Petrobras (PETR4): após balanço em linha com esperado, atenções se voltam para plano estratégico; ações caem
As ações preferenciais de Petrobras (PETR4) operam entre perdas e ganhos nesta sexta-feira (10), com o mercado repercutindo a divulgação dos resultados do terceiro trimestre da estatal na véspera, que veio em linha com o esperado, segundo analistas. A partir de agora, portanto, as atenções dos investidores se voltam para a divulgação do plano estratégico 2024-2029, prevista ainda para este mês.
No fechamento, as ações preferenciais de Petrobras caíram 0,46%, cotadas a R$ 34,72, enquanto as ações ordinárias PETR3 recuaram 0,32%, a R$ 37,42. O Ibovespa encerrou com alta de 1,29%, aos 120.568,14 pontos
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Cotação PETR4
“Foi um bom resultado, mas sem grandes surpresas. Agora os investidores estão com as atenções voltadas para o plano estratégico da empresa, que deve ser divulgado dia 28 de novembro. Ao que tudo indica, o mercado não acredita em um capex acima de US$ 100 bilhões (o anterior foi de US$ 78 bilhões)”, pontuou o analista Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Em relatório, a XP avaliou que a Petrobras reportou outro forte desempenho financeiro, com o Ebitda ficando em linha com o consenso e ligeiramente abaixo das suas expectativas.
No entanto, a casa também avalia que agora os investidores estão se concentrando no próximo plano estratégico e, a julgar por sua pesquisa recente, a maioria do buy-side não está esperando um plano de capex acima dos US$ 100 bilhões.
“Continuamos vendo a Petrobras com uma tese complexa que, por um lado, fornece uma forte remuneração trimestral aos acionistas e, por outro, tem uma probabilidade não tão baixa de uma intensa perda de valor devido a vários riscos”, disseram os analistas André Vidal e Helena Kelm.
A XP manteve a recomendação de compra para as ações da Petrobras, mas favorecendo a PRIO (PRIO3) como sua top pick no setor.
BTG Pactual: Petrobras investe menos do que o previsto
Para o BTG Pactual, embora veja um plano podendo exceder US$ 100 bilhões (ante estimativa de US$ 86 bilhões) e incluindo projetos inorgânicos em segmentos fora do negócio principal da companhia, não muda a visão de que a Petrobras permanecerá capaz de realizar pagamentos extraordinários.
“A empresa, muitas vezes, acaba investindo menos que o previsto. Nos últimos 6 anos, os investimentos foram, em média, 25% inferiores ao previsto”, afirmam os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte.
Assim, a visão otimista em relação à tese é sustentada pela capacidade de a empresa de continuar a gerar mais dinheiro do que investe/gasta.
“As fusões e aquisições e os potenciais acordos fiscais (CARF) poderão reduzir os pagamentos extraordinários. Mesmo que os dividendos sejam distribuídos de acordo com a sua política atual, ainda enxergamos uma história convincente de geração de caixa”, completaram.
O BTG tem recomendação de compra para as ações PETR4, com preço-alvo a R$ 39.
Outras análises sobre Petrobras
O Itaú BBA, por sua vez, avaliou que a Petrobras reportou números neutros no balanço do terceiro trimestre, com um Ebitda levemente abaixo do projetado pela casa, enquanto o pagamento de dividendos ficou em linha com a nova política de remuneração aos acionistas.
O Itaú BBA tem recomendação neutra para as ações preferenciais de Petrobras, com preço-alvo a R$ 38.
Já a Guide Investimentos pontuou que o aumento no custo de refino, de US$ 2,24 por barril no 2T23 para US$ 2,38, se deu pela alta da taxa de utilização das refinarias. Segundo a casa, a margem Ebitda, desconsiderando variações de estoque, foi de 10,4% no 2T23 e de 3,9% no 3T23.
“Isso se deu pela defasagem em relação aos preços internacionais praticados no período. A margem deveria ter sido mais baixa se a Petrobras não vendesse óleo a preços descontados do segmento de E&P”, disse o analista Mateus Haag.
A Genial investimentos destacou que os números operacionais da companhia foram sólidos, com o atrativo preço do brent e da produção recorde. O preço realizado do material no trimestre foi de US$ 86,7/barril, acima das estimativas da casa de US$ 82/barril.
