PIB avança 0,9% no trimestre e acumula alta de 3,7% no primeiro semestre de 2023
O Produto Interno Bruto (PIB) registrou um crescimento de 0,9% no segundo semestre em comparação com o primeiro tri de 2023. Ao todo, os bens e serviços finais produzidos no Brasil somaram R$ 2,651 trilhões em valores correntes no trimestre (até junho). Os dados foram calculados pelo Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento do PIB no trimestre equivale ao oitavo dado positivo consecutivo do indicador na comparação. Ainda na comparação trimestral, a alta foi menor do que a observada no primeiro intervalo de 2023, de 1,8%.
Contabilizando todos estes fatores, o avanço anual no primeiro semestre chegou a 3,7%, com a atividade econômica do Brasil dando sinais de restabelecimento de +7,4% acima dos níveis pré-pandemia (4T19). Agora, o PIB apresenta seu ponto mais alto da série.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a alta do PIB “foi uma boa surpresa”. Campos Neto está em Washington (EUA) onde ocorre evento Lide Brazil Development Forum.
Para Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, os dados surpreenderam um pouco o mercado acima do esperado: “O crescimento esperado pelo mercado era de 0,3% veio 0,9%, claro muito abaixo do anterior que era 1,9%.” Além disso, Richetti destaca que a própria elevação do PIB em relação ao semestre anterior era esperada em 2,7%, com o resultado de 3,4% acima do esperado.
Serviços financeiros elevam o PIB
Segundo a coordenadora de Contas Nacionais, Rebeca Palis, a maior influência no resultado veio do crescimento no setor de serviços (0,6%), que responde por 70% da economia brasileira. “
“O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade”, destaca Palis.
O setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série.
Na análise do especialista da GT Capital, o principal destaque dos dados está no consumo das famílias, de +0,9%. “Esse crescimento se deu em virtude do aumento da Bolsa Família, do reajuste do salário mínimo, bem em linha com o cronograma atual do presidente, de uma parte mais assistencialista, então o consumo das famílias aumentou. E consequentemente, a área de serviços também voltou a performar positivamente, com 0,6%,” analisa Richetti.
Indústria no PIB
Além disso, a alta do segundo trimestre também reflete o desempenho positivo da indústria (0,9%).
As atividades industriais também se mantiveram em ascensão pelo segundo trimestre seguido, após a variação de -0,2% no último trimestre de 2022. A expansão do segundo trimestre é atrelada principalmente às áreas de:
- Indústrias extrativas (1,8%);
- Construção (0,7%);
- Atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,4%);
- Indústrias de transformação (0,3%).
O resultado positivo do PIB ainda indica uma desaceleração em relação aos trimestres anteriores, que vinham sendo puxados por um desempenho surpreendente do agronegócio.
“Na questão da agricultura, já era previsto essa desaceleração. A arroba do boi está muito baixa, assim como a negociação das commodities como soja e milho,” analisa o especialista da GT Capital. Richetti também ressalta que a entrada da safra americana prejudica o mercado brasileiro em termos de competitividade.
Projeções para os próximos índices
“O ponto que eu chamo atenção aqui também é que com essa queda que já era esperada no crescimento do Brasil via PIB, o mercado ficará atento em relação ao debate fiscal agora, principalmente referente aos gastos públicos”, pontua Richetti. O especialista traz à tona a nova MP dos fundos exclusivos e offshores, contrapondo que, apesar de aumentar a arrecadação, não propôs nada sobre cortes na máquina pública, o que deixa o mercado insatisfeito.
“Acredito que teremos sim uma pressão maior nessa linha do governo se posicionar. Não adianta aumentar a arrecadação via impostos sem haver o corte destes gastos, então isso vai gerar uma pressão muito grande a partir de agora, esse também é um principal ponto a ser levantado depois da divulgação desses resultados [do PIB]”, conclui o especialista.