Argentina tem feriado hoje; veja expectativa de analistas locais após eleição

Vários analistas citados pela imprensa da Argentina previam uma reacomodação nos mercados locais, após a vitória do ultraliberal Javier Milei no segundo turno presidencial neste domingo (19), em ambiente de muitas incertezas.

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O impacto entre investidores, porém, deve ficar mais claro na terça-feira (21), pois nesta segunda (20), é feriado do Dia da Soberania Nacional no país. Após vitória mais folgada do que o previsto, Javier Milei disse em discurso que “não há lugar para gradualismo” e que o país precisa de “mudanças drásticas”, mas agora há expectativa sobre quais serão suas primeiras medidas, qual será a equipe de governo e o que de fato ele poderá realizar, pois terá de lidar com um Congresso fragmentado.

Milei assume em 10 de dezembro. Até lá, o desgastado presidente Alberto Fernández terá de conduzir a transição. O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, derrotado no domingo nas urnas, considera deixar o governo, segundo o jornal Clarín. Milei e Fernández devem se reunir nesta segunda-feira, de acordo com a agência oficial Télam.

O diário local Ámbito Financiero aponta que é preciso saber como se reorganizará o legislativo local, após a vitória de Milei. Uma hipótese é que ocorrerá uma ruptura no bloco Juntos por el Cambio, que se constituiu em 2015, tem a presença do ex-presidente Mauricio Macri e apoiou Milei no segundo turno. Não deve haver maioria automática na Câmara dos Deputados, destacava o jornal.

Qual a expectativa dos analistas pós-eleições na Argentina?

O mesmo Ámbito Financiero menciona em reportagem vários analistas financeiros. O economista Federico Glusten previa alta na cotação do dólar, com o mercado apontando para “aumento notório” do valor da moeda americana, em preparo para uma eventual dolarização prometida por Milei. Glusten também acreditava em uma desvalorização forte oficial do peso no primeiro dia útil após a eleição, nesta terça-feira.

Gustavo Neffa, da Research for Traders, previa igualmente forte desvalorização do peso, enquanto Gustavo Romano, da Romano Group, defendia a importância de se mandar “sinais contundentes” de correção no quadro fiscal. A consultoria FMyA projetava um dólar oficial a 800 pesos “no mínimo” em dezembro no país.

O chamado “dólar cripto” esteve em foco nas últimas horas na Argentina. Essa cotação, que não para de operar e tem sido apontada recentemente como um termômetro de curtíssimo prazo dos investidores locais, chegou a subir 20% e a superar 1,2 mil pesos no domingo, de acordo com a imprensa local, mas ajustou ganhos a cerca de 5% depois do resultado eleitoral confirmado.

Javier Milei vence eleição na Argentina e fala em “mudanças drásticas contra crise monumental”

O economista Javier Milei (La Libertad Avanza) foi eleito presidente da Argentina neste domingo (19). O candidato da oposição derrotou o governista Sergio Massa (Unión por la Patria) no segundo turno das eleições argentinas. Com 98,21% das urnas apuradas, Milei tinha 55,75% dos votos, contra 44,24% do atual ministro da Economia, Massa. O resultado surpreende porque as pesquisas indicavam um cenário imprevisível e acirrado.

Ao discursar já como presidente eleito da Argentina, por volta das 22h (horário de Brasília), Milei disse que “o modelo de decadência chegou ao fim, não há como voltar atrás, e que hoje começa a reconstrução da Argentina”.

“Não viemos para inventar nada, viemos para fazer as coisas que a história tem mostrado que funcionam”, assinalou o presidente eleito, evitando polêmicas, num discurso considerado pelos jornais argentinos como em “tom moderado”.

O La Nacion destacou estes pontos do discurso de Milei após a vitória nas eleições na Argentina: “Hoje acaba a ideia de que o Estado é um bem a ser distribuído entre os políticos e seus amigos. Acabou uma forma de fazer política. Temos um problema monumental pela frente: inflação, estagnação, falta de emprego genuíno, insegurança, pobreza e indigência, problemas que só terão solução se abraçarmos mais uma vez as ideias de liberdade, com mudanças drásticas. A Argentina voltará a ser uma potência mundial.”

Sergio Massa, o ministro da Fazenda do presidente Alberto Fernández, reconheceu a derrota em discurso feito às 20h20 a apoiadores. Disse que ligou para Milei para parabenizá-lo pela vitória.

“Obviamente os resultados não são os que esperávamos. Entrei em contato com Milei para parabenizá-lo e desejar-lhe boa sorte, porque ele é o presidente que a maioria dos argentinos elegeu para os próximos quatro anos”, disse ele em seu bunker, de acordo com informações do jornal Clarín.

Javier MIlei tomará posse como presidente da Argentina em 10 de dezembro e governará o país pelos próximos quatro anos.

Milei, 52 anos, vai ser o 52º presidente da Argentina. Candidato da direita radical, ele enfrentará, além da mais aguda crise econômica em três décadas, uma inflação de três dígitos (de quase 140% ao ano), dois quintos da população na pobreza e a maciça desvalorização cambial.

Embora tenha se aliado e recebido apoio de políticos da direita tradicional no segundo turno, como o ex-presidente Mauricio Macri e a candidata derrotada Patricia Bullrich, o candidato vencedor atraiu o voto sobretudo dos mais jovens ao se posicionar contra aos políticos tradicionais, que chama de “a casta”.

Ao votar no início da tarde, Milei disse que “tudo o que tinha de ser feito já foi feito” e a hora de as pessoas falarem tinha chegado, “apesar da campanha do medo”. O candidato da coalizão La Libertad Avanza disse que o momento era de esperança, para impedir o que chamou de “continuidade da decadência”.

O jornal Clarín estampou em sua manchete a diferença de 12 pontos nesta eleição do segundo turno na Argentina do presidente eleito para o candidato Massa: “Milei será o presidente com diferença de 12 pontos para Massa”, O jornal La Nacion também destacou a diferença entre os dois candidatos a presidente da Argentina: “Votação história: Milei vence Massa por quase 12 pontos”

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Milei teve no segundo turno, com 95% das urnas apuradas, 13,95 milhões de votos (mais de 6 milhões do que obteve no primeiro turno das eleições), enquanto Massa conquistou 11 milhões, 1,4 milhão a mais de votos que conseguiu na primeiro etapa do pleito presidencial.

O presidente Lula, que não manifestou oficialmente apoio a Milei, mas se alinha politicamente a Massa, candidato de centro-esquerda, postou no X, ex-Twitter, sem citar o nome do candidato eleito:

Durante a campanha, Milei chegou a dizer, em comícios, que romperia relações diplomáticas com o Brasil, seu segundo maior parceiro comercial. Afirmou também que interromperia as exportações e importações com a China, por motivos ideológicos. Milei falou ainda que, se eleito, a Argentina deixaria o Mercosul. Mas na reta final da corrida eleitoral, em debates e entrevistas, amenizou o discurso, dizendo que a iniciativa privada estaria livre para comercializar com Brasil e China.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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