Pão de Açúcar (PCAR3): Santander rebaixa recomendação após spin-off do Éxito
Em relatório divulgado nesta semana, o Santander (SANB11) rebaixou a recomendação para as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) e reduziu substancialmente o preço-alvo devido, principalmente, ao spin-off do Éxito, bem como das significativas revisões baixistas dos lucros nas operações brasileiras da companhia.
O Santander rebaixou a recomendação para as ações ordinárias do Pão de Açúcar para “manutenção”, com preço-alvo a R$ 5,70 (2024E), substituindo o preço alvo-anterior de R$ 35,00 (2022E).
Cotação PCAR3
“A redução substancial do preço-alvo decorre principalmente do spin-off do Éxito, bem como das significativas revisões baixistas dos lucros nas operações brasileiras do GPA. Com as altas despesas financeiras sobrepondo o potencial aumento da lucratividade da empresa, esperamos que o lucro líquido do GPA permaneça negativo nos próximos anos”, destacaram os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo.
Ainda de acordo com a instituição, na sua nova fase, após o spin-off, o Pão de Açúcar está passando por um turnaround operacional, visando melhorar a disponibilidade de produtos e serviços, e começou a apresentar alguns sinais positivos, com alguma recuperação de vendas mesmas lojas (SSS) durante o primeiro semestre de 2023.
“No entanto, notamos que a rentabilidade abaixo do ideal da empresa e os resultados financeiros pressionados devido à elevada alavancagem financeira deverão continuar pesando sobre as ações no curto prazo“, disse o Santander.
Apesar disso, o banco classificou o GPA como pioneiro na oferta de produtos private label (PL), ocupando a primeira posição entre os varejistas de alimentos sob a cobertura do Santander em termos de penetração de PL.
“A empresa oferece um amplo sortimento de produtos e marcas PL, como Qualitá, Taeq e Club des Sommeliers. Consequentemente, em termos de desenvolvimento de PL, classificamos o GPA na transição entre os estágios 2-3, com um portfólio de marcas desenvolvido, atendendo a diversas categorias e ocasiões”, explicou.
GPA: atualização de estimativas
No texto, os analistas atualizaram ainda as estimativas para incorporar os resultados da companhia divulgados recentemente, as novas projeções macro do banco e a nova estrutura do GPA, agora composta apenas por suas operações no Brasil, após o spin-off.
De acordo com as novas estimativas do Santander, as receitas caíram 16%, em média, em 2023-25E, principalmente devido à recuperação das vendas mais lenta do que o esperado durante 2022.
O banco também está reduzindo significativamente a previsão de margem bruta em 317 basis points, em média, para o mesmo período, pois viu uma pressão na margem bruta maior que o esperado no primeiro semestre de 2023. A margem EBITDA caiu 170 basis points no mesmo período.
“Por fim, estamos reduzindo materialmente nossas estimativas de lucro líquido, devido à alta alavancagem da empresa e às altas despesas financeiras, juntamente com estimativas de EBITDA mais baixas”, afirmou o Santander.
Normalização da inflação alimentar pode ajudar no crescimento do Assaí, diz Santander
No mesmo relatório, o Santander disse que continua “construtivo” em relação à história do Assaí, devido ao seu valuation razoável, mesmo após as reduções substanciais de estimativas feitas pelo banco, decorrentes de ventos contrários ao crescimento da receita em meio a um ambiente cada vez mais competitivo.
“Embora não esperemos grandes melhorias operacionais no curto prazo, acreditamos que a combinação da normalização da inflação alimentar e da queda das taxas de juros poderia ajudar os lucros da empresa e crescimento do fluxo de caixa ao longo de 2024 e nos anos subsequentes”, ressaltaram os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo.
O Santander manteve a recomendação para as ações ordinárias do Assaí para “compra”, mas reduziu o preço-alvo de R$ 19,00 (2023E) para R$ 18,00 (2024E).
Ainda no texto, o banco manteve inalterado o fraco crescimento previsto de vendas mesmas lojas (SSS) no segundo semestre de 2023 em cerca de 1% a/a. Além disso, dado um mercado de varejo alimentar aparentemente em desaceleração, o Santander adotou pressupostos mais ‘conservadores’ sobre a expansão da margem EBITDA.
“Ao todo, estamos reduzindo em 14% nossa estimativa de lucro líquido para 2024, destacando que já excluímos desses números os benefícios fiscais. Com isso, continuamos 17% abaixo do consenso e acreditamos que poderemos ver revisões baixistas, à medida que o consenso incorpora o cenário de exclusão de subsídios fiscais que ajudam a reduzir o imposto sobre o rendimento num futuro próximo”.
Por fim, o Santander reconhece que os varejistas alimentares continuam atualmente em desvantagem, dadas as expectativas do mercado de uma recuperação mais rápida do consumo discricionário, mas acredita que a ação do Assaí poderá apresentar uma recuperação no próximo ano, ajudada pelo comparativo fácil a partir do quarto trimestre de 2023.
Pão de Açúcar (PCAR3) anuncia venda milionária de ativo no Rio de Janeiro em plano de redução de dívida
O Grupo Pão de Açúcar anunciou no início do mês por meio de fato relevante a venda de um ativo na capital do Rio de Janeiro.
A venda do Pão de Açúcar é de um imóvel onde funcionava uma unidade do Extra na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Segundo nota do Grupo, a operação de alienação do imóvel vai render aos cofres da varejista um total de R$ 247 milhões.
“Com a conclusão das condições previstas em contrato, o valor da transação será integralmente pago pelo comprador durante o 3º trimestre de 2023”, explica o Pão de Açúcar.
“Além da entrada de caixa, proveniente da venda da unidade onde funcionava a unidade do Extra no Rio, a alienação evitará, aproximadamente, R$ 9 milhões anuais com despesas de manutenção atreladas ao imóvel que se encontra inativo desde outubro de 2022″, acrescenta o texto arquivado na Comissão de Valores mobiliários (CVM).
Segundo o Pão de Açúcar, a “operação faz parte do plano de redução da alavancagem financeira da companhia ao longo de 2023 e 2024, contribuindo para a redução da dívida líquida e reforço da sua estrutura de capital“.
No plano de redução da alavancagem do Pão de Açúcar, a companhia espera:
- concluir a venda de outros ativos não core;
- melhorias operacionais que resultarão na meta de margem Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustada de 8% a 9% em 2024, conforme projeção divulgada por
meio de fato relevante em 07 de dezembro de 2022; - e a venda da sua participação remanescente no Grupo Éxito.