Carrefour (CRFB3): banco corta preço-alvo das ações e cita dificuldades operacionais
O Itaú BBA reiterou recomendação neutra e reduziu o preço das ações do Carrefour (CRFB3). Para os analistas, a integração do BIG continua sendo um obstáculo para os papéis, o que contribui para o momento operacional permanecer fraco.
“Somado a ventos contrários relacionados à macroeconomia, provavelmente teremos outro trimestre de números fracos no Carrefour”, projeta o BBA.
De acordo com os analistas, a inflação nos alimentos desacelerou no 3T23 e provavelmente afetará as vendas do Carrefour, principalmente na divisão de atacado. Aliado a isso, o BBA aponta um ambiente sem sinais claros de aumento de compra dos consumidores.
Outro ponto destacado no relatório do BBA, divulgado nesta quarta-feira (04), é os problemas relacionados à integração do BIG. Segundo o banco, uma parte da integração (conversões de bandeira) foi concluída no segundo trimestre, mas há etapas pela frente.
“Além da maturação das lojas convertidas, o momento operacional fraco do negócio de supermercados legados do BIG requer uma virada significativa”, aponta o BBA.
Neste contexto, a equipe do BBA mantém recomendação neutra, reduzindo o preço-alvo de R$ 11,40 para R$ 10,30 das ações do Carrefour. Nesta quinta (5), os papéis do Carrefour fecharam em queda de 1,47%, a R$ 8,70.
Carrefour: BBA estima impacto negativo do BIG
O BBA estima que as vendas líquidas do Carrefour fiquem em R$ 105 bilhões e R$ 116 bilhões nos anos de 2023 e 2024, respectivamente.
A divisão de varejo foi objeto de maior revisão, com o Atacadão com receitas 7% mais baixas em 2023 e 2024. A equipe do BBA projeta margens Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 5,8% neste ano 2023 e 6,3% em 2024, aumento de 30 pontos base, considerando reduções de despesas e maturação das lojas convertidas.
Para Sam’s Club, os analistas preveem um aumento de lojas, consolidando no total cerca de 53 unidades até 2024, o que puxa as revisões de receita para cima (+1% em 2023 e +4% em 2024). Com isso, as margem Ebitda prevista neste não é de 5,1%, enquanto para o próximo ano de 5,8%
“Esperamos um impacto negativo maior nas lojas do BIG. Nossas novas estimativas de margem Ebitda estão 110 pontos base mais baixas em 2023 (em 2,4%) e 80 pontos base mais baixas em 2024 (em 3,2%), em comparação com nossos números anteriores”, diz o BBA.
Para o BBA, as despesas fiscais relatadas no 1S23, levaram a uma revisão significativa para baixo na estimativa de lucro líquido do Carrefour em 2023, cerca de R$ 91 milhões negativos. Em 2024, a previsão é de um lucro líquido de R$ 1,45 bilhão.
Lucro encolheu em 95%, para R$ 29 milhões, no 2T23
O Carrefour apresentou lucro líquido ajustado de R$ 29 milhões no segundo trimestre de 2023. O resultado é 95% menor do que o apresentado no mesmo período do ano passado
Sem o ajuste, que descontou principalmente gastos com imposto de renda ligados à venda de imóveis (operação de sale and leaseback) e reestruturação de pessoal em razão da integração com o grupo Big, o Carrefour teria prejuízo de R$ 249 milhões.
O CFO da companhia, Eric Alencar, explica que, como esses itens são ajustados com frequência, é possível que as casas de análise considerem os números ligeiramente acima de suas projeções, que indicavam prejuízo para o grupo no terceiro trimestre.
O Ebitda ajustado foi de R$ 1,3 bilhão, com queda de 21,7% em relação ao apresentado um ano antes. Alencar diz que o número foi impactado pelos gastos de integração do Big, mas também pelas vendas mais fracas em razão da queda da inflação. Com os preços em queda, a bandeira de atacarejo do Grupo, o Atacadão, tende a vender menos para os clientes que compram no atacado.
A perspectiva de que os produtos tendem a ficar mais baratos desestimula esse segmento a fazer grandes estoques. Porém, os gastos das lojas, mesmo com vendas menores, continuam os mesmos, afetando a margem do negócio.
De todo modo, o que mais pesou nas margens ainda foi a integração do Grupo Big, já que a companhia terminou, no segundo trimestre, a conversão de lojas para os formatos das marcas do Carrefour e do Atacadão. A margem Ebitda ajustada consolidada caiu 2 pontos porcentuais (p.p.), mas, se retirados os efeitos do grupo Big, a queda teria sido de 0,3 p.p.
Desempenho anual das ações do Carrefour
Cotação CRFB3