Celulose: alta demanda chinesa favorece a Suzano (SUZB3), predileta dos analistas; Klabin (KLBN11) deve se beneficiar do cenário

Com o dólar de volta à casa dos R$ 5,10, é natural que os investidores procurem alternativas que protejam suas carteiras da desvalorização do real. Na Bolsa, algumas alternativas são ações de empresas exportadoras, que se beneficiam dessa trajetória altista da moeda americana. De acordo com relatórios do Goldman Sachs, Itaú BBA, JP Morgan, XP e Bank of America, a celulose pode ser o setor a ser observado com carinho pelos investidores.

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Segundo o Goldman Sachs, a oferta global de celulose está restrita, enquanto a demanda da China se mantém em patamares elevados. Como o Brasil é o maior exportador mundial da commodity, o cenário pode significar uma oportunidade. É a mesma análise dos analistas do Itaú BBA, que destacam a alta das remessas de celulose para a China – que aumentaram 42% em agosto na base anual. Com isso, o banco afirma que o momentum da commodity melhorou no início do terceiro trimestre, com a demanda chinesa apoiando uma alta dos preços.

Celulose: alta demanda e baixa oferta formam “tempestade perfeita”

Em relatório, o Bank of America afirma que o mês de setembro foi forte, com alta na produção de papel na China e queda nos estoques. A XP complementa, lembrando que houve um desempenho positivo dos preços da celulose na semana passada, tanto na China quanto na Europa.

Os analistas do BofA explicam que o período atual é de maior sazonalidade da demanda por celulose, e que esse momento geralmente dura até o final do ano. Com isso, os preços devem se manter elevados. O Itaú BBA tem visão semelhante, citando também uma melhor sazonalidade, além das exportações de papel se mantendo resilientes.

Não à toa, em linha com essa alta demanda, a Suzano (SUZB3), maior produtora mundial de celulose de mercado, anunciou uma nova rodada de aumento de preços para a fibra de eucalipto, que entrou em vigor neste início de mês de outubro. Na Ásia, incluindo a China, o reajuste foi de US$ 30 por tonelada, enquanto na Europa e Estados Unidos, o aumento foi de US$ 50 por tonelada. E de acordo com o Bank of America, essa onda de aumento de preços tende a se manter.

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Recomendações positivas para Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11)

A Suzano é a preferida do Goldman Sachs no setor, e nesta semana, o JP Morgan elevou a recomendação para os papéis da companhia de neutra para compra, com o preço-alvo saindo de R$ 50 para R$ 69,50. No relatório, os analistas citam o impacto positivo da elevação das curvas de preços da celulose. Já a XP cita o múltiplo de 5,7x EV/EBITDA da companhia como atraente.

No caso da Klabin (KLBN11), outro grande player nacional do setor, a recomendação do JP Morgan é neutra, mas o preço-alvo subiu de R$ 24 para R$ 27. A XP, por sua vez, também vê como atraente o EV/EBITDA atual do papel, que é de 6,8x.

Preço da celulose: longo prazo exige atenção

Apesar da tendência de manutenção do cenário positivo para os preços da celulose até o final deste ano, o cenário para o longo prazo ainda é incerto. De acordo com os analistas do Itaú BBA, por exemplo, a sustentação desses preços pode ser um desafio caso não haja uma melhora mais significativa dos mercados fora da China.

Diferentemente do gigante asiático, os mercados europeus e norte-americanos não vêm demandando tanta celulose. Desde o início do ano, os embarques da commodity para essas regiões estão em -19% e -9%, respectivamente.

Além disso, o Brasil tem realizado investimentos significativos para aumentar a oferta da commodity. Hoje, Mato Grosso do Sul é o segundo maior produtor de celulose do país e o primeiro em exportações. De acordo com Jaime Verruck, titular da secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, os investimentos já anunciados por lá vão levar o cultivo para um total de 2 milhões de hectares, ante 1,5 milhão.

Com isso, para o ano que vem, a oferta brasileira deve ter um salto. Resta saber por quanto tempo a demanda internacional pela commodity continuará alta, a fim de entender melhor qual deve ser a trajetória de preços da celulose para o ano que vem.

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Guilherme Serrano Silva

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