“Somados à produtividade recorde, os números ficaram acima das nossas estimativas e razoavelmente em linha com o consenso. A ideia dos resultados reportados virem sólidos não deveria ser uma surpresa”, disse o analista Vitor Sousa.
Ainda de acordo com a casa, o maior risco de curto prazo para a tese da empresa diz respeito ao seu novo plano de investimentos, que não deve apenas incrementar o volume esperado atual de investimentos como ter um foco maior em transição energética.
“Nosso grande temor é sobre o percentual desse novo valor a ser divulgado em breve, se deverá ser alocado nos negócios de transição energética e sobre como todo esse processo deverá afetar a distribuição de dividendos da empresa. Sendo assim, preferimos nos manter conservadores e esperar o evento mencionado anteriormente”, acrescentou Sousa.
Lucro da Petrobras (PETR4) no 3T23 cai 42% na comparação anual e fica em R$ 26,6 bilhões
A Petrobras reportou um lucro líquido de R$ 26,625 bilhões no terceiro trimestre de 2023, queda de 42,2% na comparação com o lucro do mesmo trimestre de 2022 e 7,5% menor do que o resultado do segundo trimestre deste ano.
Em base ajustada, excluindo eventos não recorrentes, o lucro líquido da Petrobras totalizou 27,226 bilhões, uma queda de 41,5% em base anual e 7,3% na trimestral.
A queda no lucro no 3T23 da Petrobras em base anual é explicada, em parte, pelo fato de o petróleo Brent ser negociado no mercado internacional a uma base de US$ 100 o barril um ano atrás, contra US$ 86 o barril no terceiro trimestre deste ano. Além disso, o dólar era cotado a R$ 5,25 em média um ano atrás, contra R$ 4,88 no último trimestre.
A receita líquida da Petrobras recuou 26,6% no terceiro trimestre em base anual, totalizando R$ 124,828 bilhões, mas aumentou 9,7% na comparação trimestral, explicada, em parte, pelo aumento de 11% do preço do petróleo Brent e pelas maiores vendas no mercado interno e exportações de derivados.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado totalizou 66,188 bilhões no período, o Ebitda da Petrobras, registrou queda de 27,6% em um ano e alta de 13,2% na comparação trimestral.
A dívida líquida da Petrobras diminuiu 7,9% em um ano, anotando o trimestre encerrado em setembro o total de R$ 43,725 bilhões. A dívida bruta ficou sob controle em US$ 61 bilhões, mesmo após o aumento dos arrendamentos com a entrada em operação da plataforma marítima afretada Anita Garibaldi.
O prazo médio da dívida líquida caiu para 11,4 anos ao fim de setembro, ante 12,1 anos ao fim de junho. Já o custo médio dessa dívida ficou em 6,5% ao ano, contra 6,6% ao ano três meses atrás, informou a Petrobras nesta quinta-feira, 9.
Com isso, a relação entre endividamento líquido e o Ebitda ajustado ficou em 1,15x em 30 de setembro, ante 1,02x ao fim de junho.
O fluxo de caixa operacional (FCO) atingiu US$ 11,6 bilhões (R$ 56,52 bilhões) no terceiro trimestre. Este foi o quarto maior FCO da história da companhia, destaca o relatório. Mas ainda ficou 10,6% abaixo do registrado no mesmo período de 2022, e 18,4% acima daquele do segundo trimestre deste ano.
Já o fluxo de caixa livre totalizou R$ 40,9 bilhões entre julho e setembro, sendo 22,7% inferior ao de um ano atrás, mas 23% acima do registrado no trimestre imediatamente anterior.
No terceiro trimestre, os investimentos da Petrobras totalizaram US$ 3,4 bilhões, 4,7% acima do segundo trimestre. Nos primeiros nove meses do ano, os investimentos totalizaram US$ 9,1 bilhões, um crescimento de 31% em relação aos mesmos nove meses de 2022.
“Mesmo com o cenário desafiador enfrentado pelo mercado fornecedor no contexto inflacionário pós-pandemia, que influenciou a capacidade de suprimento da demanda crescente de recursos críticos para a indústria de óleo e gás, projetamos encerrar o ano com patamar de US$ 13 bilhões de investimentos, sem comprometer a meta de produção planejada para 2023”, diz o comunicado da empresa.
