Sterna Capital vai fechar e gestor deve seguir na SPX, diz site
A Sterna Capital, gestora fundada por Bruno Magalhães, iniciou o processo de encerramento de suas atividades e devolverá o dinheiro a investidores após realização de assembleia.
O fundo gerenciado pela Sterna Capital tem mais de R$ 60 milhões em ativos sob gestão, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais).
Em carta direcionada a investidores, a gestora avalia que não obteve um modelo sustentável de crescimento.
“Desde nossa fundação, o mercado passou por momentos bastante desafiadores e a aversão ao risco mostrou-se um grande desafio no processo de captação. Isso não nos permitiu crescer na velocidade necessária para atingirmos um modelo sustentável de gestão”, informou em comunicado.
Agora, segundo fontes ouvidas pelo Valor Econômico, Magalhães deve ir para a SPX Capital, casa brasileira de multimercados, como gestor dos fundos macro. A previsão é de que ele comece na nova função em 2024.
Sterna Capital: fundos multimercados têm ano difícil e registram perdas
Grande parte dos fundos de multimercados vem obtendo resultados abaixo do esperado em 2023, principalmente quando comparado aos rendimentos do ano anterior.
No geral, segundo a Anbima, os fundos de investimentos tiveram mais saídas do que aportes de janeiro a setembro, totalizando R$ 84,6 bilhões de resgates líquidos.
Os dados mostram que o resultado foi puxado pelas classes de multimercados, ações e renda fixa. Os fundos de multimercados tiveram uma retirada líquida de R$ 57 bilhões, sendo responsável pela maioria dos resgates.
Para Marco Prado, CIO da BullSide Capital, um dos fatores que influenciaram as retiradas foi um cenário macroeconômico mais imprevisível. “O investidor migrou para produtos mais seguros. No caso, a renda fixa, pois a renda variável ficou completamente exposta.”
A dificuldade dos gestores de captar tendências econômicas também foi apontada por analistas como um dos pontos de dificuldades dos fundos. Segundo João Arthur, CIO da Suno Wealth, a classe de multimercado para operar bem precisa ter um cenário de volatilidade, a fim de tomar risco.
“Tivemos o mercado piorando de janeiro a março, dando uma oportunidade do mercado de bolsa, câmbio e juros operar de maneira pessimista, mas não operou. Novamente, nos últimos dois e três meses, o mercado piorou, mas a cota dos fundos de multimercado não reagiu”, explica Arthur.
Grande parte dos gestores de fundos que tiveram boa rentabilidade adotaram um posicionamento mais pessimista do que a maioria do mercado, apostando em um recuo mais moderado do juros e menor crescimento da bolsa brasileira.
Neste contexto, Arthur também cita oportunidades no mercado exterior, como a alta do tesouro americano (treasuries) e a própria subida da bolsa norte-americana, que não foram captadas pelos fundos de multimercado.
O IFHA (Índice de Hedge Funds Anbima), indicador de referência para multimercados, avançou 5% no acumulado do ano, menos que o CDI, que teve rentabilidade de 10%.