Méliuz (CASH3): banco recomenda compra das ações, mas corta preço-alvo; entenda os motivos
O BTG Pactual reiterou recomendação de compra para Méliuz (CASH3), mas reduziu o preço-alvo. Para a equipe do BTG, a empresa tem alta posição de caixa e um valuation atraente. Ontem (26), o papel ficou entre as maiores altas do mercado.
“As ações podem não ter gatilhos de curto prazo, mas o valuation atual proporciona uma margem de segurança decente”, afirma o BTG.
O BTG observa que as ações da CASH3 tiveram um desempenho significativamente pior em comparação com o índice Ibovespa, com uma queda de cerca de 50% ao longo do ano, enquanto o Ibovespa subiu 5%.
Vários fatores contribuíram, conforme relatam os analistas, para essa forte queda, como o anúncio de que a CASH3 seria removida do índice Ibovespa, o adiamento do Dia do Investidor e preocupações sobre a saúde financeira de importantes clientes de comércio eletrônico.
Apesar deste cenário, o BTG Pactual ainda mantém uma perspectiva positiva e recomenda compra das ações do Méliuz. No entanto, o BTG reduziu o preço-alvo de R$ 18 para R$ 10. Hoje as ações são negociadas a R$ 6,31, com a queda de 0,62% na Bolsa nesta quarta (27).
Méliuz: empresa tem caixa maior que valor de mercado, aponta BTG
A equipe do BTG afirma que nos últimos relatórios reforçou, após venda da fintech Bankly, que a Méliuz teria uma posição de caixa de R$ 600 milhões, desproporcionalmente alta.
Neste contexto, as ações subiram cerca de 40% em 3 de agosto, apesar da queda acumulada de 15% ao ano. Porém, desde então, o preço dos papéis do Méliuz caiu quase 40%, para R$ 6, atingindo um valor de mercado de R$ 480 milhões. O BTG avalia a correção como exagerada.
De acordo com o banco, a administração já declarou que planeja distribuir R$ 210 milhões em recursos do Bankly aos acionistas, o que deve resultar em um rendimento de dividendos de aproximadamente 45%.
“No entanto, ainda não está claro o que a empresa planeja fazer com os cerca de R$ 400 milhões restantes em dinheiro. No entanto, com ou sem pagamentos de dividendos mais elevados, a avaliação ainda parece assimetricamente atrativa, dependendo, claro, do nível de crescimento do GMV nos próximos anos”, explica o BTG.
Além disso, o banco cita que a GetNinjas (NINJ3) anunciou, semana passada, que estava devolvendo seu excesso de caixa aos acionistas. Embora com escala diferente, os analistas apontam que a Méliuz pode fazer algo semelhante.
Empresa reduziu prejuízo no 2T23
O Méliuz (CASH3), empresa especializada em programas de cashback, divulgou um prejuízo líquido consolidado de R$ 6,3 milhões no segundo trimestre deste ano. Isso representa uma significativa melhora de 73% em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o prejuízo foi de R$ 23,3 milhões.
No critério ajustado consolidado, o prejuízo foi de R$ 3,9 milhões, também demonstrando uma redução de 11,4% em relação aos R$ 4,4 milhões negativos do período de abril a junho de 2022.
O Ebitda consolidado do Méliuz (excluindo os números de Bankly) foi de R$ 14,1 milhões negativos, uma melhora de 69% quando comparado a igual intervalo do ano passado. “A melhora do Ebitda na comparação anual é resultado principalmente da redução de custos e despesas realizada entre os períodos”, diz o diretor de Growth da companhia, Gabriel Loures.
Excluindo os itens extraordinários, o Ebitda consolidado ajustado foi de R$ 11,7 milhões negativos no trimestre, contra R$ 27 milhões negativos no segundo trimestre do ano passado, uma melhora de 56,7%. “Essa queda do Ebitda do Méliuz é resultado principalmente da menor receita no Shopping Brasil em consequência da sazonalidade do período, que já era esperada”, afirma a empresa no release de resultados reportado nesta terça-feira, 8.
Entre abril e junho de 2023, a receita líquida total do Méliuz atingiu R$ 72,2 milhões, aumento de 1% em relação aos R$ 71,7 milhões reportados um ano antes.
Já o GMV (valor bruto de mercadoria) somou R$ 1,221 bilhão, recuo anual de 7%. No release de resultados do Méliuz, a empresa destaca aumento da margem do Shopping Brasil em 53% entre os períodos, de R$ 13,0 milhões no segundo trimestre de 2022 para R$ 19,9 milhões no mesmo trimestre deste ano.
Em relação aos três meses do início do ano, a Méliuz apresentou uma queda de 6% no GMV, atribuída ao caráter do segundo trimestre do ano que é, na visão da empresa, um período com menor volume de vendas para o e-commerce Brasil.
“Estamos otimistas com o resultado do e-commerce Brasil para o segundo semestre do ano, dado que sazonalmente se trata de um período com maior volume de vendas. Outras variáveis externas, como por exemplo o início da queda da taxa de juros no Brasil, devem impactar positivamente o setor no longo prazo“, diz ainda a empresa.
O net take rate (taxa líquida de serviço) da companhia ficou em 2,3%, 0,2 ponto porcentual acima da taxa da registrada um ano antes. O take rate ficou em 6,1%, queda de 0,2 p.p. Já o número total de contas totais subiu 11% ano contra ano, para 28,1 milhões.
Loures também destaca que, no trimestre, foram cumpridos importantes marcos com a parceria estratégica junto ao banco BV. “Em 1º de junho, foi realizada a assinatura do SPA (Shareholder Purchase Agreement) do Bankly, conduzindo a transação para aprovação do Bacen (Banco Central do Brasil) e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a qual deve ser concluída em seis a doze meses”, observa o diretor.
Com isso, os resultados de Bankly foram eliminados dos resultados consolidados do 2T23 do Méliuz e, para fins comparativos, dos demais períodos apresentados.
Desempenho anual da Méliuz
Cotação CASH3