José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem, é preso em NY
José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem (BRKM6), foi preso na última terça (19), no Aeroporto JFK, em Nova Iork, sob acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e pagamento de propinas.
O ex-executivo da Braskem foi detido assim que pisou em solo norte-americano, com sua esposa, após oito meses da conclusão das denúncias, segundo o Departamento de Justiça (DoJ) estadunidense.
Segundo o DoJ, o processo foi mantido em segredo de justiça até que Grubisich fosse preso nos Estados Unidos. Segundo a organização, o brasileiro está envolvido no direcionamento de US$ 250 milhões (R$ 1,05 bilhão na cotação atual) para um fundo com o objetivo de financiar atos de corrupção.
Os detalhes do processo foram divulgados por volta das 18h30 da última terça. De acordo com o DoJ, as investigações foram iniciadas em 2015 e se referem a transferências ilegais de recursos de 2002 a 2014. Parte das acusações envolvem a Odebrecht.
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A acusação salienta que, por mais que Grubusich tenha comandado a Braskem entre 2002 e 2008, tornou-se membro do Conselho de Administração da companhia até 2012. A partir disso, trabalhou por mais dois anos como consultou externo do Grupo Odebrecht.
Departamento de Justiça acusa ex-CEO da Braskem
Segundo o DoJ, o executivo foi preso pois o risco de fuga é alto. Grubisich é brasileiro, e o Brasil não possui acordo de extradição de cidadãos que estão sendo investigados em outros países. Em Nova Iork, ele está sendo defendido pelo advogado Daniel Stein, do escritório Meyer Brown. O escritório Toron, Torihara e Szafir Advogados, de São Paulo, também participa do caso.
Segundo o “O Estado de S.Paulo”, durante uma audiência ocorrida na última quarta-feira (20), Grubisich orientou a sua esposa a utilizar seus imóveis como garantia para uma eventual fiança. Além disso, o executivo a pediu que procurasse os advogados dos empresários Joesley e Wesley Batista, também presentes em casos de corrupção, para pedir ajuda.
Já na terça, o primeiro pedido de soltura sob fiança foi negado. Segundo o advogado Alberto Toron, que defende o executivo aqui no Brasil, a próxima deliberação sobre o processo será realizada entre esta quinta-feira (21) e a próxima segunda-feira (25).
O advogado afirma ter “estranhado” a operação nos EUA, uma vez que as acusações do DoJ são fundamentadas em fatos ocorridos no Brasil, onde o executivo não responde pelas acusações. A justificativa da organização, segundo ele, é que foram assinados livros que afetam a regulação da Securities and Exchange Comission (SEC), o órgão regulador do mercado financeiro norte-americano.
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O DoJ, por meio do documento processual, afirma que, na época em que Grubisich era CEO da petroquímica, “concordou em falsificar parte dos balanços e arquivos da Braskem para esconder o esquema de corrupção, tendo assinado documentos falsos que foram submetidos à SEC“.
Os detalhes do processo ainda mostram que, com o objetivo de esconder o destino das propinas, o executivo orientou a falsificação de balanços da Braskem, registrando os pagamentos de propinas a companhias de fachada controladas pela petroquímica como “comissões”.