Evergrande: investidores alertam para risco de ‘colapso incontrolável’
Com sua desistência de um plano de reestruturação de US$ 19 bilhões, a China Evergrande pode gerar um “colapso incontrolável” no mercado imobiliário, alertaram investidores da empresa nesta segunda-feira, 9. Após dois anos de conversa com seus acionistas, a gigante chinesa alegou que as autoridades reguladoras a impediram de emitir novos títulos, fundamental para se reestruturar, porque sua principal filial estava sendo investigada.
Em comunicado, um grupo de investidores da Evergrande que detêm mais de US$ 6 bilhões da companhia questionou o esforço da empresa para obter o apoio das autoridades reguladoras e os motivos da garantia dada para aprovação do negócio. Eles esperam que a Evergrande convença os reguladores para seguir em frente com o plano de reestruturação até o dia 30 de outubro. Questionada, a empresa não respondeu.
O grupo de investidores acrescentou que essa falha da companhia em conseguir avançar com um acordo acabaria afetando outras empresas imobiliárias chinesas que estão com problemas de regulação e débito. “Qualquer reestruturação offshore das empresas imobiliárias chinesas pode se tornar uma missão impossível”, afirmam os investidores.
O colapso da Evergrande afetaria muitos dos seus investidores. Em junho, a companhia devia o equivalente a US$ 332 bilhões. Os problemas da companhia colocam mais pressão na economia chinesa, que já teve queda no último ano devido a uma quebra do setor imobiliário e um declínio das exportações.
Uma semana depois de ter cancelado sua reestruturação, a Evergrande informou aos investidores que seu presidente estava sendo investigado por suspeita de crime. O colapso da companhia levou a uma rápida venda das suas ações, que estão sendo negociadas a menos de 10 centavos por dólar.
Evergrande desiste de plano de estruturação
Com a recente piora no mercado imobiliário chinês, a situação se agrava ainda mais com a desistência da Evergrande em dar continuidade ao seu plano de reestruturação, que inclui aproximadamente US$ 35 bilhões em dívidas.
O plano de estruturação da Evergrande era considerado por muitos como o ponto-chave para que a empresa pudesse ter uma possível recuperação. Vale destacar que ela é uma das maiores empresas da China no setor de construção.
Por sua tamanha relevância, a Evergrande teve um certo protagonismo quando a bolha imobiliária chinesa estourou em 2021, a partir da insolvência da construtora, levando diversas outras companhias a sofrer com o mesmo problema, em um efeito “cascata”.
Foi justamente nesse período que a Evergrande decidiu pôr em prática o seu plano de reestruturação. Por outro lado, o planejamento não tem saído conforme o esperado, principalmente em um cenário adverso no mercado imobiliário da China. Nesse contexto, a Evergrande soltou um comunicado afirmando a necessidade de deixar de lado o plano em razão das vendas registradas nos últimos meses, que vieram piores que o projetado.
Com Estadão Conteúdo