Receita de petróleo e derivados soma R$ 124 bi, queda de 26% em um ano
As vendas de petróleo e derivados da Petrobras no terceiro trimestre do ano foram 26,6% inferiores às registradas no mesmo trimestre do ano passado, alcançando R$ 124,8 bilhões no total. O resultado foi 9,7% superior ao do segundo trimestre.
Em relatório, a Petrobras atribuiu essa alta na margem à valorização de 11% do Brent e por maiores volumes de vendas de derivados no mercado interno e de exportações de petróleo.
Segregando por produtos, a receita com derivados ficou em R$ 75,6 bilhões no terceiro trimestre, 31,9% menor que a de um ano atrás, mas 3,7% acima do segundo trimestre.
Segundo a Petrobras, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o aumento de vendas de derivados no mercado interno foi puxado pelo diesel. Houve, por exemplo, recorde de produção de diesel S10, que chegou a 464 mil barris por dia. O produto respondeu por 62% das vendas de diesel.
“Este efeito foi parcialmente compensado por menores volumes de vendas de gasolina, que perdeu participação em relação ao etanol hidratado no abastecimento dos veículos flex”, informou a companhia.
No fim das contas, 75% da receita com derivados veio da comercialização de gasolina e diesel.
Entre julho e setembro, o Fator de Utilização (FUT) médio das refinarias da companhia ficou em 96%, o maior para um trimestre em 9 anos.
Companhia revisa seu guidance de produção de óleo e gás e de CAPEX para 2023
A Petrobras informou nesta quinta que o guidance de produção própria de óleo e gás e o seu CAPEX foram revistos.
Segundo a empresa, para a produção própria total de óleo e gás, os valores passaram de 2,6 para 2,8 milhões de boed (Barril de óleo equivalente), a produção comercial de 2,3 para 2,4 milhões boed e produção de óleo e LGN de 2,1 para 2,2 milhões de bpd, “em razão do bom desempenho no 3T23 e considerando nossas previsões de ramp-ups e entradas de novos poços para o 4T23 e novo guidance com variação de ± 2%.”
Para o CAPEX total da companhia, diz a estatal, o novo guidance passa para US$ 13 bilhões em 2023, um aumento de mais de 30% em relação a 2022. “A redução em relação aos US$ 16 bilhões planejados se deve a menores dispêndios em relação ao planejamento no CAPEX do E&P, que passou de US$ 13,3 para US$ 11,2 bilhões, em razão do cenário desafiador enfrentado pelo mercado fornecedor no contexto inflacionário pós-pandemia”, explica o comunicado divulgado ao mercado. “Isso influenciou a capacidade de suprimento da demanda crescente de recursos críticos para a indústria de óleo e gás. Importante destacar que mesmo com tal redução em relação ao planejado, não houve comprometimento da meta de produção planejada para 2023.”
A Petrobras acrescenta que o guidance tem como base “crenças e suposições razoáveis da Administração, bem como informações a que a companhia tem acesso no momento”. E conclui: “As declarações e informações sobre o futuro da companhia contidas neste Fato Relevante não devem ser interpretadas como garantias ou promessas de desempenho, estando sujeitas a riscos e incertezas associadas às condições econômicas, regulatórias e concorrenciais dos países em que a Petrobras atua, assim como de suas decisões estratégicas e operacionais.”
Dividendos da Petrobras
Nesta noite, o conselho de administração da companhia aprovou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 17,5 bilhões, como antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2023, declarado com base no balanço de 30 de setembro de 2023.
O valor equivale a R$ 1,34 por ação, em duas parcelas, a primeira em 24 de fevereiro e a segunda em 20 de março de 2024.
O pagamento de dividendos da Petrobras está alinhado à Política de Remuneração aos Acionistas, que prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões), a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre.
Os dividendos propostos pela Petrobras já levam em consideração o valor de ações recompradas no terceiro trimestre de 2023 de R$ 974 milhões, que foi descontado do total da remuneração aos acionistas calculada conforme a fórmula da Política.
Com informações de Estadão Conteúdo