito um julgamento na Rússia mesmo sem a presença do executivo, condenando-o em oito anos de prisão por roubo de US$ 123 milhões da Aeroflot. O Reino Unido se recusou a extraditá-lo para a Rússia.

Em 13 de março de 2018, o executivo russo foi encontrado morto em sua casa na cidade de Londres. Até hoje, a polícia investiga a causa da morte, trabalhando com a hipótese de assassinato.

Atualização do caso Carlos Ghosn

Carlos Ghosn se encontra atualmente no Líbano. Na última semana o país recebeu uma ordem de prisão da Interpol para o executivo. Contudo, o Líbano não tem acordo de extradição com o Japão. As autoridades do país pediram à Justiça japonesa que fossem enviados os arquivos das acusações contra Ghosn, para uma análise.

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Carlos Ghosn é detentor de nacionalidades francesa, libanesa e brasileira, é alvo de quatro acusações no Japão: duas por crimes financeiros e outras duas por abuso de confiança agravado.

Rafael Lara

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